Blog I'unitá Brasil

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quinta-feira, 31 de março de 2011

JAIR BOLSONARO E SEUS ABSURDOS EM 2000

Publicação da revista  ISTOÉ GENTE de 14 de fevereiro de 2000 


"Eu defendo a tortura"

 

O deputado que defende fuzilamento de FHC ficou 28 anos sem falar com o pai alcoólatra

Cláudia Carneiro
Foto: Roberto Jayme

Entre os companheiros de quartel no Rio de Janeiro, o capitão reservista do Exército Jair Messias Bolsonaro era conhecido como "cavalão". Seu porte atlético, em 1,86 metro de altura e 75 quilos, desenvolvido nos exercícios da Escola de Educação Física do Exército, garantiu-lhe o título de pentatleta das Forças Armadas. Mas foi a língua solta que o ajudou a ganhar fama nacional, quando começou a questionar governos, há mais de uma década, para defender a corporação à qual pertenceu. Nas últimas semanas, manteve o hábito de causar polêmica ao propor o fuzilamento do presidente Fernando Henrique Cardoso. No terceiro mandato federal, eleito com 103 mil votos, o deputado Jair Bolsonaro (PPB-RJ), 44 anos, abre fogo contra colegas da Câmara dos Deputados que combateram a ditadura militar, defende a tortura, a censura e a pena de morte e não se arrepende de ter pregado o fuzilamento do presidente. Pai de três filhos adolescentes com a primeira mulher, Rogéria Bolsonaro, e de um bebê com a segunda, Cristina, 32 anos, Bolsonaro revela em entrevista a Gente que sonha disputar a Prefeitura do Rio de Janeiro. "Mas eu não estou preocupado em ser prefeito. Eu quero é espaço."

Teme algum dia ser cassado por suas declarações?
Não. Se um soldado está na guerra e tem medo de morrer, é um covarde. Se eu fosse cassado, seria o parlamentar cortando seu próprio direito de opinião, palavra e voto. Tenho poucos inimigos dentro da Câmara.


Ainda acha que o presidente deveria ser fuzilado?
Eu não errei em falar isso naquele local, naquela oportunidade e naquele momento. E acho que tenho o direito de falar. Eu não xinguei o presidente, nem disse que ele não conhece o pai dele. Acho que o fuzilamento é uma coisa até honrosa para certas pessoas.


Isso não é incitação ao crime?
Se eu estivesse conspirando, não falaria isso. Não é difícil matar o presidente. Só tem que ter coragem. O esquema de segurança dele é falho. Por exemplo, tenho uma casa no litoral em Mambucabinha, próxima do local onde ele passeia quando vai a Angra dos Reis. Sou primeiro lugar no curso de mergulho do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. Bastava planejar. E as chances de sucesso de se cumprir a missão são grandes. Não é difícil eliminar uma autoridade no País. Isso até serve para alertar o presidente.

Como isso seria feito?
Tudo depende de planejamento. Pode-se pegar uma arma com mira e matar o presidente em Brasília. Com uma besta (espécie de arco e flecha) dá para eliminar uma pessoa a 200 metros. Até com um canivete dá para chegar no cangote do presidente. Mas quero deixar claro que não estou incitando ninguém a fazer. E não tenho nenhum plano para eliminar o presidente. Eu não partiria para uma missão suicida.


O senhor fuzilou alguém?
Não. Eu já saquei arma uma vez. Estava indo a pé para o quartel, no Rio, por volta da meia-noite, e vi que estava sendo perseguido. O elemento então saiu correndo. Devia ser um ladrão barato.


Seus colegas de Congresso o consideram uma pessoa truculenta. Como o senhor é em casa?
Nunca bati na ex-mulher. Mas já tive vontade de fuzilá-la várias vezes. Também nunca dei um tapa num filho. Gosto de chamar para conversar, contar piadas.


O que levou ao fim seu casamento de 19 anos?
Meu primeiro relacionamento despencou depois que elegi a senhora Rogéria Bolsonaro vereadora, em 1992. Ela era uma dona-de-casa. Por minha causa, teve 7 mil votos na eleição. Acertamos um compromisso. Nas questões polêmicas, ela deveria ligar para o meu celular para decidir o voto dela. Mas começou a freqüentar o plenário e passou a ser influenciada pelos outros vereadores.


Não era uma atitude impositiva de sua parte?
Foi um compromisso. Eu a elegi. Ela tinha que seguir minhas idéias. Acho que sempre fui muito paciente e ela não soube respeitar o poder e liberdade que lhe dei. Mas estou muito feliz na minha segunda relação. Vivo muito bem com a Cristina.


O que o senhor acha da legalização do topless?
Não sou contra, não. Desde que seja com a mulher dos outros. Depois que todas as mulheres estiverem usando, aí a minha poderá usar. O fio dental foi um escândalo e hoje é normal. Tudo é evolução.


E sobre a legalização do aborto?
Tem de ser uma decisão do casal.


O senhor já viveu tal situação?
Já. Passei para a companheira. E a decisão dela foi manter. Está ali, ó. (Bolsonaro aponta para a foto no mural de seu filho mais novo, Jair Renan, de 1 ano e meio, com Cristina.)


O senhor segue alguma religião?
Eu acredito em Deus. Sou católico. Mas é coisa rara ir à Igreja. Eu já li a Bíblia inteirinha, com atenção. Levei uns sete anos para ler. Você tem bons exemplos ali. Está escrito: "A árvore que não der frutos, deve ser cortada e lançada ao fogo". Eu sou favorável à pena de morte.


