Blog I'unitá Brasil

Blog I'unitá Brasil
Blog I'unitá Brasil

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Como anda a entrega do petróleo brasileiro aos estrangeiros

Por
MAURO SANTAYANNA




O governo Dilma caiu, a economia está cada vez pior, mas a manipulação midiática continua canalha, mendaz, descarada e imparável.
Não bastasse a manipulação de dados e prazos em recentes mensagens publicitárias - sem contestação, principalmente jurídica, da oposição, que prova que, no quesito estratégico, é tão incompetente fora como dentro do poder - a última manobra de alguns jornais e emissoras particularmente hipócritas está voltada para convencer os desinformados que compõem seu público que a recuperação do preço das ações da Petrobras neste ano se deu por causa da mudança de diretoria e da "venda" de 13.6 bilhões de dólares em ativos e não graças à recuperação da cotação do petróleo nos mercados internacionais, além da compra de bilhões de reais em ações quando elas estavam no fundo do poço, por parte de "investidores" estrangeiros, que nunca deram bola para o discurso catastrófico e derrotista dos inimigos da empresa.
Os últimos três "negócios", feitos na derradeira semana de 2016, foram a transferência de uma usina de biocombustíveis para os franceses e de duas empresas (petroquímica e têxtil) para mexicanos.
Como há que dar uma no cravo e outra na ferradura e água mole em pedra dura tanto bate até que fura, os mesmos meios de comunicação lembram que, apesar da valorização de suas ações em mais de 100% neste ano, a Petrobras deve, ainda, quatro centenas de bilhões de reais.
Ora, independentemente da questão do endividamento da Petrobras, constantemente exagerada para justificar seu desmonte, se uma empresa deve 400 bilhões, 13.6 bilhões de dólares, que não chegam a 10% desse montante pela cotação atual da moeda, arrecadados com a apressada venda de ativos estratégicos, longe de serem decisivos, são praticamente irrisórios em termos contábeis.
Sendo assim, nesse contexto, sua citação triunfal a todo momento só pode ser compreendida como mais um esforço - patético - de enganação da opinião pública, para justificar a entrega, nos próximos meses e anos, de uma fatia ainda maior do patrimônio de nossa maior empresa a concorrentes estrangeiros, sem nenhum critério estratégico e a preço de banana.
O discurso entreguista é tão contraditório, que, por um lado critica-se a "incompetência estatizante" da Petrobras, a mais premiada empresa do mundo no desenvolvimento de tecnologia para a exploração de petróleo em águas profundas, e, por outro, se transfere seus poços e empresas a estatais estrangeiras como a Statoil e para fundos de pensão também estatais como o da província de British Columbia, no Canadá, um dos novos donos dos Gasodutos do Sudeste.
A "imprensa" cita como objetivo, nesse quesito, para 2017, a "negociação", pela Petrobras, de pouco mais de 23 bilhões de dólares em ativos.
Uma quantia que equivale a cerca de 7% das reservas internacionais brasileiras, que poderiam perfeitamente ser usados pelo governo para capitalizar a empresa sem depená-la, como a uma ave natalina, para serví-la, a preço de restaurante popular, para as multinacionais, como está sendo feito agora.
Não é por outra razão, apesar de o ano de 2016 ter sido o mais fraco das últimas décadas em exploração - a descoberta de novos poços caiu, segundo a Agência Nacional do Petróleo, em mais de 70% no ano passado, para apenas dois, devido, principalmente, à retração de atividades da Petrobras, diuturnamente atacada, vilipendiada e sabotada em várias frentes - que a parcela estrangeira na produção de petróleo no Brasil, devido, entre outras razões, à transferência de campos como Carcará a empresas multinacionais - cresceu em 14% no último ano, para 457.000 barris diários, e deve atingir em 2017, perto de 900.000 barris, ou quase a metade do que a Petrobras produz em território nacional.
Isso ocorrerá não apenas pela continuação da venda - se não houver contestação jurídica - de ativos da Petróleo Brasileiro S.A a estrangeiros, mas também pela queda intencional e programada de investimentos em exploração por parte da empresa, cuja produção crescerá - segundo prevê o "mercado" - em apenas 2% este ano.
Enquanto isso, graças à tentativa suicida – para não dizer imbecil - de repassar, imediatamente, as cotações internacionais para o consumidor brasileiro, o preço dos combustíveis continua subindo nos postos, a quase toda semana, mesmo quando o custo do barril desce no exterior.
Ou alguém já viu - sem tabelamento, eventual promoção, "batismo" ou falsificação - gasolina baixar de preço nas bombas, no Brasil?

Por que Moro e os procuradores não investigam o escândalo das teles?

Por Lenio Streck




POR LENIO STRECK, doutor em Direito (UFSC), pós-doutor em Direito (FDUL), professor titular da Unisinos e Unesa, membro catedrático da Academia Brasileira de Direito Constitucional, ex-procurador de Justiça do Rio Grande do Sul e advogado.

