Por Afonso Hipólito
Semana passada estive num congresso promovido por uma instituição de ensino em parceria com duas fundações , todas ligadas ao setor industrial .
Sentei - me para assistir a abertura bem próximo a um grupo de professores de uma cidade do norte do Espírito Santo .
Dois jovens apresentaram um diretor de uma das fundações envolvidas e uma diretora da instituição de ensino . O diretor foi sucinto em suas boas vindas aos presentes , já a diretora se estendeu um pouco , cometendo deslizes , como chamar a atenção dos professores para que tenham mais traquejo com " alunos perturbados " .
Após as palavras da equivocada diretora , ou , das palavras equivocadas da diretora , um artista declamou palavras atribuídas a William Shakespeare durante uma performance .
No decorrer das apresentações , das boas vindas e da performance do artista , o que se viu foi a maioria dos presentes mexendo em celular , falando ao aparelho , conversando uns com os outros , enfim , desrespeitando a organização do evento e , principalmente , infelizmente , a própria classe , que apesar - e além - deles tem profissionais que buscam conhecimento porque entendem que , conhecimento adquirido culmina em bom desempenho das funções , o que reverbera em melhor remuneração ou , na pior das hipóteses , na digna situação de ter o real direito de reivindicar melhorias .
O primeiro palestrante ( Hamilton Werneck ) foi apresentado e começou sua fala , inicialmente com a tenção dos presentes e uma esperança de que a ordem seria mantida , ledo engano . A falta de respeito voltou , com gente falando num quase gritar ao maldito celular , gente saindo alegando " necessidade " de fumar e outros absurdos .
Em meio a primeira palestra um vídeo foi exibido sem apresentações e o silêncio tomou conta da platéia . O " homem " bradava no vídeo e todos estáticos , atentos . Ao fim , aplausos , aplausos , aplausos e mais aplausos . Cessadas as ovações o palestrante disse que não entendia a razão de se aplaudir os devaneios dito no vídeo e continuou sua palestra para a platéia desatenta , composta , como penso já ter dado a entender , quase por completo , por " educadores " .
" Ensinar é uma caridade " , logo , o educador é um caridoso . Mas não podemos esquecer que a caridade de ensinar é um ato que não depende só de querer , depende do saber , que depende de disposição para aprender , porque só ensina quem tem o que ensinar , coisas boas ou ruins . E quem não se interessa por coisas boas e tem a função de ensinar ensina o quê ?
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