Blog I'unitá Brasil

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sábado, 26 de dezembro de 2015

O que ocorreu no Rio de Janeiro com Chico Buarque nos dá, mais uma vez, uma ótima oportunidade de dar um golpe certeiro na burrice, comandante mor dos alienados que estão cada dia mais perigosos por falta de tratamento que, por piedade, os que se propõe à busca por conhecimento podem e devem oferecer.

por Luiz Carlos Azenha
O jovem que se referiu a Chico Buarque como “um merda”, durante um bate boca no Leblon, Rio de Janeiro, certamente não havia nascido quando comecei a trabalhar como repórter-mirim no Jornal da Cidade de Bauru, no interior de São Paulo, em 1972.
Guilherme Junqueira Motta Luiz não pôde testemunhar, portanto, como foi construída a fortuna de sua família, que hoje controla a Usina Açucareira Guaíra, na Fazenda Rosário, perto de Guaíra.
Pelo jeito que ele se referiu a Chico — um mérrrrrrda –, acho que posso dizer que temos em comum o sotaque do interior paulista.
Guilherme aparentemente apagou seus perfis no 'LinkedIn' e no 'Facebook', mas antes de fazer isso deu para medir qual foi a reação dele diante da repercussão do incidente.
Primeiro ele reproduziu um meme: http://assets.viomundo.com.br/…/uploa…/2015/12/guilherme.jpg. Depois, um link segundo o qual “Governo liberou, via Lei Rouanet, mais de 800 mil para namorada de Chico Buarque”.
Da última vez que olhei o texto tinha sido compartilhado 172 mil vezes. O que dá a vocês a dimensão de quantos são os analfabetos políticos por aí.
Eles imaginam que Dilma foi pessoalmente entregar a mala de dinheiro.
É uma obsessão dos antipetistas.
Seja através do Bolsa Família ou da Lei Rouanet, eles acreditam que os governos Lula e Dilma compraram apoio.
Como se eles próprios não decidissem seus votos a partir de interesses de classe.
As quatro vitórias eleitorais, portanto, não valem nada.
O que diz mais sobre eles do que sobre os que teriam sido “comprados”.
Revela incapacidade de aceitar que alguém possa pensar — e votar — diferente.
Se não concorda comigo, foi corrompido!
O incidente no Leblon é o passo seguinte: suprimir no grito aqueles com os quais não se concorda.
Milícias digitais já temos. Se a gente conhece um pouco da História, em seguida vão atacar sedes de partidos políticos…
Já aconteceu? Então estamos a caminho dos espancamentos, que precedem a eliminação física.
A não ser que os brucutus sejam isolados politicamente. O que já está acontecendo.
Um arma para fazer isso, acredito, é a informação.
Tenho um colega repórter que acha que Chico Buarque fez sua última obra relevante nos anos 70 e, depois, foi uma decadência só.
Não sei se está apenas reproduzindo o que leu nas redes sociais, é possível que sim. É jovem. Talvez não conheça a discografia de Chico, não tenha lido os livros dele.
O certo é que o antipetismo carrega uma dose tão grande de ódio de classe que bloqueia o raciocínio, impede a análise dos fatos como eles são e transforma teorias conspiratórias em “verdades absolutas”, de tanto que são repetidas.
Tipo filho do Lula = dono da Friboi. Não, o filho do Lula não é dono da Friboi!
Conheço Chico Buarque apenas da sala-de-espera de uma dentista que frequentamos no Leblon. Sei que ele nunca foi de família pobre. Tem uma longa carreira, mais de 50 anos de sucesso.
É filho de um intelectual que escreveu um livro seminal para entender o país, Raízes do Brasil. E não mudou de posição no espectro ideológico. Ele não se “tornou” de esquerda por oportunismo, depois que Lula assumiu o poder, em 2002.