Começo com uma provocação: Em um país em que aquele que provoca tumulto em um posto de gasolina Petrobras situado em Agudo ou em Inhambu corre o risco de ser julgado em Curitiba face à competência infinita da operação “lava jato”, eis, aqui, um prato cheio e uma grande oportunidade de os procuradores e o juiz estenderem seus tentáculos para um esquema de corrupção que pode ocasionar cinco vezes mais prejuízos do que o caso Petrobras.
Como a “lava jato” pode ser competente? Sei lá. Não faço a mínima ideia. Estou apenas metaforizando. Moro sempre dá um jeito de ver e encontrar uma conexão. Aqui, uma ideia: o escândalo de que falo é o da Lei Geral das Telecomunicações, que concede benefícios às teles no valor de R$ 100 bilhões. Tão escandaloso que a Ministra Cármen Lúcia concedeu liminar para trancar a tramitação relâmpago no Senado (para evitar, inclusive, de corrermos o risco de o Presidente Temer sancionar).
Qual é a tese da conexão, então? Simples: como se trata de um escândalo envolvendo telecomunicações e como todos os envolvidos possuem telefones celulares e alguns componentes dos aparelhos vem do petróleo, bingo. Eis a conexão para levar tudo para Curitiba. Tudo sempre está interligado, como na história do sujeito que dá uma bofetada no outro por tê-lo chamado, por dedução, de “corno”. Afinal, o desafeto ofereceu-lhe um pedaço de queijo. Que vem do leite. Que vem da vaca. Que tem chifres. Simples, pois.
É uma blague, mas estou provocando a seletividade reinante no combate à corrupção em Pindorama. O Procurador-Geral da República já deveria ter entrado em campo. Ele mesmo deveria ter entrado com a ação para evitar a criação desse monstrengo de mais de R$ 100 bilhões (isso é demonstrado por várias fontes: o próprio mandado de segurança, informações do Tribunal de Contas, O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), a Associação Brasileira de Procons e outras 18 organizações civis assinaram uma nota de repúdio contra o ato da Mesa Diretora do Senado Federal que rejeitou recursos parlamentares que pediam a análise em plenário do projeto de lei; basta procurar no Google).
Até a revista Veja falou no assunto, mostrando de onde veio o “presente” para as Teles. Está lá, bem claro, como f(Oi), ao vivo, tim tim por tim tim. O que quero lembrar? Quero lembrar os gritos (histéricos) dos parlamentares na hora do afastamento da Presidente Dilma: “ – pelo Brasil, por meus filhos, por um país decente, pela Lava Jato, por meus cachorros, por minha namorada, por minha amante etc”.  Como se começasse um Brasil do zero. Ora, ledo engano. Ilusão de quem acreditava nisso, hipocrisia de quem se aproveitou da situação. Basta ver o número de pessoas que estão listadas nas delações.
Portanto, um aviso aos moralistas de plantão: não existe uma sociedade sem vícios. Como já tantas vezes contei aqui, temos de reler, constantemente, a fábula das abelhas do barão de Mandeville:  Vícios privados, benefícios públicos. As abelhas que tentaram zerar os vícios a qualquer custo – que eram as abelhas moralistas – ,ajudaram a colocar a sociedade no caos, a ponto de pedirem para a rainha que restaurasse os vícios. Está lá na fábula. Leiam. Daí a máxima: vícios privados, benefícios públicos. Só que, em Pindorama, o lema é: vícios públicos, benefícios privados. Invertemos a fábula do Barão.
Tentando ser mais simples, o episódio do Telegate (ou os bilhões natalinos das teles) apenas mostra que, em uma democracia, temos de seguir as regras do jogo. Não se tem como obrigar a que as pessoas sejam virtuosas. De que adianta fragilizar direitos fundamentais? De que adianta violar garantias e querer legitimar provas ilícitas obtidas de “boa fé”? De um lado se faz isso… e de outro vem um escândalo cinco vezes maior. Isso apenas prova de que o patrimonialismo brasileiro tem raízes fortes. E que, no combate à corrupção, não existem bons e maus corruptos. Não dá para ser seletivo.  Mas não dá, mesmo.
Que este escândalo das teles (o TeleGate) seja um exemplo de que não podemos escolher inimigos. Que devemos ser imparciais no combate à corrupção. E que há vários modos de fazer corrupção. Pode-se receber dinheiro de caixa dois, etc aos moldes Lava Jato; mas também é possível entregar mais de 100 bilhões para empresas – cujo dinheiro daria para tapar o dito déficit da Previdência. As abelhas entendem bem isso?
Sendo sarcástico mais uma vez: O que mais dói é ver que as multas que as Teles receberam durante esses anos foram apagadas no tal projeto. Tudo ao Vivo. Bem Claro. Com um Oi para a malta. Mas tudo Tim Tim por Tim Tim (desculpem-me o trocadilho). Todos meus telefonemas para o Procon, meus stresses com o 0800 foram em vão. Quero ver denúncias, agora, falando no clássico “lavagem de dinheiro e formação de quadrilha” ou coisas do gênero. Se o instituto da conexão “funcionar” – se me entendem a ironia – as celas de Curitiba deverão ser esvaziadas para novos hóspedes.
Ou não?