Pena de morte é a solução?
Acho que um elemento que pratica um crime premeditado não pode ter direitos humanos. O José Gregori (secretário nacional dos Direitos Humanos) fala em indenizar os familiares dos 111 mortos no Carandiru. E ele não dá uma palavra às viúvas e órfãos que os 111 fizeram em sua vida de marginalidade.


A polícia agiu corretamente no Carandiru?
Continuo achando que perdeu-se a oportunidade de matar mil lá dentro. Pena de morte deve ser aplicada para qualquer crime premeditado.


Isto inclui tráfico de droga?
Aí é outra história, aí eu defendo a tortura. A pena de morte vai inibir o crime. Nunca vi alguém executado na cadeira elétrica voltar a matar alguém. É um a menos.


Em que outras situações o senhor defende a tortura?
Um traficante que age nas ruas contra nossos filhos tem que ser colocado no pau-de-arara imediatamente. Não tem direitos humanos nesse caso. É pau-de-arara, porrada. Para seqüestrador, a mesma coisa. O objetivo é fazer o cara abrir a boca. O cara tem que ser arrebentado para abrir o bico.


E a tortura praticada pela ditadura militar?
Admito que houve alguns abusos do regime militar, mas a tortura não foi em cima de um simples preso político. Aquelas pessoas estavam armadas e matavam. Só na Guerrilha do Araguaia perdemos 16 militares.


O senhor disse que o deputado José Genoino (PT-SP) era mentiroso e delatou seus companheiros da Guerrilha do Araguaia. O senhor tem provas?
Tenho informações seguras. Eu tenho orgulho de dizer que não fui um Genoino da vida, um deputado mariposa. O Genoino fala que pegou em armas por dois anos. O que ele fez nesses dois anos? Assaltou bancos, seqüestrou? Quantos ele matou?


O que pensa sobre a união civil entre pessoas do mesmo sexo?
Eu sou contra. Não posso admitir abrir a porta do meu apartamento e topar com um casal gay se despedindo com beijo na boca, e meu filho assistindo a isso.


Tem algum homossexual na família?
Graças a Deus, não. Eu desconheço. Se tivesse, nem quero pensar.


E como o senhor trata da liberação sexual com seus filhos?
Certas coisas não se pode ser contra ou a favor. Prefiro que um filho meu leve uma namoradinha para dentro de minha casa, num dia que eu não esteja lá, do que ele ser rendido na rua e assassinado dentro de um carro.


Como foi que o senhor perdeu a virgindade?
Com 17 anos de idade. Meio tarde, né? Meus filhos vão pegar no meu pé por causa disso. Eu estava na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em Campinas. Ninguém tinha dinheiro. Juntávamos uns 20 alunos, fazíamos um sorteio, íamos para o baixo meretrício e os cinco sorteados faziam fila com a mesma mulher.


Seu pai era agressivo em casa?
Eu não conversava com ele (Percy Geraldo Bolsonaro, morto em 1995) até os 28 anos de idade. Ele bebia descaradamente e brigava muito em casa, com minha mãe e os filhos. Mas nunca bateu em filho. Um dia constatei que não iria mudá-lo. Resolvi pagar uma pinga para ele. Nos tornamos grandes amigos.


Por que decidiu ser militar?
Por causa do Lamarca. Eu tinha 15 anos de idade, usava cabelo com gumex, calça boca-de-sino, sapato "cavalo de aço", quando o Lamarca passou por Eldorado Paulista, em 1970. O Exército chegou lá. Eu então conheci e me apaixonei pelo Exército brasileiro.


Pretende disputar nova eleição para a Câmara? 
Tenho que ficar com os cabelos mais brancos para um dia tentar um cargo no Executivo. Na Prefeitura do Rio de Janeiro, para eu fazer meu nome. Daí, quando perguntarem sobre enchente num debate, eu vou responder sobre reservas indígenas. Não estou preocupado em ser prefeito, eu quero espaço, quero mostrar o que a mídia não mostra.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Caso Cassaro: senteça deve ser decretada somente nesta quinta

Por Dalila Travaglia (dalila@eshoje.com.br) 




O segundo dia de júri sobre o assasinato do então prefeito de São Gabriel da Palha, Anastácio Cassaro, pode ser definitivo para o destino de um dos acusados. Carlos Smith Frota é um dos cinco acusados pelo crime, e o único que está sendo julgado. Durante toda a manhã desta quarta-feira (30) uma testemunha foi ouvida. Estima-se que outra seja ouvida a tarde, além do réu.

Durante todo o dia de terça-feira (29), três testemunhas foram ouvidas. A filha do ex-prefeito, Sandra Cassaro acredita que ainda nesta quarta seja fechado o julgamento. "O juiz está fazendo uma reconstituição do caso, trabalhando o processo como um todo. Espero que ainda hoje (quarta) saia a sentença", declarou.
Todos os acusados de partipação no crime deveriam estar sendo julgados, no entanto, quatro dos cinco réus no processo estavam sem advogados. Dois deles alegaram que o mesmo advogado estava com problemas de saúde e não pode comparecer. O advogado José Pedro de Barreto defenderia os acusados Fernando Lourenço de Martins e Edvaldo Lopes de Vargas, porém uma cirurgia de urgência fez com que ele se ausentasse do compromisso.