Faz sentido, portanto, que ele tivesse decidido apoiar governos petistas por causa de dinheiro obtido através da Lei Rouanet? Só um analfabeto político pode acreditar que um artista tão bem sucedido precisa disso.
O que Chico Buarque faz é dar retorno. E, como a Lei Rouanet é basicamente um instrumento de mercado, é fácil encontrar quem banca os projetos dele. Para as empresas, é chique associar sua imagem a alguém respeitado em todo o mundo, que é garantia de casa cheia.
Mas, peraí, os antipetistas não se dizem liberais, que defendem o mercado?
O problema é que são desinformados. E nem se dignam a usar o 'Google'.
Poucos sabem, por exemplo, que a Lei Rouanet não foi inventada pelo PT: é de dezembro de 1991 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8313cons.htm)
Leva a assinatura do ministro da Justiça de Fernando Collor, o “comunista” Jarbas Passarinho, coronel reformado do Exército e quadro importante da ditadura militar (minha primeira entrevista na vida, como repórter de um jornal escolar, foi com Passarinho, quando ele era ministro da Educação do governo Médici).
Sim, há muita controvérsia sobre a Lei Rouanet, mas não, ELA NÃO FOI UMA INVENÇÃO DO PT.
Sobreviveu, com ajustes aqui e ali, aos governos Itamar Franco, aos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, aos dois de Lula e ao primeiro de Dilma Rousseff. Milhares de projetos foram aprovados ao longo destes 25 anos!
Numa década foram 10 mil, envolvendo quase R$ 5 bilhões em renúncia fiscal.
E é óbvio que nenhum presidente da República saiu por aí dando dinheiro: Dilma não “deu” 800 mil reais à namorada de Chico Buarque, assim como FHC não foi pegar pessoalmente 500 mil (http://economia.estadao.com.br/…/mercados,sabesp-justifica-…) reais nos cofres da Sabesp.
Aliás, se houve um caso controverso foi este, que os antipetistas fazem de conta desconhecer: uma empresa de economia mista, cujo controle é do estado de São Paulo, governado pelo tucano Geraldo Alckmin, abateu 500 mil reais do imposto de renda e os repassou ao instituto de FHC para uma série de projetos.
Aparentemente, cumpriu as regras.
É assim que funciona a Lei Rouanet: o dinheiro vem de pessoas físicas ou jurídicas, autorizadas a abater respectivamente 6% ou 4% do imposto de renda para financiar os projetos, que passam pelo crivo de um corpo técnico do Ministério da Cultura.
O Minc não aplica critério ideológico: analisa a viabilidade do projeto. Tanto que, se você se der ao trabalho de analisar as planilhas de projetos aprovados (está tudo no site do Ministério: http://www.cultura.gov.br/), vai encontrar de tudo.
Nós mesmos, aqui neste site, já protestamos pelo fato de que R$ 5,2 milhões foram captados para bancar uma temporada do Disney On Ice, em 2011! Em outro episódio que deu o que falar, por causa do preço salgado dos ingressos, uma empresa captou R$ 22,3 milhões para temporadas do Cirque Du Soleil em 2006.
O Ministério da Cultura se defendeu (http://www.cultura.gov.br/…/nota-de-esclarecimento-so…/10895), então, dizendo que a lei valia para todos e que as regras tinham sido cumpridas pela empresa proponente.
Será que o Guilherme Motta, obcecado pelo Chico Buarque, sabe que a bilionária Rede Globo pagou 81% da minissérie Serra Pelada (R$ 6,8 milhões) com recursos captados pela Lei Rouanet? Que em 2008 a Fundação Roberto Marinho já tinha colocado R$ 6,2 milhões no Museu do Futebol, em São Paulo, usando o mesmo caminho?
A Globo fez um bom negócio com requintes de crueldade: ocupou um espaço físico em um estádio municipal, o Pacaembu, abateu a grana do imposto de renda, “controlou” a História do futebol (não há referências à corrupção no Museu do Futebol da Globo) e associou seu nome ao esporte mais popular no país. Houve protestos dos que agora se levantam contra Chico Buarque?