O QUE É SER SOCIALISTA?

AINDA FAZ SENTIDO SER DE “ESQUERDA” ?


Por Afrânio Silva Jardim




POUCO ADIANTA, MAS NÃO DESISTIREMOS

Na verdade, o mundo sempre esteve dividido entre pessoas que só pensam em si e pessoas que se preocupam com a desgraça dos outros. A falta de informação ou informação deturpada impedem a divulgação dos melhores valores, fundantes de uma sociedade mais justa. A questão é ideológica.
Embora tenha nascido em um lar privilegiado, sempre pugnei por justiça social. Agradeço ao meu falecido pai por ter despertado em mim essa consciência crítica. Embora corra o risco de cair num reprovável maniqueísmo, digo que se trata de uma luta da solidariedade contra o egoísmo.
Pode ser até utopia ou romantismo juvenil, mas é a utopia que nos faz caminhar, como dizia Eduardo Galeano.
O mundo já foi muito pior (mataram quase todos os índios e escravizaram os negros e o racismo e a cobiça dizimaram civilizações). Graças à luta contra os egoístas, o mundo melhorou e, algum dia, a solidariedade, e não a competição, fará surgir um novo ser humano. Como disse Leon Gieco, em uma das suas belas músicas, "há de vir uma nova cultura".
A nossa esperança é que, ao menos, todos tenham as mesmas oportunidades. Que os filhos da minha empregada doméstica tenham as mesmas oportunidades sociais que meus filhos, vale dizer, que o filho do empregado não nasça empregado e que o filho do patrão não nasça patrão.
Enfim, desejo que consigamos vencer este trágico determinismo de uma sociedade profundamente injusta e indiferente à dor dos outros. Que jamais uma criança morra nos braços de sua mãe em razão de falta de recursos para o seu tratamento médico, enquanto outros jogam "dinheiro pelo ralo".

PORQUE SOU DE ESQUERDA

O pensamento de esquerda prioriza a justiça social, sustentando que o Estado Popular deve assegurar, no mínimo, as mesmas oportunidades para todos.
Para isso, os chamados "bens de produção" devem ser gerenciados pelos trabalhadores, que são aqueles que realmente produzem a riqueza. As riquezas produzidas pela mão dos trabalhadores e trabalhadoras devem ser distribuídas e não concentradas nas mãos de uns poucos. Ninguém pode explorar o trabalho alheio.
Os valores da esquerda são a solidariedade e a igualdade. Busca-se uma sociedade justa, sem explorados e exploradores.
Já a chamada "direita" privilegia a competição e a concorrência na sociedade. É individualista.
Acredita que a livre iniciativa na economia vai fazer a sociedade se desenvolver. Aposta no lucro, na cobiça, embora acredite que os empresários são "bondosos", pois criam empregos. Querem liberdade na economia, mas são "castradores" no que diz respeito à evolução dos costumes na sociedade. Neste particular, quase sempre a direita é conservadora ou mesmo reacionária.
A direita fala em total liberdade. Entretanto, tal liberdade é meramente abstrata pois, no mais das vezes, não é o Estado que a subtrai. No dia a dia das pessoas, a liberdade é suprimida pela relação privada de emprego.
Através do contrato de trabalho, mormente em uma sociedade onde não há pleno emprego, tenho que obedecer ao meu patrão, tenho que a ele ser submisso.
Muitas vezes, se o empregado não for um "bajulador" do seu patrão, pode ser colocado no "mar da amargura". As pessoas saem de casa com o risco de voltarem desempregadas.
Isto não ocorre com os funcionários concursados, que têm estabilidade no serviço público e suas atribuições são previstas em lei ou em uma sociedade coletivizada, onde o patrão seja uma cooperativa de trabalhadores.
Minha empregada doméstica tem liberdade para viajar para Paris ou Londres. Entretanto, ela pode efetivamente exercer esta liberdade?
Posso dizer o que desejo aqui, atingindo centenas de pessoas. Entretanto, de noite, a TV Globo destrói tudo, atingindo mais de 20 milhões de pessoas ...
Dizem que antes de distribuir, é preciso fazer "crescer o bolo". Sucede que raramente o "bolo cresce" e, quando cresce, eles não querem distribuir...
A esquerda pode ser um pouco utópica, mas a "poesia" está com ela. A direita aposta no egoísmo do ser humano, cria uma sociedade individualista e indiferente à dor alheia. Um verdadeiro "darwinismo" social. Que vençam os mais astutos, os mais aptos ou os mais "fortes"!
Esta, evidentemente, é a minha avaliação. Avaliação de alguém que sempre se negou a aceitar uma sociedade onde crianças peguem comida no lixo e mães assistem a seus filhos morrerem por falta de dinheiro para tratá-los das suas doenças graves. Não me conformo com esta miséria, embora este "sistema econômico" sempre me tenha sido favorável. Por isso, julgo ter legitimidade para criticá-lo: não falo em causa própria (ao contrário).
Enfim, por tudo isso, me insiro no pensamento de esquerda. O grande problema é conseguir uma sociedade justa sem sacrificar a liberdade individual, efetiva e concreta, pois ninguém abre mão de seus privilégios senão pela coerção.
A utopia é como o horizonte; está sempre distante. Entretanto, ela é que nos faz caminhar, (conforme texto citado pelo saudoso pensador Eduardo Galeano). Caminhemos sempre ...