Os outros dois, Jorge Antônio Costa e Luis Carlos Darós, afirmaram não ter condições para pagar um defensor. O juiz entendeu que os quatro acusados não tinham condições de ir a juri, e os liberou do Fórum.  De acordo com Sandra, essa foi uma manobra argilosa, onde eles usaram de muita esperteza.
O julgamento dos quatro acusados, foi adiado para o dia sete de junho.

Relembre o caso. Anastácio Cassaro foi morto em 3 de abril de 1986, com dois tiros na cabeça, dentro de seu automóvel, em Goiabeiras, Vitória. Na época do crime, a promotoria entendeu que o motivo seria o interesse público. O prefeito teria sido assassinato para que o vice Firmino Martins ocupasse seu cargo.
Martins, no entanto, com 86 anos, foi liberado pela justiça, com o pedido de crime prescrito. Até 2009, o processo estava parado. Na época do crime Sandra Cassaro tinha 20 anos, e afirmou não saber o teor do processo. Em 2009 ela fez uma denúncia ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e conseguiu retomar o caso. A filha da vítima relembra que o pai era muito querido na cidade, conhecido como "estufa urna" no município.

Movimentos Solidários. Grupos ativistas contra a violência de sete estados do país estavam no juri nesta terça-feira (29) para apoiar a família Cassaro. Hiper Carneiro é de João Pessoa (PB), e representa o grupo "Mães no Dor". Ela teve a filha Aryane Thaís assassinada grávida há 11 meses pelo namorado. Ela afirmou que voltará ao estado para o julgamento dos outros quatro acusados em junho. "É necessário dar esse apoio, só quem perde um ente sabe a dor. Enquanto vida eu tiver vou clamar essa vóz que não cala", declarou.
O grupo Movimento pela Vida (Movida), estava representado pela paraense Andrelina Pereira, que perdeu o filho também assassinado em 2008. O pai de Gabriela Prado Maia, Carlos Santiago, do movimento "Gabriela sou da Paz" morta por bala perdida no Rio de janeiro há 8 anos, também reforçava o apoio e solidariedade a família Cassaro.
 

segunda-feira, 28 de março de 2011

Médicos fecham Hospital São Lucas e denunciam superlotação na unidade



Médicos que atuam no Hospital São Lucas, em Vitória, interditaram a unidade e afirmam que a situação virou caso de polícia na noite deste domingo (27). Aproximadamente 50 pacientes foram atendidos em macas improvisadas no chão e os corredores foram transformados em enfermaria. A pedido dos trabalhadores o Sindicato dos Médicos do Espírito Santo paralisou os atendimentos na unidade.
"A Central Reguladora de Vagas não está oferecendo vagas, a Secretaria de Saúde não está comprando vagas e então acontece essa superlotação de pacientes pelos corredores do Hospital São Lucas, que está parecendo um campo de guerra. Está parecendo um hospital de batalha com pacientes graves, politraumatizados e pacientes com respiradores de uma UTI móvel do Samu", relata Otto Batista, presidente do Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes).
Durante a interdição, um paciente com politraumatismo provocado por acidente foi levado para hospital, mas ficou sem atendimento e não resistiu ao ferimento. De acordo com o presidente do Simes, a morte poderia ter sido evitada. "Esse paciente que chegou na noite deste domingo veio a óbito pela carência de materiais para atender urgência ou emergência. Mesmo não sendo paciente grave, politraumatizado, ele precisa de um atendimento digno. O paciente precisa ter um setor de equipamentos que venham corresponder àquela gravidade", afirma o Otto.
O sindicato vai recorrer ao Conselho Regional de Medicina e ao Ministério Público. "Tivemos que apelar para o Boletim de Ocorrência na polícia para fechar a porta do hospital porque não tem condições de trabalho. Agora nós queremos a interdição ética até que tudo se resolva e os responsáveis respondam por esses atos", declara o médico.
Na opinião do presidente do Simes, o Governo do Estado seria uma alternativa para minimizar a superlotação no Hospital São Lucas a custo prazo. "Existe um processo que está nas mãos do Governador em relação a uma clínica de cirurgia plástica na Enseada do Suá. Ela foi desapropriada, está para receber uma indenização dessa desapropriação e já está tramitando há alguns meses. No local tem 50 leitos e pode comportar 200 leitos, além de ter uma UTI com toda a estrutura para sete leitos. Está aí a alternativa e agora falta vontade política do governador e fazer com que essa unidade possa absorver os pacientes que estão nos corredores das unidades da Grande Vitória", finaliza o presidente do Sindicato dos Médicos do Estado.