Veja, clicando aqui:http://novosalic.cultura.gov.br/gerar…/gerarrelatorioreuniao, quem o governo Dilma “comprou” na última reunião da Comissão Nacional de Incentivo à Cultura, que tem gente especializada para tomar as decisões: o Catraca Livre, do Gilberto Dimenstein! Mais um petralha…por R$ 2.230.360,00.
Como os antipetistas não entendem ironia, que fique registrado: Dimenstein é crítico do PT.
Os antipetistas amaram disseminar este link (http://novosalic.cultura.gov.br/cidadao/dados-projeto…), sobre uma peça dirigida por Jô Soares em 2014, com financiamento de quase R$ 2 milhões via Lei Rouanet.
Era a “prova” para explicar uma suposta “mudança de lado”.
Por este raciocínio, Rita Lee e Cláudia Leite também estão no bolso de Dilma. Assim como… Fernando Henrique Cardoso.
Como explicar que o Instituto FHC foi autorizado a captar mais R$ 6,2 milhões pela Lei Rouanet, em 2014, para digitalizar seu acervo? Vai ver que é o motivo para FHC não ter comparecido às manifestações pró-impeachment.
Finalmente, é preciso deixar claro que o atual ministro da Cultura do governo Dilma, Juca Ferreira, acha que a Lei Rouanet, no formato atual, já deu o que tinha de dar: http://oglobo.globo.com/…/juca-ferreira-abre-fogo-contra-le…. É uma opinião razoavelmente disseminada:
Oitenta por cento do total renunciado vai para (os estados de) Rio e São Paulo. Sessenta por cento, para duas cidades (as capitais), e são sempre os mesmos (proponentes) que recebem: os que dão retorno de imagem às empresas. Não é culpa da empresa. Se criamos um mecanismo para isso, ele pode ser usado. Mas não é parceria público-privada. É outra coisa.
É o quê?
Esse dinheiro corresponde a 80% do que o governo federal tem para financiar atividades culturais no Brasil. Levando em consideração o que eu falei, me diga: é possível desenvolver política pública assim? A Rouanet dá a aparência de parceria público-privada, mas é a empresa decidindo onde vai aplicar o dinheiro, é a privatização de recursos públicos para construir imagens de empresas, algumas delas altamente lucrativas.
Provavelmente — é impossivel assegurar — o ministro estava se referindo entre outros ao Itaú Cultural (http://oglobo.globo.com/…/juca-ferreira-abre-fogo-contra-le…), que por vários anos liderou o abatimento de impostos via Lei Rouanet (entre 2010 e 2012, R$ 81 milhões).
Não haverá manifestação de antipetistas segunda-feira diante do bilionário Banco Itaú.
Eles jamais vão admitir que a Lei Rouanet é um mecanismo de mercado, “conservador”, pelo qual as empresas abatem impostos e investem na associação de sua imagem a este ou aquele projeto/artista.
Não é o governo Dilma, como não foi o de FHC, quem comanda o jogo. São as empresas, que privilegiam o que dá retorno: Holiday On Ice inclusive.
É um jeito muito mais barato de fazer marketing do que comprar anúncios de 30 segundos que custam 600 mil reais (tabela cheia) no Jornal Nacional.
Este é um debate rico e muito interessante, com diversos pontos-de-vista. Mas os antipetistas não estão interessados nele. Vão continuar recortando a realidade que lhes interessa e usando as pílulas de informação que alimentem o ódio contra Chico Buarque, Jô Soares ou quem lhes aparecer no caminho.
Nossa mídia rasteira não ajuda. Fulanizou a Lei Rouanet. Foca na Maria Bethânia, mas esquece o Itaú Cultural.
Fornece informações descontextualizadas aos analfabetos políticos, que formam uma espécie de exército da ignorância digital. É uma batalha de informação desigual, mas que precisa ser travada.

