por Luiz Carlos Costa
Ao longo do século 20, o presidencialismo latino-americano sempre apresentou uma disfuncionalidade institucional, devido à impossibilidade de antecipar eleições presidenciais quando havia uma aguda crise política e o presidente não tinha mais maioria parlamentar para governar o país. No quadro de uma recessão econômica mais profunda, com conflito agrário , insatisfação social urbana, num ambiente de polarização política e enorme radicalização ideológica, havia tanto a falta de consenso sobre as medidas a serem aprovadas como de maioria parlamentar estável para o presidente terminar o mandato.
Nesse tipo de situação, ao contrariar interesses, um presidente não conseguia implementar medidas para melhorias sociais e terminava derrubado do poder. Atualmente, o impeachment pode ser tentado, por enorme pressão da mídia, para remover o presidente que ficou politicamente isolado por causa de uma grave crise política. Este pretexto pode tornar o impeachment uma arma política para promover mudanças de governo no Brasil.
Se no parlamentarismo o primeiro-ministro pode cair por moção de desconfiança da maioria absoluta, o presidencialismo latino-americano pode abrir o precedente de que o presidente pode cair por impeachment, por maioria qualificada de dois terços, se a oposição conseguir aglutinar essa força para promover uma mudança de governo. Tornar-se-á necessário repensar as instituições democráticas do presidencialismo se tal fato for tentado em nosso país em 2015.
terça-feira, 30 de dezembro de 2014
quarta-feira, 17 de dezembro de 2014
Viva Cuba Libre
por Afonso Hipólito
Ontem, durante todo o dia, recebi mensagens de muitas pessoas sugerindo que eu assistisse um programa a respeito de Cuba que seria exibido pela Tv Globo à noite.
Entrei no 'site' da emissora e vi que se tratava de um programa que mostra a profissão de repórteres a partir de trabalhos feitos por jovens profissionais capitaneados por um experimente.
O programa não prometia exatamente Cuba como tema central. Falaria da crise iniciada na ilha com o fim da União Soviética e que teve seu auge entre 1994 e 1996.
A proposta do programa era mostrar como estão os cubanos que emigraram para os Estados Unidos e como estão os familiares que ficaram na ilha.
O programa falou rapidamente dos cubanos que sequestraram uma balsa em Havana no ano de 1994 para emigrarem para os Estados Unidos dando origem à uma série de casos semelhantes dispersos entre os dois anos que citei, e mais rápido e vagamente ainda falaram da decisão imediata do governo após o primeiro episódio de não mais exigir tanto dos cidadãos que quisessem deixar o país (as exigências eram que para sair o fizessem com segurança, destino e objetivos certos dentro da legalidade, o que ficava complicado se pensarmos que o destino mais desejado entre os que queriam sair era os Estados Unidos, ou seja, um país que nunca daria um visto mas que não se furtaria a recebê-los, obrigando os mesmos a se arriscarem com a torcida intensa dos dirigentes americanos para que morressem e a tragédia pudesse ser mostrada no mundo inteiro como consequência do regime liderado por Fidel Castro).
A partir daí mostraram a vida dos que saíram de Cuba, suas conquistas materiais nos Estados Unidos e como estão seus familiares na ilha, com destaque para a filha de um imigrante que hoje é bailarina e vive feliz em Cuba e um sujeito chamado Eduardo, que tentara sair com os primeiros e que hoje vive infeliz jurando tentar sair até morrer; neste momento o repórter fala da vigilância da polícia sobre Eduardo, só "esquece" de dizer que o mesmo é vigiado para que não saia de forma arriscada e morra no mar. Aí alguém pode perguntar: se Eduardo pode sair por que não sai?
Eduardo é um caso conhecido em Cuba. Está entre os muitos que não quiseram ir para a universidade e dos poucos que não abraçaram o que tiraria Cuba da crise extrema a partir de 1996: o turismo.