Folha Vitória

sexta-feira, 25 de março de 2011

Julgamento 25 anos após o crime

Após 25 anos, os acusados do assassinato do prefeito
Anastácio Cassaro serão julgados por júri popular.
Foram 25 anos de impunidade. No próximo dia 29,
terça-feira, às 8h30, o Tribunal do Júri de Vitória começa a
definir o futuro dos acusados de matar o então prefeito de
São Gabriel da Palha, Anastácio Cassaro, na época com 59
anos de idade.
Para a família, termina a angústia
da expectativa de que a Justiça
será aplicada aos envolvidos
no crime, que chocou a sociedade
capixaba.
O prefeito foi morto na noite de
3 de abril de 86 com dois tiros de
revólver disparados pelas costas.
Estava dentro de um carro, ia sair
em companhia do filho, o ex-deputado
estadual Arildo Cassaro, e
seu sobrinho, Evaldo de Castro,
quando foi emboscado em Goiabeiras,
Vitória. O pistoleiro fugiu
num Chevette branco sem placa,
acompanhado de um comparsa.
Em abril de 86,
mês da execução,
Cassaro estava na
capital para finalizar
detalhes da organização
da Festa
do Café, preparando
a visita do então
presidente da República
e atual senador
José Sarney.
Naquela noite
passara na casa do
filho, como era seu
costume, para seguir
viagem. Como
consequência da visita,
foi executado.
Seu sobrinho foi baleado
com dois tiros,
um em cada perna.
Durante as investigações,
revelou-se
que o crime foi encomendado
por interesses
políticos.
Os réus apontados
como mandantes
permanecem em liberdade:
Fernando
Lourenço de Martins
(filho do viceprefeito),
o médico Edvaldo Lopes
de Vargas, Jorge Antônio
Costa, Carlos Smith Frota e Luís
Carlos Darós, o Rosquete. Já os
executores, José Sasso e Jorge
Bilce, foram eliminados. Sasso foi
envenenado no presídio de Linhares
e Bilce, morto numa emboscada
em Rondônia.
No processo, figurava como
mandante o então vice-prefeito
Firmino de Martins. que teve decretada
a extinção da punibilidade.
A decisão do juiz Marcelo
Soares Cunha levou em conta a
prescrição do delito, em função
de Firmino ter completado 70
anos.
A denúncia foi apresentada pela
então representante do Ministério
Público Estadual, promotoraMagda
Regina Lugon, à 3ª Vara
Criminal de Vitória. Todos os
c i t a d o s n o p r o c e s s o n º
024.890.235.393 foram indiciados.
O juiz criminal da época, Paulo
Nicola Copolillo, recebeu a denúncia
e determinou a prisão dos
acusados no dia 15 de abril de 86,
12 dias após o homicídio. O crime
contra Anastácio Cassaro foi
qualificado pela
Promotoria Pública
como vingança por
motivo torpe.
O então prefeito
de São Gabriel da
Palha era conhecido
pela rigidez na administração,
não
permitia negociatas
e malversação com
dinheiro público,
portanto, contrariava
grupos com interesses
em auferir
vantagens na prefeitura.
O grupo Consórcio
de Crime tramava
a execução de
Cassaro para possibilitar
a ascensão ao
cargo do vice-prefeito
Firmino de
Martins, pai de Fernando
Martins, de
acordo com o inquérito.
O prefeito
havia sido avisado
de que estava marcado
para morrer.
A mesma denúncia
foi encaminhada ao secretário
da Segurança da época, Dirceu
Cardoso. Um vereador denunciou
o envolvimento de Jorge
da Costa, subdelegado de São
Gabriel da Palha. Costa tinha sido
exonerado e foi instaurado inquérito
administrativo contra ele
por Cassaro.
Então, por vingança, associouse
aos outros interessados no crime.
O policial foi responsável por
intermediar a contratação dos
pistoleiros.
Vamos aguardar o final dessa
novela infeliz.



Pedro Maia

Mais pessoas poderão ser denunciadas pela morte do juiz Alexandre Martins

Mais pessoas poderão ser denunciadas pela morte do juiz Alexandre Martins
Oito anos depois do assassinato do juiz Alexandre Martins de Castro Filho, o procurador geral de Justiça do Espírito Santo, Fernando Zardini, disse que mais pessoas estão sendo investigadas e que poderão ser denunciadas pela morte do magistrado.

A informação foi dada na manhã de ontem (24/03), minutos antes de Fernando Zardini abrir sua participação no Seminário da Luta Contra o Crime Organizado, no Centro de Convenções de Vitória, em Santa Lúcia.

O seminário foi promovido pelo Instituto Alexandre Martins de Castro Filho, presidido pelo pai do juiz assassinado, o advogado Alexandre Martins de Castro.

Ao final das investigações, 10 pessoas foram indiciadas e processadas pelo assassinato do juiz: quatro homens já foram condenados como executores do crime; enquanto três receberam condenação pela acusação de intermediar o assassinato. Outros três respondem processo em liberdade como acusados de serem os mandantes.

O procurador geral de Justiça, Fernando Zardini, foi questionado pelos jornalistas, antes de sua palestra, sobre as revelações do livro “Espírito Santo”, que traz informações de bastidores sobre as investigações do assassinato do juiz Alexandre Martins, ocorrido em 24 de março de 2003, em Itapoã, Vila Velha.

Uma das informações cita nomes (de forma fictícia) de policiais militares e outras personalidades capixabas que teriam tentado prejudicar as investigações do assassinato.

Porém, os PMs e as demais pessoas não têm seus nomes citados nos inquéritos policiais e nem nos processos judiciais. Foi aí que Fernando Zardini respondeu que novas investigações estão em andamento pelo Ministério Público Estadual:

“Todos os fatos enxergados pelo Ministério Público estão sendo acompanhados por intermédio de investigação feita por um grupo de promotores de Justiça. Vamos esperar os desdobramentos. Se, após a conclusão das investigações, o Ministério Público concluir que essas pessoas tiveram envolvimento direto ou indireto no crime (assassinato do juiz), elas deverão ser denunciadas à Justiça”, disse Zardini.