sábado, 12 de dezembro de 2015

Jornalão prefere ressaltar responsabilidade de Delcídio em vez de FHC e pega leve com os “escândalos dentro do escândalo”. Mesmo assim, a origem da corrupção na estatal começa a ser revelada

Por Helena Sthephanowitz, para a RBA
Assim que o senador Delcídio Amaral (PT-MS) foi preso, no âmbito da operação Lava Jato, nós noticiamos aqui que seus diálogos gravados provavam que havia um “petrolão tucano” em plena operação durante o governo FHC e que o esquema foi transposto para a diretoria internacional após 2003, para onde o ex-diretor Nestor Cerveró e outros gerentes foram deslocados. Mostramos as negociações suspeitas com a Alstom e o relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) de 2014 que apontou um negócio ruinoso para Petrobras em três termelétricas contratadas por Delcídio e Cerveró no governo FHC.
Pois hoje (10), onze dias depois, o jornal Folha de S. Paulo “descobre” a notícia e publica “Usinas da gestão Delcídio deram mais prejuízo que compra de Pasadena”.
Primeira coisa: por que o jornal insiste em não informar corretamente o leitor? É muito mais apropriado dizer “Usinas da gestão FHC” em vez de “gestão Delcídio”. São as chamadas “tucanices da Folha”.
Mas vamos ao mais importante: faltou ao jornal contextualizar a denúncia corretamente. O buraco é muito mais embaixo, como veremos a seguir.
O escândalo das termelétricas não é apenas ter dado prejuízo, o que pode ocorrer com qualquer negócio de risco. Escandalosos são os termos do contrato “de mãe para filho” que a Petrobras assinou com os sócios Enron, El Paso e MPX que levaram a este prejuízo anunciado.
Outro escândalo dentro do escândalo é o TCU ter sido tão bonzinho a ponto de detalhar didaticamente o quanto os contratos eram absurdos e lesivos à Petrobras, e mesmo assim isentar de culpa, não só Delcídio e Cerveró como diz a Folha, mas boa parte da diretoria da Petrobras no governo FHC envolvida naquela contratação.
Para ilustrar o que foi o contrato, imagine que Silva negocie com Smith para abrir uma padaria:
- Smith, cada um entra com metade do dinheiro, montamos a padaria e dividimos os lucros, está bem?
- Silva, se o negócio for um sucesso, ok, dividimos os lucros. Mas se vender poucos pãezinhos e der prejuízo, você me paga todo o dinheiro que investi na padaria. Quero tudo de volta em cinco anos e com taxa de juros de 12% ao ano sobre o que eu investi. Se depois de cinco anos continuar dando prejuízo você vai continuar me pagando para ser seu sócio. Tudo bem?
É de se imaginar que Silva não aceite os termos do negócio como quer Smith, já que fica claro que este último só quer pensar em lucrar e pouco se importaria com eventuais prejuízos de Silva.
Agora troque o Silva pela Petrobras, o Smith pela Enron (ou a El Paso, ou a MPX) e a padaria pelas termelétricas. Só que em vez de mandar as gigantes norte-americanas “se catarem”, a Petrobras de FHC disse “negócio fechado”.
É aí que mora o escândalo.
Que fica maior com o relatório do TCU, que descreve com todas as letras o absurdo dos contratos. Abre aspas:
Mesmo com toda a volatilidade do preço da energia no mercado ‘spot’, ainda que se considerasse aceitável que a Petrobras assumisse sozinha todo esse risco, não parece razoável aceitar que ela amortizasse todo o investimento privado em 5 (cinco) anos, com a remuneração deste capital a 12 % ao ano.
Ora, na medida em que o investimento feito pelo investidor privado era ressarcido pela Petrobras, independentemente do sucesso ou não do negócio, como dizer que este investidor assumiu o risco do investimento do negócio?
(…)
Ressalto que parte da construção das usinas foi financiada pelo BNDES, por meio do Programa de Apoio Financeiro a Investimentos Prioritário no Setor Elétrico, o qual dispunha dentre outras vantagens, taxas de juros reduzidas em relação aos financiamentos convencionais. Ou seja, os investidores privados receberam empréstimos a juros subsidiados pelo Governo Federal e recebeu da Petrobras a remuneração deste capital a um juro de 12 %, um juro de mercado sem assumir qualquer risco já que a Petrobras avocou para si todos os riscos do empreendimento, tendo despendido R$ 2,28 bilhões a título de contribuição de contingência (Peça 37, p.7).