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

INFLAÇÃO DA ERA TEMER É MAIOR PARA OS MAIS POBRES

Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC),a chamada inflação da baixa renda, fechou o ano passado com resultado acumulado de 6,58%, acima da meta fixada pelo Banco Central; ao contrário, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou 2016 com alta acumulada de 6,29%, ficando abaixo do teto da meta de 6,5% fixada pelo Banco Central; indicador comprova que medidas econômicas adotadas por Michel temer e pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afetam sobremaneira as camadas menos favorecidas da população; no Twitter, Temer comemorou a inflação no centro da meta: "Estamos com a inflação abaixo do teto da meta, o que mostra que o governo está no caminho certo", mas não comentou nada acerca do aperto sobre os mais pobres.


Nielmar de Oliveira, repórter da Agência Brasil - O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) fechou o ano passado com resultado acumulado de 6,58%, acima da meta fixada pelo Banco Central. Ao contrário, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou 2016 com alta acumulada de 6,29%, ficando abaixo do teto da meta inflacionária de 6,5% fixada pelo Banco Central.


O INPC capta a variação inflacionárias das famílias de menor renda (entre 1 e 5 salários), enquanto o IPCA capta a renda dos que ganham até 40 salários. Os dados relativos ao INPC também foram divulgados hoje (11), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) juntamente com o IPCA.
Em dezembro, o INPC variou 0,14%, ficando 0,07 ponto percentual acima da taxa de 0,07% de novembro. O acumulado no ano (6,58%), no entanto, também ficou bem abaixo do que os 11,28% registrados em 2015. Em dezembro de 2015, o INPC foi de 0,9%.
Os produtos alimentícios variaram 0,05% em dezembro, depois de recuarem (-0,31%) em novembro. Já os produtos não alimentícios (0,18%) subiram menos do que em novembro (0,25%).
O INPC regional mais elevado foi o de Brasília (0,87%), onde os alimentos subiram 0,7%, bem acima do índice nacional (0,05%). O menor índice foi da região metropolitana de Curitiba (-0,15%),
O INPC, calculado pelo IBGE desde 1979, se refere às famílias com rendimento monetário de 1 a 5 salários e abrange dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande e de Brasília.



Fonte: AQUI




Governo Temer-PSDB dá aval para a Petrobras dizimar 42 bilhões em ativos

Por Daniel Silveira



A Petrobras tem uma carteira de US$ 42 bilhões em ativos que podem ser vendidos para fazer frente ao plano de desinvestimento da empresa, afirmou nesta quarta-feira (11) o diretor executivo da área financeira e de relacionamentos com investidores da estatal, Ivan Monteiro. Ele e o presidente da Petrobras, Pedro Parente, se reuniram para um café da manhã com jornalistas.
A empresa tem plano de vender US$ 21 bilhões em ativos em 2017 e 2018. A lista do que está à venda não foi divulgada pela estatal, mas o diretor da estatal disse que haverá maior destaque às negociações no segmento de refinarias.


A meta do biênio anterior, de 2015 e 2016, não foi atingida. A empresa pretendia se desfazer de US$ 15,1 bilhões em ativos, mas conseguiu concretizar operações que resultaram em US$ 13,6 bilhões. Os US$1,5 bilhão que faltaram foram incorporados a meta do biênio 2017/2018, que originalmente previa um desinvestimento de US$ 19,5 bilhões.
O presidente da Petrobras, Pedro Parente, disse nesta quarta-feira (11) que a meta não foi alcançada por razões externas. “Fechamos o ano com US$ 13,6 bilhões em operações (de venda). É certo que nesse caso não cumprimos a nossa meta por razões externas à empresa. Se a empresa pudesse, ela teria cumprido a meta”, afirmou.

Em fato relevante divulgado em 28 de dezembro, a empresa explicou que não atingiu a meta porque uma liminar da Justiça de Sergipe impediu a conclusão das negociações dos campos de Tartaruga Verde e Baúna, localizados, respectivamente, na Bacia de Campos e na Bacia de Santos, e que já estavam em estágio avançado de negociações.
O diretor financeiro da Petrobras enfatizou que a companhia tem hoje solidez financeira e condições de arcar com seus compromissos mesmo sem a execução do plano de venda de ativos. Segundo ele, a Petrobras tem US$ 22 bilhões em caixa, volume “que gera total tranquilidade para os próximos dois anos e meio”. O valor não considera o dinheiro que a estatal vai receber da venda de ativos em 2016, que serão depositados ao longo de 2017, nem recursos de negociações em andamento. “Isso é maior que todos os vencimentos de 2017 e 2018”, disse Monteiro.

Ivan Monteiro destacou, ainda, que em 2017 a Petrobras deverá licitar ao menos duas novas plataformas. Há oito unidades a serem contratadas para entrar em produção nos próximos anos.