O procurador geral de Justiça preferiu não revelar quantas pessoas a mais estão sendo investigadas. No entanto, lembrado pelos jornalistas que o livro “Espírito Santo – escrito pelo ex-secretário da Segurança Pública e deputado estadual Rodney Miranda, o juiz Carlos Eduardo Lemos Ribeiro e o sociólogo carioca Luiz Eduardo Soares – cita de forma fictícia o nome do ex-comandante geral da PM, coronel Marcos Aurélio Capita, Fernando Zardini confirmou que ele (Marcos Aurélio) é um dos novos investigados.

“Mas há outras personalidades também hoje sendo investigadas pelo Ministério Público. Mais pessoas poderão ser denunciadas, mas para isso vamos depender das investigações”, disse Zardini.

O chefe do Estado Maior da PM, coronel Renato Duguay, compareceu nesta manhã na primeira parte do Seminário da Luta Contra o Crime Organizado. Ele cumprimentou o pai do juiz assassinado, o advogado Alexandre Martins, que também é coronel da reserva da PM do Rio de Janeiro.

Ao final das palestras da manhã – que teve ainda o juiz federal Américo Bedê Freire Júnior e diretor da Faculdade de Direito de Vitória, professor Antônio José Ferreira Abikair –, Renato Duguay conversou com a Rádio CBN:

“Por conta de sua proximidade com a sociedade, a Polícia Militar tem que se fazer presente num evento como esse. Outros eventos midiáticos, contra pessoas de conduta ilibada, podem até encobrir casos mais graves que acontecem no Estado. Eu apoio qualquer trabalho investigativo. Como diz o ex-governador Paulo Hartung, a onça está ferida, mas não está morta. E como diz o ex-secretário da Segurança, Rodney Miranda, o crime organizado existe dentro da PM, mas que é praticado por uma minoria”, disse Renato Duguay.



Em setembro de 2004, os executores do crime, Odessi Martins da Silva, o "Lumbrigão", e Giliardi Ferreira, foram condenados a 23 anos de prisão. Giliardi ganhou progressão de regime no ano passado e cumpre pena em liberdade desde o dia 23 de dezembro de 2010. Lombrigão teve o pedido de progressão negado e continua detido no Presídio de Segurança Máxima em Viana. Quando esteve preso no presído federal de Catanduvas, no Paraná, Lombrigão teria sido flagrado com um quilo de maconha dentro do presídio. Pegou mais cinco anos de condenação por tráfico.

Entre outubro e novembro de 2005, a 4ª Vara Criminal de Vila Velha realizou quatro julgamentos distintos em que foram condenados pelo júri popular os ex-sargentos Heber Valêncio e Ranilson Alves da Silva, e ainda Fernando de Oliveira Reis, o Fernando Cabeção, como intermediários do crime. Os demais envolvidos no assassinato do juiz, André Luiz Barbosa Tavares, o "Yoxito" e Leandro Celestino dos Santos (o Pardal), também foram condenados no mesmo ano.

Ranilson, Heber Valêncio – os dois foram expulsos da PM por ordem da Justiça – e Xoxito receberam progressão de regime e hoje cumprem pena em regime aberto

A Justiça Estadual ainda vai julgar os acusados de serem os mandantes da morte do juiz: o juiz aposentado Antônio Leopoldo Teixeira, o coronel da reserva Walter Gomes Ferreira e o ex-policial civil Cláudio Luiz Andrade Baptista, o Calu. Todos os três, que estão soltos, já foram pronunciados pelo crime para ir a júri popular pela 4ª Vara Criminal de Vila Velha, mas recorrerem da decisão e aguardam uma solução por parte do Supremo Tribunal Federal.


por Elimar Côrtes

Emoção marca homenagem ao juiz Alexandre Martins de Castro Filho


por Elimar Côrtes



Uma forte emoção marca homenagem ao juiz Alexandre Martins de Castro Filho
Uma forte emoção marcou o Seminário de Luta Contra o Crime Organizado, nesta quinta-feira (24/03), que homenageou o juiz Alexandre Martins de Castro Filho, assassinado há oito anos.

O dia foi marcado de homenagens ao juiz assassinado, que se tornou um ícone do combate ao crime organizado no Espírito Santo.

O seminário ocorreu durante todo o dia, no Centro de Convenções de Santa Lúcia. Coube ao pai do juiz, o advogado Alexandre Martins de Castro, abrir o evento, que contou com a presença de juristas, professores e estudantes de Direito de várias faculdades.

Até o advogado Clóvis Lisboa, que defende o acusado de ser um dos mandantes do crime, o coronel Walter Gomes Ferreira, esteve presente ao seminário.

‘‘Vim com a convicção de aprender cada vez mais. Mais uma vez, cumprimentei e me solidarizei com o pai do juiz assassinado. Minha convicção é de que meu cliente é inocente. Mas, acima de tudo, está o sofrimento de um pai que perdeu um filho. E isso eu respeito independente de ser advogado’’, disse Lisboa.

Bastante emocionado, Alexandre Martins voltou a cobrar da Justiça o julgamento dos acusados de serem os mandantes, já que os executores e intermediários já foram condenados.

‘‘Eu não participei das investigações e nem da apuração do caso. Não faço nenhuma especulação sobre suspeitos ou indiciados. Mas, uma vez apurada a responsabilidade de quem quer que seja, este alguém vai ser perseguido por mim até sua condenação, tendo, porém, um julgamento justo. Se este alguém for culpado, vou exigir sua condenação’’, disse o pai do juiz, Alexandre Martins de Castro, ao responder uma indagação do procurador geral de Justiça, Fernando Zardini, de que outras pessoas estão sendo investigadas em novas ações abertas pelo Ministério Público.