Ora, se a Petrobras poderia obter recursos junto ao BNDES a taxas inferiores, não se mostra razoável que ela tenha se comprometido a garantir remuneração do capital a 12% ao ano aos investidores privados, a título de alocação de capacidade. Assim, se é verdade o alegado nas razões de justificativa dos responsáveis, de que a formação dos consócios tenha levado à construção das termelétricas a custos mais baixos, esse ganho ficou exclusivamente para os investidores privados, que dessa forma chegaram ao cenário ideal para qualquer investidor: maior ganho, nenhum risco.
E não bastasse todo esse desequilíbrio na distribuição dos riscos, mesmo a Petrobras ressarcindo todo o capital investido pelos investidores privados em 5 (cinco) anos, a Petrobras, ao fazê-lo, não adquiria a propriedade das respectivas usinas merchant. A Petrobras teve que comprá-las em 2005 e 2006, de modo a interromper o pagamento das contribuições de contingências e os prejuízos decorrentes do seu pagamento.
(…)
O relatório alertou também que a amortização do capital dos investidores foi acelerada, na medida em que ocorreu em um prazo de sessenta meses, ao passo que, em outras usinas, como EPE – Cuiabá e Termonorte II, o período de amortização de capital fixo investido teria sido de 240 meses (TC 005.251/2007-0, principal, fl. 83, peça 3 do TC apenso).
Mesmo assim, o TCU “passou a mão na cabeça” dos responsáveis pelo contrato, aliviando todos de culpa:
Naquele momento da assinatura dos contratos, portanto, a indicação era de que os preços de energia no mercado ‘spot’ se manteriam elevados, não sendo razoável exigir que os responsáveis pudessem prever a mudança ocorrida.
Assim sendo, é razoável admitir que as circunstâncias políticas e as condições de mercado à época permitiram que a Petrobras assumisse riscos de forma desigual quando comparado com os investidores privados.
Dessa forma, ainda que tenha faltado prudência por parte dos administradores da Petrobras, os gestores devem ser eximidos de responsabilidade por não ser razoável exigir-lhes que, com as circunstâncias favoráveis de mercado, descumprissem os compromissos políticos e sociais que haviam assumido e desistissem da oportunidade de negócio que se apresentava. Fica demonstrada a inexigibilidade de conduta diversa por parte dos gestores da Petrobras, excluindo sua a culpabilidade.
Nota-se que o TCU torna-se parte do escândalo ao dizer que “não achou razoável exigir que os responsáveis pudessem prever a mudança ocorrida”. Pois o sócio privado previu com muita clareza a possibilidade de não haver lucro e o que aconteceria. Escreveu no contrato com todas as letras para os gestores da Petrobras lerem e assinarem. E isso ocorreu em três contratos com três sócios diferentes – Enron, El Paso e MPX.
Errar uma vez já seria absurdo. Errar três vezes é praticamente impossível em uma empresa do porte da Petrobras em um negócio bilionário destes, caracterizando decisão deliberada para favorecer o sócio privado às custas do prejuízo para a estatal e o povo brasileiro.
Outra aberração inaceitável como justificativa foi atribuir o mau negócio a “circunstâncias políticas”. Cerveró, Delcídio e os outros responsáveis disseram que cumpriam a política determinada pelo Ministério das Minas Energia para termelétricas.
De novo, cumprir objetivos nunca é justificativa para assinar contrato com cláusulas flagrantemente lesivas, pois pode-se simplesmente fazer a mesma coisa com contratos justos para os dois lados. Mas tem uma “circunstância política” interessante neste episódio.
Aqui vale a lembrança: o ex-senador do PFL-DEM José Jorge foi Ministro das Minas e Energia naquele tempo. E quando este processo de tomada de contas tramitou no TCU, ele era um dos conselheiros do órgão.
Junte os caquinhos.