'Empresa de orgulho'

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirmou na manhã desta quarta-feira (11) que 2017 será o ano em que a companhia irá conseguir reconsolidar a sua imagem perante a sociedade brasileira. Em evento com jornalistas, ele comemorou os resultados alcançados em 2016, falou da previsão para os próximos dois anos e enfatizou o otimismo na retomada do crescimento.
“Nós vamos fazer em 2017 é consolidar esse processo de virada da empresa. A Petrobras vai voltar a ser uma empresa de orgulho dos seus trabalhadores, da sua força de trabalho e da sociedade brasileira”, afirmou Parente.
O presidente da estatal destacou que a diretoria está satisfeita com os resultados alcançados no ano passado. Ponderou, porém, que são ousadas as metas do plano estratégico da companhia, que precisam ser perseguidas.
“Nós estamos de um lado satisfeitos com o que aconteceu em 2016 mas sabendo que não é suficiente. 2017 é um ano com muitos desafios. Sabemos que, ainda que tenhamos esse bom e sólido plano [estratégico] nós temos que entregar este plano”, disse Pedro Parente.
O presidente da estatal enfatizou que o plano estratégico tem metas ousadas, sendo as principais aquelas relacionadas à segurança. “Segurança da vida das pessoas, segurança ambiental, segurança de modo geral. Nós temos que entregar essa meta e nós não vamos procurar alcançar as metas de natureza financeira prejudicando as metas de segurança”, afirmou.

Recordes de produção

A Petrobras anunciou nesta manhã que em 2016 atingiu sua meta de produção pelo segundo ano consecutivo. A produção média de petróleo foi de 2.144.256 barris por dia. O resultado é 0,75% acima do obtido no ano anterior e dentro da meta de produção diária de 2,145 milhões de barris.
Segundo a companhia, a produção operada na camada pré-sal também foi a maior de sua história em 2016. Foi atingida a marca de 1,02 milhão de barris de óleo por dia, o que supera a produção do ano anterior em 33%.
O resultado da produção própria de gás natural também foi recorde, segundo a estatal. A companhia atingiu 77 milhões m³ diários, o que seria uma marca inédita. A produção total no país chegou a 2,63 milhões de barris de óleo equivalente por dia, 1% a mais que o alcançado em 2015.

A responsabilidade do ensino jurídico pelos abusos da Lava Jato

Por Luiz Rutiz Barreto



Antes de Moro e Dallagnol, houve Sérgio e Deltan


Os rumos da operação Lava Jato são objeto de diversas críticas de diferentes pontos e perspectivas. A nossa, parte da constatação, um tanto quanto óbvia, de que, um dia, Sérgio Moro e Deltan Dallagnol foram estudantes e de que o ensino jurídico tem, em alguma medida, responsabilidade pela forma como esses aplicadores do direito exercessem o poder que lhes foi confiado. Portanto, em que pese os abusos no exercício de ambos, esses não serão o objeto de estudo, ao menos não diretamente. O foco é a crítica ao tipo de formação em direito que “permite” que os estudantes recebam seus diplomas sem a mínima compreensão acerca do real funcionamento das instituições e agentes que compõe o Sistema Penal.
Evidentemente, trata-se de dois adultos, então, por que falar na responsabilidade do ensino jurídico, haja vista, a autonomia de ambos no exercício de suas funções? Por quê, como o próprio nome sustenta, o papel da faculdade de direito é formar o estudante. Logo, cuida também de formar a maneira como esse vê: si mesmo; os sistemas jurídicos; o papel das instituições e dos atores que as compõem. Acima de tudo, cabe, à faculdade, ensinar o exercício de poder socialmente cônscio.


