Blog I'unitá Brasil

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quinta-feira, 16 de junho de 2011

Decisão da prefeitura de Vila Velha revolta população da Barra do Jucu

Por Pedro Maia


Uma determinação municipal que pretende transferir moradores da Barra do Jucu,em Vila Velha,para a região da Lagoa de Jabaeté,situada no mesmo município,está colocando em polvorosa a comunidade que ocupa as margens do Canal do Congo,onde,há mais de 20 anos,contruiu suas casas,na época  com a permissão da própria municipalidade.
Ali residem cerca de 100 famílias que,com muito sacrifício,ergueram suas moradias,formando o conhecido Beco do Siri que,atualmente,está totalmente integrado à comunidade.
A maioria dos moradores do Beco do Siri trabalha no Balneário da Barra do Jucu,formando forte contingente de mão de obra.
Eles reclamam que as casas populares do bairro Lagoa de Jabaeté são pequenas para abrigar suas famílias,além de se tratar de região inóspita,sem nenhuma infraestrutura de sanemaneto básico e muito distante de seus empregos,com transporte coletivo deficiente e sem nenhuma segurança para os moradores,que são obrigados a sair de madrugada e voltar ao anoitecer.
Por essas e outras razões,o pessoal do Beco do Siri  se manifestou ontem na Rodovia do Sol para chamar a atenção do povo e das autoridades para as arbitrariedades que contra eles estão sendo praticadas.
Segundo esses moradores,o aviso da remoção veio sem nehum levantamento prévio das posses de cada um para a devida indenização,como seria o certo,além de terem recebido do próprio prefeito,já conhecido por não cumprir suas promessas,a promessa de que esse assunto só seria discutido em setembro,depois de reuniões com a comunidade e lideranças políticas locais.
O certo é que,para os que acompanharam de perto os esforços dessas famílias,que hoje residem às margens do Canal do Congo,fica difícil aceitar essa remoção inusitada,com base na "necessidade urgente" de obras a serem executadas no leito do antigo Rio Congo onde,há mais de meio século foi construído esse canal.
A ocupação da região teve início nos anos 90 do século passado,depois que uma enchente deixou milhares de desabrigados na Grande Barra do Jucu.
Foi então que a minicipalidade,sem nenhuma preocupação quanto aos problemas futuros,autorizou a ocupação de ambas as margens do canal nesse percurso que,mais tarde,ficaria conhecido por Beco do Siri.
No princípio foram muitas as dificuldades,inclusive com a vinda de marginais e desocupados das invasões situadas do outro lado da Rodovia do Sol.
Porém,pouco a pouco,as coisas foram mudando e as famílias que ali se instalaram se incubiram de dar imagem decente ao que antes serviu de esconderijo para a bandidagem e abrigo para traficantes e assaltantes.
Não foi trabalho fácil,mas com a criação do Centro Comunitário da Barra II,trazendo nova mentalidade para os moradores,as coisas foram mudando,incentivando a construção de casas decentes e confortáveis.
Pois agora,após todos esses anos de sacrfício,as autoridades pretendem transferi-los de lá para local distante,sem condições de sobrevivência digna e saudável,em nome de obras no tal do Canal do Congo.
Muito mais prático seria tirar o canal dali,já que ele de pouco serve à comunidade,a não ser como esgoto ao ar livre e depósito de lixo para moradores relapsos.
Que tal tubular o canal?     

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Testemunhas do caso Cassaro acusadas de falso testemunho

Por Diana De Marchi


O julgamento dos acusados envolvidos no assassinato do ex-prefeito de São Gabriel da Palha, Anastácio Cassaro, há 25 anos, prosseguiu na tarde da última quarta-feira (08). Foram ouvidas quatro testemunhas de defesa, sendo que duas indignaram a família da vítima: eles acusam de terem prestado falso testemunho.
Prestaram depoimento o vice-prefeito de Vila Valério, Paulo Alves, o agricultor Erildo Canal, Hélio Gualberto e Jair Ferreira da Fonseca. O julgamento do crime começou em março, quando Carlos Smith Frota foi condenado a 15 anos de reclusão em regime fechado por participação no assassinato. Nesta segunda etapa do julgamento, iniciada na última terça-feira (07), são réus Edvaldo Lopes de Vargas, Fernando de Martins, Luiz Carlos Darós e Jorge Antônio Costa.

De testemunhas, Erildo Canal e Paulo Alves passam a ser investigados por terem, supostamente mentindo no depoimento. No caso de Erildo, que seria testemunha de defesa de Edvaldo Lopes, ao depor na tarde de quarta (08), não mencionou réu em momento algum. E ainda teria dado uma versão diferente a que deu na época do crime.