Post divulgado no Facebook do Movimento Brasil Livre (MBL) pede dinheiro para manifestações pró-impeachment, só que as contribuições são direcionadas para a conta pessoal de Kim Kataguiri, um dos líderes do grupo. A falta de transparência em relação aos recursos incomodou os internautas. “Ué, o MBL não tem CNPJ?”, questionou um deles


Senado se prepara simplesmente para modificar o conceito de trabalho análogo à escravidão.




Por Marcelo Auler Repórter


Até parece jogo de carta marcada. Enquanto a Câmara dos Deputados distrai a todos com os golpes baixos que seu presidente, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e sua trupe aprontam, o Senado se prepara simplesmente para modificar o conceito de trabalho análogo à escravidão. Quase na surdina.
Esbarrou, porém, nos olhos atentos de três ativistas do combate deste tipo de exploração, cada qual no seu campo: o padre e professor universitário Ricardo Rezende; o jornalista Leonardo Sakamoto; e o ator Wagner Moura.
Esta em pauta no Senado, em caráter de urgência, a votação do projeto de lei que regulamenta a emenda constitucional 81/2014 (antiga PEC do Trabalho Escravo).
A lei, como lembra Sakamoto em seu blog – “Trabalho escravo: Congresso prepara mais um golpe contra trabalhadores” –  tem até aspecto interessante, como o confisco de propriedades em que esse crime (trabalho análogo à escravidão) for encontrado.

A questão, porém, é outra. Ao mesmo tempo em que incorpora uma antiga reivindicação dos movimentos em defesa dos trabalhadores – notadamente no campo, aonde a prática do trabalho análogo à escravidão é mais constante –  ela, porém, “retira a parte que protege a dignidade do trabalhador – o que vai facilitar a vida de empregadores flagrados com essa forma de exploração do ser humano”, lembra Sakamoto.
Pelo artigo 149, são elementos que determinam trabalho análogo ao de escravo: condições degradantes de trabalho (incompatíveis com a dignidade humana, caracterizadas pela violação de direitos fundamentais o que  coloca em risco a saúde e a vida do trabalhador); jornada exaustiva (em que o trabalhador é submetido a esforço excessivo ou sobrecarga de trabalho que acarreta a danos à sua saúde ou risco de vida); trabalho forçado (manter a pessoa no serviço através de fraudes, isolamento geográfico, ameaças e violências físicas e psicológicas); e servidão por dívida (fazer o trabalhador contrair ilegalmente um débito e prendê-lo a ele).
O projeto quer retirar os dois primeiros elementos da caracterização de trabalho escravo, as condições degradantes e a jornada exaustiva. Em mensagem encaminhada ontem (9) ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Wagner Moura, que também atua como Embaixador da Boa Vontade junto à Organização Internacional do Trabalho (OIT), advertiu: “Trata-se de uma manobra sorrateira da bancada ruralista”.


Foto: 




quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Bia Lula Desabafa Sobre Assédio

por Bia Lula


Venho publicamente relatar o que vem acontecendo comigo nos últimos dias, e de tão indignada, resolvi compartilhar com vocês que venho sendo incomodada, da maneira inconveniente e porque não dizer, assediada pela repórter Fernanda Krakovics, do Jornal O Globo, que diz que irá publicar uma matéria a meu respeito, eu querendo ou não. 


Quero deixar claro que o Grupo Globo não me pauta, e que não vai fazer comigo o que tem feito com minha mãe, desde as eleições de 89, e com os meus tios, diariamente difamados e caluniados pela imprensa golpista.

Sem contar o que fazem com o maior amor da minha vida e o melhor Presidente que este País já teve, meu avô, Luiz Inácio Lula da Silva. Sim, meu nome é Bia Lula e tenho SIM, o maior orgulho de toda sua trajetória de vida.

Meu avô, minha liderança, tirou milhões de brasileiros do mapa da FOME e da MISÉRIA, e milita em nível mundial na erradicação da FOME e da POBREZA.

Mas ok, na verdade, o que incomoda essa gente, é o fato dele ser um retirante nordestino, que sobreviveu à fome, uma liderança que surgiu do chão da fábrica, um verdadeiro BRASILEIRO.

Não me venham com este procedimento baixo e truculento.