Tal como o médico sabe de seu dever para com o estranho que encontra passando mal na rua, o aplicador do direito deve ter consciência de seu papel para com a comunidade e não somente para com seu cliente, assistido ou jurisdicionado.  
O grau de distorção observado na Lava Jato só é compreensível diante de uma considerável alienação dos personagens. Alienação quanto aos traços característicos do funcionamento do Sistema Penal em qualquer lugar e em qualquer tempo; quanto aos seus papéis institucionais; e quanto a suas responsabilidades profissionais e sociais.
Não ignoramos que a faculdade não está sozinha nessa história. Com certeza, os processos seletivos para cargos públicos e as preparações que esses demandam tem sua generosa parcela de responsabilidade no transtorno dissociativo da realidade que afeta a maior parte dos atores do Sistema Penal. Entretanto, entendemos que a formação inicial tem um papel maior, eis que é a primeira. Nesse sentido, entendendo o desvio como fruto da alienação, temos que, caso houvesse um contato direto com a realidade de seletividade, flexibilização de garantias constitucionais e criminalização da pobreza, característicos do Sistema Penal pátrio, durante a graduação, esses atores seriam incapazes de se comportarem como se comportam.  
Em síntese, o ensino jurídico formalista, por ser neutro, distância o direito da realidade na qual ele é aplicado. Esse distanciamento, por sua vez, produz juízes que agem como promotores e promotores que agem como legisladores, pois nunca foram “formados” quando ao exercício socialmente responsável do poder advindo do saber jurídico e da posição que ocupam.
Neutralidade, formalismo e realidade
O professor Daniel Bonilla sustenta que o ensino jurídico formalista é uma educação descontextualizada (BONILLA, p. 284), que não considera relevantes as perguntas sobre a legitimidade das normas e das instituições (BONILLA, p. 262). Zaffaroni aborda, em “Em busca das penas perdidas: a perda da legitimidade do sistema penal”, a questão da legitimidade no exercício do poder dos juristas face a deslegitimação do Sistema Penal graças a seu funcionamento seletivo.
Nesse sentido, a legitimidade dos juristas está na responsabilidade desses no uso de seus poderes para conter o poder punitivo ilegítimo, trata-se, então, de um poder limitador. Assim, tal como a Cruz Vermelha Internacional tem uma responsabilidade em conter os efeitos do conflito armado, os juristas têm a responsabilidade de conter o poder de punir. Ignorar essa responsabilidade ou se alienar dela implica: perda de legitimidade; renúncia aos motivos éticos que fundamentam o exercício do poder limitador; e redução do poder dos juristas a um exercício utilitário (ZAFFARONI, 1991, p. 263-267).
Zaffaroni trata de uma prática que renunciou aos seus motivos éticos e que, por isso, perdeu a legitimidade, restando a utilidade para o poder. Não seria justamente o que ocorre na Lava Jato, na qual aplicadores do direito se eximem frente ao poder punitivo, instrumentalizando-o para atingir o fim de “combate” à corrupção? Tal prática só é possível dentro da lógica utilitária alienada das questões relacionadas à legitimidade moral do exercício do poder dos juristas.
Moro e Dallagnol não são formalistas propriamente ditos. Afinal, nem a exegese francesa nem o historicismo alemão defende tamanha distorção. Entretanto, é o formalismo que condiciona a atmosfera propícia para que tal prática utilitária prospere. Afinal, o conceito de direito, ensino jurídico e prática profissional estão interligados (BONILLA, p. 268). A prática formalista, dissociada de seus motivos éticos (Zaffaroni) ou das questões relacionadas à legitimidade moral e política das normas e das instituições (Bonilla), só é possível dentro do universo que ela mesma cria.
Em outras palavras, só é possível haver uma prática com o nível de autoengano e alienação observado na práxis brasileira dentro de uma concepção de direito formalista, partindo de um ensino jurídico formalista. O estado de coisas da Lava Jato só é factível dentro de uma lógica na qual os agentes públicos estão alienados dos motivos éticos do exercício de suas funções, restando apenas a utilidade para o poder. Porém, ninguém acorda alienado. O ensino puramente teórico-legalista gera uma massa de profissionais incapaz de se engajar no exercício profissional crítico, na discussão de nossos problemas institucionais e na produção científica do saber penal razoavelmente bem-feita. Resta configurada a responsabilidade do ensino jurídico.
Ensina-se a questão criminal, sem o devido olhar crítico das arbitrariedades políticas, sensos comuns e preconceitos que permeiam as escolhas legislativas sobre o que é tipificado como delito e aplicado como direito. Por conseguinte, o ensino jurídico criminal se amolda ao formalismo irrefletido, inútil em suas representações oníricas da realidade de aplicação da lei penal e incapaz de produzir respostas capazes de construir um diálogo na busca da solução de nossas questões.
O que mais explica um juiz que fixa a pena em 4 anos e 1 mês para que o réu não tenha direito ao regime aberto, caso semelhante, inclusive, ao de alguns ministros nos tribunais superiores? Apenas alguém totalmente alheio à consciência do exercício seletivo do poder punitivo e de sua responsabilidade na sua contenção é capaz de agir dessa forma. Moro e Dallagnol são a ponta do iceberg, o arquétipo que representa toda uma massa. A renúncia aos motivos éticos por boa parte dos aplicadores do direito gera uma prática profissional formalista e, necessariamente, utilitária. O que varia é o fim que se pretende atingir com a “utilidade (para o poder) ” (ZAFFARONI, 1991, p. 263), por vezes, o “combate” à corrupção, outras, a pura vingança social.
A superação de uma concepção de direito formalista que condiciona um ensino jurídico descontextualizado e, por conseguinte, menos relevante na descrição da aplicação da lei penal e na prescrição de soluções na contenção do poder punitivo, passa pela aproximação do mundo da vida com o mundo do direito. O juiz que, hoje, orgulha-se de conduzir coercitivamente suspeitos contra legem, um dia, sentou-se nos bancos da faculdade de direito e ouviu alguém falar sobre Direito Penal e Processual Penal. O promotor que, hoje, posa para fotos midiáticas, um dia, teve uma aula sobre devido processo legal. Entretanto, caso a abordagem desses conteúdos se mantiver descontextualizada, longe de pessoas reais com problemas reais, o populismo punitivo seguirá sem ser confrontado pela realidade de miséria humana que ele mesmo condiciona.