Jovens estudantes passaram todo o dia no Centro de Convenções. Antes do seminário, pregaram cartazes nas paredes do local, com frases que faziam alusão ao trabalho desenvolvido pelo juiz Alexandre Martins.

Ao final do encontro, o advogado Alexandre Martins agradeceu aos palestrantes, como já fizera com a equipe que fez palestras pela manhã.

O governo do Estado não enviou nenhum representante ao evento. Nem mesmo o secretário de Estado da Segurança Pública, Henrique Herkenhoff, mandou representante. Pela Assembleia Legilativa, além de um dos palestrantes, deputado Rodney Miranda, compareceram o presidente da Casa, Rodrigo Chamon, e os deputados Cláudio Vereza e Genivaldo Lievore. Dois coronéis da PM assistiram o seminário: Renato Duguay e Costa. Mas não estavam representando nem o governador Renato Casagrande e nem o secretário Herkenhoff.



por Elimar Côrtes

Capintão Assunção em defesa dos seus

A grande farsa começa a ser desmontada

No aniversário da morte do Juiz Alexandre Martins de Castro Filho, latrocínio transformado na marra em crime de mando começa a ganhar musculatura com a sua federalização.
 
Latrocínio

Nessa última quinta (24), oito anos depois que o forasteiro e ex-secretário de segurança do Espírito Santo, campeão em homicídios dolosos, que acabou se tornando deputado estadual, montou um grande espetáculo pirotécnico em torno da morte do juiz Alexandre Martins de Castro Filho, transformando um crime de latrocínio em um crime de mando, assistimos a primeira derrota da grande encenação armada .

Agora, por intervenção de uma vendedora de picolé, Maria das Graças Nacort, Presidente da ONG Associação de Mães e Familiares de Vítimas de Violência do Espírito Santo, o cenário promete mudanças. Inconformada com a covardia feita a dois sargentos da PM capixaba (Sgt Ranilson e Sgt Valêncio), colocados na trama diabólica, tornados intermediários, condenados, execrados pela opinião pública e pela imprensa corporativa, expulsos da PMES e sem terem nenhum tipo de participação no crime de latrocínio, ela promete não descansar enquanto a verdade não vir à tona.
 
Qualquer estudante de direito em seu primeiro período, ao ler as peças do inquérito, nitidamente reparará que o espetáculo foi montado para descaracterizar o assalto orquestrado pelos réus confessos, Odessi Martins da Silva, o Lumbrigão, e Gilliard Ferreira.

Uma mentira repetida várias vezes...
 
O receio de que a farsa acabasse sendo desvendada foi tão grande que o então secretário da (in) segurança pública juntamente com outro juiz, que vivia à sombra do magistrado assassinado, procuraram o romancista Luiz Eduardo Soares e resolveram espetacularizar a morte do Dr. Alexandre transformando esse roteiro falacioso em um livro tendencioso chamado “Espírito Santo” onde reforçam a “tese” de crime de mando. O governador, macomunado com o Secretário Midiático, tratou de reforçar a mentirada, “homenageando” o juiz com nome de Terminal de ônibus e o dia 24 de março acabou virando, por lei, dia estadual de luta contra o crime organizado no Espírito Santo. Seria cômico se não fosse trágico...

O período de exceção que assolou o estado do Espírito Santo durante a gestão das trevas do Imperador, então governador estadual, fez com que as principais autoridades policiais, da justiça criminal e afins se calassem, mesmo sabendo do ambiente de picadeiro montado em cima da morte de Alexandre. Ninguém em sã consciência resolveu contestar. Muito pelo contrário. Alguns se promoveram às custas da falácia arquitetada. Outros saíram do anonimato e da sombra do Juiz Alexandre e ganharam holofotes. E todo o dia 24 de março começou a ser marcado por manifestações, seminários e fóruns que contribuíram para reforçar a idéia de Joseph Goebbels, Ministro da Propaganda de Hitler, autor da frase ”uma mentira repetida várias vezes torna-se verdade”. 
 
Com os assassinos e os “intermediários” presos e condenados, e sem a condenação dos supostos “mandantes”, que até hoje não foram julgados, a “justiça” parecia ter sido feita. Bastava continuar com o espetáculo anual para reforçar o conceito de Goebbels.

Federalização

Mas, achando que o show já havia consolidado a opinião de todos, em decorrência dessa soberba acometida aos articuladores do mau, eles acabaram dormindo no ponto.

Maria das Graças, compadecida pelo sofrimento das famílias e das carreiras destruídas dos dois sargentos, condenados sem nada dever, entra em cena e na simplicidade de quem sai às ruas diariamente para trazer o sustento ao lar vendendo picolé, sem desanimar, vai para fora do Estado buscar socorro para uma consistente apuração desse crime na instância federal.

Para surpresa dos que estavam acostumados a pairar acima do bem e do mal, justamente no dia em que a farsa estabeleceu como o dia estadual de luta contra o crime organizado no Espírito Santo, o Ministério Público Federal lança uma ducha fria nos pusilânimes, anunciando a federalização do crime, a pedido de dona Maria das Graças. Todas as cópias do quixotesco processo serão agora encaminhadas ao Procurador Geral da República, Roberto Monteiro Gurgel Santos. Que se faça a justiça.
 