Agora se pergunte, se a vida em Cuba é tão ruim, como o programa tentou mostrar, por que entrevistaram apenas um insatisfeito? Aí alguém pode responder que a repressão não deixou; mas aí eu terei que perguntar: com tantos supostos insatisfeitos anônimos em Cuba a equipe de reportagem conseguiu autorização para entrevistar apenas um e justamente um caso emblemático? Nem uma coisa nem outra. Não há milhares de insatisfeitos em Cuba e não houve necessidade de uma autorização especial para entrevistar o improdutivo Eduardo.
Seguindo com o programa, sem querer a reportagem passou uma mensagem positiva ao dizer que um carro custa quase dez vezes mais do que no Brasil e um pote de sorvete apenas alguns centavos. Mas é claro que- certamente- os que viram como uma mensagem positiva fazem parte de uma minoria.
O programa poderia, se quisesse ter prestado o serviço decente que o bom jornalismo o faz à sociedade, ter perguntado ao telespectador: qual a razão dos Estados Unidos ter imposto tantas ações desumanas contra Cuba desde a revolução se tinha certeza que a mesma daria errado?
A verdade é que a maioria da população cubana é feliz, ama Cuba e tem respeito e admiração infindáveis pelos lideres revolucionários, principalmente Fidel.
O programa poderia ter mostrado a imensa riqueza cultural de Cuba; poderia ter falado de ícones como José Martí; teria sido de aplaudir se tivessem mostrado a relação de amor e carinho extremos de muitos dos maiores nomes da cultura e da política mundial do século passado com o país, como Nelson Mandela e Gabriel García Márquez, que fundou a mundialmente conhecida e elogiada EICTV (Escuela Internacional de Cine y TV); poderia ter mostrado a alegria contagiante de um povo que bebe, canta e dança pelos bares e restaurantes alegres de Havana; deveria ter mostrado a deslumbrante Varadero e tantas outras belezas naturais de um país que não foi oprimido pelo regime liderado por um de seus mais nobres filhos, e sim pela estupidez de um gigante covarde.
Boa vontade para pesquisar, inteligência para interpretar, consciência e, se possível, alguns dias- ao menos- em Cuba conhecendo e conversando com as pessoas que formam um país cuja a maioria da população não é composta de Eduardos, faz qualquer um entender que Fidel não fechou Cuba para o mundo. Fidel apenas protegeu seu país de uma forma que as ações desumanas dos Estados Unidos o obrigou a fazer, e o fez como um pai que não tem condições de comprar os brinquedos da moda para os filhos e por isso não os leva para um passeio na maior loja de brinquedos da cidade.
E pra finalizar; três coisas que os brasileiros deveriam ter acesso irrestrito por terem como direitos garantidos pela Constituição e não tem os cidadãos cubanos tem: educação, saúde e segurança.
Viva Cuba Libre
Foto: Afonso Hipólito
Ontem, durante todo o dia, recebi mensagens de muitas pessoas sugerindo que eu assistisse um programa a respeito de Cuba que seria exibido pela Tv Globo à noite.
Entrei no 'site' da emissora e vi que se tratava de um programa que mostra a profissão de repórteres a partir de trabalhos feitos por jovens profissionais capitaneados por um experimente.
O programa não prometia exatamente Cuba como tema central. Falaria da crise iniciada na ilha com o fim da União Soviética e que teve seu auge entre 1994 e 1996.
A proposta do programa era mostrar como estão os cubanos que emigraram para os Estados Unidos e como estão os familiares que ficaram na ilha.
O programa falou rapidamente dos cubanos que sequestraram uma balsa em Havana no ano de 1994 para emigrarem para os Estados Unidos dando origem à uma série de casos semelhantes dispersos entre os dois anos que citei, e mais rápido e vagamente ainda falaram da decisão imediata do governo após o primeiro episódio de não mais exigir tanto dos cidadãos que quisessem deixar o país (as exigências eram que para sair o fizessem com segurança, destino e objetivos certos dentro da legalidade, o que ficava complicado se pensarmos que o destino mais desejado entre os que queriam sair era os Estados Unidos, ou seja, um país que nunca daria um visto mas que não se furtaria a recebê-los, obrigando os mesmos a se arriscarem com a torcida intensa dos dirigentes americanos para que morressem e a tragédia pudesse ser mostrada no mundo inteiro como consequência do regime liderado por Fidel Castro).