EMPRESAS ESTRANGEIRAS QUE A PETROBRAS QUER TRAZER AO BRASIL ESTÃO ENVOLVIDAS EM CORRUPÇÃO

Por Joaquim de Carvalho




Digite no Google o nome das empresas estrangeiras convidadas pela Petrobras para disputar a licitação de sua maior obra nos próximos anos – a construção da Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN), que vai receber o gás natural produzido a partir de 2020 no pré-sal da Bacia de Santos. Acrescente na barra de pesquisa a palavra corruption e virão na tela links com denúncias de pagamento de propina, superfaturamento e sonegação envolvendo essas empresas em canteiros de obra ao redor do mundo, muitos instalados em campos de exploração de petróleo.
A lista é por ordem alfabética. No topo da relação, está a empresa Acciona, da Espanha, acusada por uma empresa alemã por fraude na aquisição de uma estatal de gás natural.
A número 2, a inglesa Amec Foster Wheeler, foi acusada pelo Comitê de Proteção do Petróleo do Azerbaijão, onde atua desde maio de 2001, de operar “com violações da lei”. A acusação principal é a de não respeitar regras trabalhistas no país e sonegar impostos.
A número 3, a Areva, da França, foi alvo de um processo movido pela ONG anticorrupção Sherpa por pagamento de propina em negócios de mineração na África do Sul, Namíbia e República Centro-Africana.
Em dezembro de 2014, segundo nota publicada no site do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, a empresa norte-americana Bechtel Corporation, a quarta por ordem alfabética da lista da Petrobras, se declarou culpada num processo por corrupção.