Não devo satisfações da minha vida e não devo nada a ninguém, quem deve é o Grupo Globo, que nada mais é que uma concessão pública que subestima e tenta manipular a inteligência do nosso povo

Sei me defender, esta prática mesquinha de terrorismo midiático não me mete medo, se querem conhecer minha militância, ai vai.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

SOBRE EDUARDO CUNHA E A CHANTAGEM DO IMPEACHMENT

por JeanWyllys

O senhor Eduardo Cosentino da Cunha acaba de entrar para a história política brasileira como uma das personalidades mais carecedoras de respeito que já pisaram o nosso parlamento. Não há muito a se esperar de uma personalidade que não hesita em mentir, chantagear, ameaçar, ocultar, usar o cargo em benefício próprio e tomar o Executivo, o Legislativo e a República toda de reféns para salvar sua própria pele. Mas a chantagem barata de Cunha agora há pouco, acolhendo o pedido de impeachment da Presidenta no momento em que percebeu a real possibilidade da cassação de seu mandato, vai além do que jamais suporia Maquiavel.
Estou no Panamá, aguardando a conexão do meu voo de retorno ao Brasil, mas não queria deixar de me pronunciar sobre a situação de extrema gravidade institucional em que o réu da Justiça que preside a Câmara dos Deputados, formalmente acusado pelos crimes de corrupção, evasão fiscal e lavagem de dinheiro, tem colocado o país. Esse sujeito menor, eleito com a força da grana e das mais obscuras transações, esse representante dos "podres poderes" que ao longo do último ano impôs ao Congresso uma agenda de atraso civilizatório, perda de direitos, conservadorismo, ódio e preconceito, está agora colocando o país à beira do abismo institucional apenas por necessidade própria.
Estou extremamente indignado, como todo brasileiro e toda brasileira deveriam estar nesse momento, independentemente de sua opinião sobre o governo da presidenta Dilma Rousseff. Sim, independentemente disso.
Eu faço parte da oposição de esquerda ao governo Dilma e, embora tenha votado nela no segundo turno por considerar que o outro candidato era ainda pior, avalio o governo dela como a maioria do povo: é um governo ruim, cada vez mais afastado das expectativas e necessidades do povo que o elegeu. Mas não é isso que está em discussão. O instituto do impeachment não foi incluído na Constituição para destituir governos ruins. Quem avalia os governos é o povo, a cada quatro anos, quando vota, e ao longo de cada mandato constitucional, manifestando-se nas ruas se achar necessário. A democracia, esse sistema imperfeito, mas melhor do que todos os outros, supõe o respeito pelo mandato popular, gostemos ou não do resultado das urnas. O impeachment é um remédio drástico, só aplicável em última instância, quando existe crime de responsabilidade. E não é o caso.
A presidenta Dilma não está sendo acusada de qualquer crime e não há motivos constitucionais para sua remoção, gostemos ou não dela ou do seu governo. E aqueles que, como eu, não gostamos teremos a chance de oferecer ao país uma alternativa nas eleições de 2018. É assim que a democracia funciona.
O que Eduardo Cunha fez no dia de hoje chama-se chantagem. Diferentemente da Presidenta, ele está sim acusado de gravíssimos crimes. Não por mim, mas pela Procuradoria-Geral da República. Um bandido com contas na Suíça e um longo histórico de envolvimento em escândalos de corrupção desde que chegou ao poder junto a PC Farias e Collor de Melo está, há meses, valendo-se da ameaça do impeachment da Presidenta para negociar e chantagear ao mesmo tempo petistas e tucanos, usando o impeachment como moeda de troca com uns e outros para se salvar da perda do próprio mandato no Conselho de Ética da Câmara, no "leilão" mais vergonhoso da história da República.
Não contem comigo e nem com o PSOL para essa farsa!
Continuaremos fazendo oposição republicana e responsável ao governo Dilma, contra os ajustes e as concessões ao poder econômico e às corporações, mas jamais seremos cúmplices de um golpe institucional. E continuaremos denunciando a atitude do PT e do PSDB e seus respectivos aliados, que escolheram negociar com o Diabo em vez de enfrentá-lo e, por isso, também são solidariamente responsáveis por essa vergonhosa situação.
Fora, Cunha!