 
 
 
 
Capitão Assunção aqui

quinta-feira, 24 de março de 2011

Assassinato do juiz Alexandre Martins completa oito anos e mandantes continuam impunes


O assassinato do juiz Alexandre Martins de Castro completa oito anos nesta quinta-feira (24). Os acusados de terem mandado matar o juiz ainda não foram julgados e estão soltos.
Alexandre Martins se destacou por investigar o crime organizado no Espírito Santo. Em 24 de março de 2003 ele foi baleado na porta de uma academia de ginástica no município de Vila Velha, onde residia.
Os executores do juiz, Odecir Martins da Silva, o Lombrigão, e Gilliard Ferreira de Souza foram presos, julgados e condenados a mais de 24 anos de prisão. O Juiz Antônio Leopoldo; o coronel da PM, Valter Gomes Ferreira; e o ex-policial Cláudio Andrade Batista, conhecido como Calu, foram apontados como mandantes do crime e aguardam o julgamento em liberdade.
A Associação de Vítimas de Violência pediu a federalização do caso, isso significa passar as investigações para a esfera federal e considerar o crime como latrocínio, ou seja, roubo seguido de morte.




Folha Vitória

terça-feira, 22 de março de 2011

Sobre um arrogante sem noção chamado Marco Camargo

Ano passado,maio,creio,assisti a um programa da Record News,Record Entrevista,no qual Zizi Possi e sua Filha,Luiza Possi,eram entrevistadas por Marco Camargo.Não sabia quem era Marco Camargo,comecei a saber ali.
Marco tentando ser tratado como artista,me causou curiosidade de saber quem era ele.
Depois vim a saber que ele é,além de apresentador daquele programa,cujo o formato é até bacana,também jurado de um programa de calouros da Record,onde se mostra arrogante,o que eu veria no programa de entrevistas em outras oportunidades.
Decidi pesquisar,antes de meter o pau ou elogiar o tal de Marco Camargo.
Pois bem,consta em sites da record e relacionados que Marco,entre muitos predicados é:
Diretor da gravadora e produtora Captain Music,já produziu Ed Motta, Zeca Baleiro,Chico César e muitos outros nomes populares. Foi gravado pelos nomes citados e muitos outros .Marco também é cantor e compositor tendo,inclusive,gravado discos.
Outro dado que consta no currículo de Marco é o fato de ter produzido Roberto Carlos e levado dois Gramys pelos trabalhos.
Daí pra frente fui descobrindo blogs e sites desmentindo as informações passadas por Marco em sites da Record.Alguns exageram,mas entre os exageros,as verdades:
Como consta em alguns blogs,realmente,Marco Camargo, nunca produziu um disco de carreira de Ed Motta, Zeca Baleiro,Chico César e nenhum dos nomes que ele cita. Basta conferir a discografia destes nomes. O que Marco produziu, foi um CD infantil patrocinado pela rede de lanchonetes McDonalds (A Arca dos Bichos), onde os nomes citados foram contratados para cantar uma faixa cada.Alguns nomes que participaram do cd são nomes respeitados na música brasileira,como Zeca Baleiro,Chico César,Ed Mota...Por serem nomes sempre associados a bons trabalhos,a crítica não perdoou.
Com relação aos prêmios que diz ter ganhado produzindo Roberto Carlos,é uma meia-verdade.Camargo, produziu apenas uma coletanea de músicas religiosas chamada "Nossa Senhora" que continha uma faixa interpretada por Roberto Carlos,"mais motivado por fé e saudades de sua falecida esposa Maria Rita, do que algum encantamento com o trabalho musical de Marco Camargo.Tanto, que mesmo posteriormente a esta coletanea, Roberto não convidou Marco Camargo para produzir algum trabalho seu",há quem afirme que há um trabalho gravado que nunca foi lançado,não se sabe.
Com relação ao Grammy.Foi Grammy Latino,que é uma premiação criada pela Grammy Awards "para agraciar a indústria latina.Produtores como Liminha, Tom Cappone, Guto Graça Mello etc, possuem pelo menos umas 20 estatuetas, cada um. O único Grammy Latino que o Sr. Marco Camargo tem em sua pratileira, foi pelo DVD ao vivo do Padre Marcelo Rossi lançado em 2002. Mesmo assim, desde 2002 todos os discos de Padre Marcelo são produzidos por Nilton D´avila e mais recentemente Guto Graça Mello".
Sobre sua carreira como cantor.
"Filho de pais ricos e poderosos, Marco é tido como a "ovelha negra" da familia, sempre quis ser cantor e chegou a gravar alguns discos como cantor na dedacada de 80. Lançou alguns discos,segundo consta,bancados pela familia,que foram um fracassos de vendas, assim Marco, decidiu enveredar para os caminhos da produção (ou marketing)".

Assistam ao programa de entrevistas e entendam a razão de minha curiosidade.



Afonso Hipólito

Itamaraty pede fim dos ataques à Líbia

O governo brasileiro expressou nesta segunda-feira sua expectativa de que um cessar-fogo seja implementado “o mais breve possível” na Líbia para garantir a segurança da população, e reiterou sua postura favorável ao diálogo nesse país, em um comunicado da chancelaria.