O então vice-presidente foi condenado a 42 meses de prisão, por ter pago 5,2 milhões de dólares em propinas para manipular o processo de licitação para contratos de energia com uma estatal do Egito.
Depois da condenação, o procurador de Justiça Leslie R. Caldwell, da Divisão Criminal do Departamento de Justiça, disse: “A corrupção externa é um flagelo internacional, e vamos perseguir aqueles que aceitam subornos, sejam eles funcionários do governo ou altos executivos corporativos. Toda condenação por corrupção é um passo rumo à erradicação e dissuasão deste problema global”.
Mesmo com a condenação de um dos mais importantes executivos, a empresa Bechtel Corporation continuou operando nos Estados Unidos e ao redor do mundo e é por isso que participará da disputa desse contrato da Petrobras, que pode chegar a 1,5 bilhões de reais.
Como mostra o episódio, os americanos, ao contrário dos juízes, procuradores e promotores brasileiros, protegem suas empresas. Prendem corruptos, não acabam com as empresas.
A quinta da lista da Petrobras é outra empresa americana, a Chicago Bridge & Iron Company, apresentado pelo jornal El Espectador, da Colômbia, como o principal elemento no olho da tempestade em que se transformou um contrato com a Reficar, a segunda maior refinaria de petróleo do país, localizada próxima à cidade costeira de Cartagena.
“A empresa (a colombiana Reficar) descobriu recentemente excesso de gastos e operações questionáveis”, destacou o jornal. A mesma empresa americana, a Chicago Bridge, se viu envolvida em outro escândalo na Colômbia, desta vez com a Ecopetrol, a maior empresa de petróleo do país, contratada a preços considerados excessivos para serviços em que não tinha experiência.
A sexta empresa na lista da Petrobras é a chinesa subsidiária da Chalco, estatal de alumínio daquele país. Recentemente, o principal executivo da Chalco renunciou depois de ter o nome envolvido em um caso de corrupção na própria China.
A lista segue. Nenhuma busca no Google de nome da empresa acompanhada da palavra corrupção vem sem resultado. Até a alemã ThyssenKrupp, que havia adotado rigorosos sistemas de controle anticorrupção em 2011, se viu recentemente alvo de uma investigação pela suspeita de subornar autoridades turcas.
Para o diretor da Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET), Herbert Teixeira, a substituição de empresas nacionais por estrangeiras nas grandes obras “obedece ao um padrão recente de entrega das riquezas e serviços da empresa”.
E não protege a estatal da corrupção, como mostra o levantamento das empresas que a Petrobras quer trazer ao país.
Negócios envolvendo petróleo registram o maior número de casos envolvendo corrupção no mundo.
De acordo com um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que analisou 427 casos de suborno em negócios internacionais, as empresas de extração mineral concentram 19% dos casos comprovados de corrupção. Está no topo do ranking, à frente do setor da construção, transporte e comunicação.
Em entrevista ao DCM, Herbert disse que, se quisesse mesmo enfrentar a corrupção, a Petrobras mudaria o modelo de contratação das empresas e não apenas nacionalidade dos fornecedores.
“A Lava Jato mostrou que a corrupção era facilitada pela forma como a Petrobras contratava, no sistema EPC. E esse modelo continua intacto, assim como os dirigentes da empresa abaixo do novo presidente”, disse.
EPC é a sigla em inglês para Engineering, Procurement e Construction, que significa Engenharia, Aquisição e Construção. Ao contratar por esse modelo, a empresa transfere à contratada a responsabilidade por todo o projeto de engenharia, pela compra de material e pela obra completa.
“Só as grandes empresas, apoiadas por bancos, têm condição de assumir um contrato como este”, afirma.
A Associação dos Engenheiros foi criada em 1961, quando vozes conservadoras ainda gritavam contra o que seria desperdício de dinheiro público manter a Petrobras. “Por que, se podemos comprar gasolina barata da Texaco ou do Esso, sem gastar o dinheiro dos impostos?”, questionava, por exemplo, o economista Roberto Campos.
Assim como, 56 anos atrás, os engenheiros da Petrobras se organizaram para manter a campanha O Petróleo É Nosso, a Associação continua ativa hoje, com o trabalho voluntário (não remunerado) de seus diretores.
Antes da Petrobras divulgar a relação das empresas estrangeiras convidadas para atuar no Brasil, a Associação enviou carta à direção da estatal, sugerindo a mudança do modelo de contratação. “Não defendemos empresas corruptas ou cartéis, mas queremos extrair a raiz do problema”, observa.
Para ele, a Petrobras precisa se manter no controle do processo, contratando por itens, o que pode ser feito até pela internet, de forma transparente.
“Primeiro se cria o projeto básico de engenharia, relaciona o material e o serviço necessários, abre licitação e realiza as compras. Assim você pode saber, por exemplo, quantos tubos irá precisar e quantas soldas necessitará. Com certeza, reduz o custo e diminui o risco de cartelização”, afirma.
A Petrobras trabalhava dessa forma (contratando por itens) entre as décadas de 70 e início da década de 80. “Foi nesse sistema que construímos várias refinarias no Brasil, como a de Paulínia e a do Rio Grande do Sul”.
Na década de 90, a partir do governo Collor, o sistema de contratação mudou e só houve espaço para grandes empresas. Até o início dos anos 2000, em geral as estrangeiras ficavam com os principais contratos.
No início da década passada, ainda no governo de Fernando Henrique Cardoso, houve início dos incentivos para conteúdo nacional. “Foi uma medida para enfrentar o desemprego, muito alto na época, e a Petrobras sempre foi indutora de empregos no Brasil”, afirma.
Na relação cada vez mais estreita com a estatal, as empresas nacionais cresceram e formaram cartéis, como admitiram agora na operação Lava Jato.
“O que estamos vendo agora é o risco de continuidade dos cartéis, só que nas mãos de estrangeiros. Quando for contratada a empresa que vai assumir este contrato bilionário, o emprego que seria gerado aqui será gerado no Japão, Estados Unidos ou China, dependendo de quem ganhar. Por isso é que nós da AEPET defendemos que o modelo permita a participação de empresas médias e pequenas. É possível, mas precisa ser uma opção política”, afirma.
Mas, para ele, com a atual direção da Petrobras, é muito difícil. “Nada mudou na empresa, exceto os diretores apanhados em flagrante”, acrescenta.
“Quem é o atual diretor da Produção e Tecnologia? Roberto Moro (por coincidência, tem o mesmo sobrenome que o juiz da Lava Jato). E quem Roberto Moro era antes? Ocupava uma das gerências nas diretorias de Renato Duque (preso por corrupção). Quem é o atual diretor de Refino e Gás Natural? Jorge Celestino Ramos. E que cargo ele ocupava antes? Gerente executivo na diretoria de Paulo Roberto Costa (que também foi preso).
“O pessoal que participou decisivamente da criação do ambiente que favoreceu a corrupção continua lá. Por isso, é que o modelo de contratação não mudou. Só estão mudando o cartel de empresas”, afirma Herbert Teixeira.
No Brasil, quem foi escolhido no governo Temer para ser maestro dessa orquestra altamente suscetível a desvios?
Pedro Parente, que foi presidente do Conselho de Administração da Petrobras, em 2001, no governo de Fernando Henrique Cardoso, quando foi feito um dos piores negócios da história da empresa.
A Petrobras comprou a petroleira argentina Perez Companc, controlada pela espanhola Repsol, a preço superfaturado, que teria provocado prejuízo de R$ 790 milhões à época (2,4 bilhões em valores corrigidos).
Desde 2001, Pedro Parente é réu em ação popular por conta desta compra escandalosa, que na época provocou queda expressiva no preço das ações da Petrobras, mas até ainda não houve julgamento.
Recentemente, o ex-diretor da empresa Nestor Cerveró, em delação premiada ao juiz Sérgio Moro, disse que esse negócio gerou o pagamento de propina no valor de 100 milhões de dólares a integrantes do governo de Fernando Henrique Cardoso.
Esse item da delação não teve nenhum efeito prático na Vara do juiz Sérgio Moro, e Pedro Parente pode assumir a presidência da empresa, assinando agora contratos que entregam reservas de pré-sal a petroleiras de outros países a preço de banana, segundo a AEPEC, e favorecendo empresas estrangeiras no contrato de obras e serviços.
“E eles estão fazendo tudo isso muito depressa. Começou no dia seguinte à autorização do impeachment. Estão comprometendo o futuro deste País”, desabava o engenheiro. “Mais do que nunca, precisamos retomar a bandeira: O Petróleo É Nosso.”