Apesar de ter sido condenado na primeira etapa do julgamento (em março), Carlos Frota está em liberdade, porque recorreu da sentença. Para a filha de Anastácio Cassaro, Sandra Cassaro, a defesa dos outros acusados estão usando o julgamento de Frota como estratégia para livrar seus clientes da condenação. A opinião de Sandra não é em vão. Isso porque, além de não mencionar Edvaldo no depoimento que busca a absolvição, Erildo ainda disse que esteve com Frota na noite do crime. Informação jamais dada por ele, até esta quarta.
Já Paulo Alves disse ter estado com Frota em Vila Valério às 20H30 no dia do crime. Informação que, na opinião da filha da vítima foi montada a partir do depoimento de Frota, há quase dois meses. "Eles foram treinados, pois estavam muito nervosos no momento do depoimento. O que eles querem é tentar tirar o Carlos Smith Frota, que já foi condenado da cena do crime. Mas, foram reconhecidos pela Jaciara Carvalho, que também foi testemunha e viu o Frota no dia do crime três vezes, pois ele mexeu com ela na rua", disse Sandra.

Os dois passam a responder pela suposta mentira prestada em júri, serão investigados e pagarão multa. Só não foram direto para a prisão para não tumultuar o julgamento. O julgamento do crime pode durar até o fim desta semana. O assassinato de Cassaro aconteceu em três de abril de 1986, quando a vítima estava em Vitória. Ele foi morto com dois tiros de revólver, disparados pelas costas e na cabeça.
No processo, figurava como mandante o vice-prefeito Firmino de Martins. No entanto, teve decretada a extinção da punibilidade pelo crime na Justiça. A decisão do juiz Marcelo Soares Cunha levou em conta a prescrição do delito em função de Firmino ter completado mais de 70 anos. A extinção da punibilidade do então vice-prefeito foi mais um capítulo da morosidade da Justiça.

Cesare Battisti está livre

Como era de se esperar, depois da interminável arenga do relator Gilmar Mendes, a mesma maioria de 6 votos a 3 que havia rejeitado a reclamação italiana decidiu pela imediata expedição do alvará de soltura do escritor Cesare Battisti.

 

Por Celso Lugaretti


A derrota foi muito mal digerida por Mendes, que dirigiu apartes azedos contra a decisão dos colegas; e pelo presidente Cezar Peluso, que lançou uma furibunda catalinária contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, antes de proclamar, muito a contragosto, o resultado: no que depender do STF, Battisti está liberado.

Foi uma extraordinária vitória contra os reacionários de dois continentes e contra a formidável máquina de propaganda acionada para o sacrifício ritual de um símbolo vivo dos ideais de 1968.

Durante todos estes anos, sempre soube que era a vida de Battisti que estava em jogo. Não duvidei por um momento sequer de que ele cumprisse o que me segredou: se ordenada a extradição, preferiria suicidar-se a servir de troféu para os fascistas italianos.

Percebíamos que isto jamais deveria ser tornado público antes do desfecho do caso, para que os inimigos não nos acusassem de chantagem emocional. Mas, é um fardo terrível para se carregar: a consciência de que dos nossos erros e acertos depende a vida de um companheiro.

Então, o que mais sinto neste instante é alívio. E uma imensa euforia por saber que Battisti está livre do pesadelo dessa vendetta tardia, muito mais difícil de suportar para quem deixou a dura militância para trás e construiu uma nova identidade.

Comecei a formar uma consciência política com a leitura de A tragédia de Sacco e Vanzetti, de Howard Fast, retirado meio por acaso da biblioteca circulante da Mooca, quando eu tinha 13 ou 14 anos.

Parece incrível que, na outra ponta da vida, tenha surgido uma oportunidade de eu contribuir para que um também injustiçado, também italiano, não sofresse martírio semelhante. E que nós tenhamos obtido êxito onde tantos e tão valorosos, alhures, não conseguiram. Tirem o chapéu: o Brasil se negou a entregar o bode expiatório que o 1º mundo exigia!


Linchadores de Battisti goleados

Depois que o Supremo Tribunal Federal decidiu não levar em conta a reclamação da Itália contra a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se negou a extraditar Cesare Battisti, o relator Gilmar Mendes impôs a todos o penoso dever de ouvir seu longo e tedioso parecer, colcha de retalhos de tecnicalices e falácias, colocando em questão exatamente aquilo que já havia sido votado.

Depois de encerrada sua inútil peroração – não conseguirá vencer seus colegas pelo cansaço nem os vai iludir com seus contorcionismos jurídicos –, o plenário do STF resolverá a única questão ainda pendente: quando e como será libertado o escritor.

As figurinhas carimbadas Cezar Peluso e Gilmar Mendes só conseguiram atrair Ellen Gracie para sua posição inquisitorial. A postura legalista é assumida por Carlos Ayres Britto, Cármen Lúcia, Joaquim Barbosa, Luiz Fux, Marco Aurélio Mello e Ricardo Lewandowski.

Hoje eu sinto orgulho de ser brasileiro.

* Celso Lugaretti é jornalista, escritor e blogueiro