A partir daí mostraram a vida dos que saíram de Cuba, suas conquistas materiais nos Estados Unidos e como estão seus familiares na ilha, com destaque para a filha de um imigrante que hoje é bailarina e vive feliz em Cuba e um sujeito chamado Eduardo, que tentara sair com os primeiros e que hoje vive infeliz jurando tentar sair até morrer; neste momento o repórter fala da vigilância da polícia sobre Eduardo, só "esquece" de dizer que o mesmo é vigiado para que não saia de forma arriscada e morra no mar. Aí alguém pode perguntar: se Eduardo pode sair por que não sai?
Eduardo é um caso conhecido em Cuba. Está entre os muitos que não quiseram ir para a universidade e dos poucos que não abraçaram o que tiraria Cuba da crise extrema a partir de 1996: o turismo.
Agora se pergunte, se a vida em Cuba é tão ruim, como o programa tentou mostrar, por que entrevistaram apenas um insatisfeito? Aí alguém pode responder que a repressão não deixou; mas aí eu terei que perguntar: com tantos supostos insatisfeitos anônimos em Cuba a equipe de reportagem conseguiu autorização para entrevistar apenas um e justamente um caso emblemático? Nem uma coisa nem outra. Não há milhares de insatisfeitos em Cuba e não houve necessidade de uma autorização especial para entrevistar o improdutivo Eduardo.
Seguindo com o programa, sem querer a reportagem passou uma mensagem positiva ao dizer que um carro custa quase dez vezes mais do que no Brasil e um pote de sorvete apenas alguns centavos. Mas é claro que- certamente- os que viram como uma mensagem positiva fazem parte de uma minoria.
O programa poderia, se quisesse ter prestado o serviço decente que o bom jornalismo o faz à sociedade, ter perguntado ao telespectador: qual a razão dos Estados Unidos ter imposto tantas ações desumanas contra Cuba desde a revolução se tinha certeza que a mesma daria errado?
A verdade é que a maioria da população cubana é feliz, ama Cuba e tem respeito e admiração infindáveis pelos lideres revolucionários, principalmente Fidel.
O programa poderia ter mostrado a imensa riqueza cultural de Cuba; poderia ter falado de ícones como José Martí; teria sido de aplaudir se tivessem mostrado a relação de amor e carinho extremos de muitos dos maiores nomes da cultura e da política mundial do século passado com o país, como Nelson Mandela e Gabriel García Márquez, que fundou a mundialmente conhecida e elogiada EICTV (Escuela Internacional de Cine y TV); poderia ter mostrado a alegria contagiante de um povo que bebe, canta e dança pelos bares e restaurantes alegres de Havana; deveria ter mostrado a deslumbrante Varadero e tantas outras belezas naturais de um país que não foi oprimido pelo regime liderado por um de seus mais nobres filhos, e sim pela estupidez de um gigante covarde.
Boa vontade para pesquisar, inteligência para interpretar, consciência e, se possível, alguns dias- ao menos- em Cuba conhecendo e conversando com as pessoas que formam um país cuja a maioria da população não é composta de Eduardos, faz qualquer um entender que Fidel não fechou Cuba para o mundo. Fidel apenas protegeu seu país de uma forma que as ações desumanas dos Estados Unidos o obrigou a fazer, e o fez como um pai que não tem condições de comprar os brinquedos da moda para os filhos e por isso não os leva para um passeio na maior loja de brinquedos da cidade.
E pra finalizar; três coisas que os brasileiros deveriam ter acesso irrestrito por terem como direitos garantidos pela Constituição e não tem os cidadãos cubanos tem: educação, saúde e segurança.
Viva Cuba Libre
Foto: Afonso Hipólito
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Profissão Repórter Cuba Globo
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