“Ao lamentar a perda de vidas decorrente do conflito no país, o governo brasileiro manifesta expectativa de que seja implementado um cessar-fogo efetivo no mais breve prazo possível, capaz de garantir a proteção da população civil, e criar condições para o encaminhamento da crise pelo diálogo”, afirmou a nota divulgada pelo Ministério de Relações Exteriores.
“O Brasil reitera sua solidariedade com o povo líbio na busca de uma maior participação na definição do futuro político do país, em ambiente de proteção dos direitos humanos”, completou.

O Brasil absteve-se na semana passada de votar no Conselho de Segurança da ONU a resolução que autorizou o uso da força na Líbia e iniciou a atual ofensiva liderada por Estados Unidos, França e Reino Unido contra o regime de Muamar Kadhafi, confrontado por uma revolta popular iniciada em meados de fevereiro.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Encontro histórico: Obama e Dilma exaltam legado de Lula

 
 
Só o discurso não basta, Obama...

O primeiro encontro entre o primeiro presidente negro dos Estados Unidos e a primeira mulher presidente do Brasil, significou, por si só, uma oportunidade histórica para as duas nações, de simbolizar a superação de estereótipos discriminatórios e avançar no combate as desigualdades de todos os tipos. Obama declarou à nação simpatia pela aspiração do Brasil por um assento permanente no Conselho de Segurança, oportunidades na incrementação dos negócios bilaterais, interesses explícitos na área energética e na participação de empresas americanas nas obras de infra-estrutura para a copa de 2014 e Olimpíadas de 2016...Posicionamentos mais do que óbvios para um visitante em busca de uma aproximação estratégica com a segunda maior economia das Américas, uma das democracias mais estáveis do continente e do planeta.

Lula presente no reconhecimento de Obama da grandeza do Novo Brasil

Obama, em seu pronunciamento, implicitamente, destacou o papel de Lula na realização deste encontro histórico, sem citá-lo.

O destaque que Obama deu ao novo protagonismo internacional do Brasil, como país de economia forte “como umas das que mais crescem no mundo”, da ascensão social de dezenas de milhões de brasileiros para a classe média e o combate à pobreza extrema são claramente um reconhecimento do papel do presidente Lula nas afirmações do líder americano.

A "não presença" de Lula no almoço com Obama foi superada na presença dele no discurso do presidente americano, quando o mesmo elencou as vitórias brasileiras na economia, estabilização da democracia, diplomacia mundial e ascensão social do povo brasileiro.

Dilma ratificou em seu discurso o papel de Lula: "...Aqui, senhor presidente Obama, sucedo a um homem do povo, meu querido companheiro Luiz Inácio Lula da Silva, com quem tive a honra de trabalhar. Seu legado mais nobre, Presidente, foi trazer à cena política e social milhões de homens e mulheres que viviam à margem dos mais elementares direitos de cidadania.
Dos nove chefes de Estado norte-americanos que visitaram oficialmente o Brasil, o senhor é aquele que encontra o nosso país em um momento mais vibrante."

Ministros se recusam a "tirar os sapatos"

por Rodrigo Vianna 


Desde o começo da manhã, aqui em Brasília, chegavam relatos de empresários brasileiros irritados pelo fato de passarem por revista conduzida por funcionários dos EUA. Isso ocorreu no Centro de Convenções Brasil 21 – onde ocorria a cúpula de negócios Brasil/EUA, com a presença de mais de 300 executivos dos dois países.
À tarde, Obama foi ao local, para fazer um rápido discurso. Ministros brasileiros também se deslocaram pra lá. E teriam que se submeter ao mesmo esquema de revista. Indignados, vários ministros brasileiros deram meia volta e foram embora. Confirmamos agora há pouco, com assessor de um deles, que os seguintes ministros recusaram-se a participar do encontro diante da insistência dos agentes dos EUA: Mantega, Pimentel, Mercadante e Tombini (do BC).
Os ministros, imagino, preferiram protestar em silêncio, para evitar confusão. Coube ao empresário Paulo Skaf dar a informação aos jornalistas: ele considerou absurdo que o governo tenha aceito que toda a segurança ficasse a cargo dos EUA.
Por que o Itamaraty aceitou um esquema desses?
Outra pergunta: todos os ministros deram meia volta e foram embora? Ou alguns aceitaram “tirar os sapatos” pros gringos – como fez Celso Lafer durante o governo FHC? Sabemos de vários ministros convidados para o encontro, além dos 4 citados acima. Com a confusão e a dificuldade de acesso, até agora não foi possível confirmar se algum ministro brasileiro aceitou “tirar os sapatos”.
Vários jornalistas brasileiros tambgém passaram por fortes constrangimentos. Uma equipe de televisão conta que saiu do prédio para entrevistar um empresário. Ao voltar, foi barrada definitivamente – sem explicação. O tratamento para a imprensa dos EUA era diferenciado.

Itamaraty prepara nota pedindo fim dos ataques na Líbia


Por Renata Giraldi


O Ministério das Relações Exteriores prepara, nesta tarde, nota à imprensa em que defende o fim dos ataques aéreos na Líbia e das hostilidades no país. No documento, o governo brasileiro deve destacar a necessidade de buscar a paz e o diálogo, evitando o acirramento do conflito.
De acordo com diplomatas, a nota deve ser divulgada até o começo da noite. O comunicado ocorre no momento em que, alegando proteção de civis, as forças de coalizão internacional completam o terceiro dia de lançamento de mísseis sobre a Líbia.
A iniciativa brasileira segue o exemplo da Turquia e da Índia, que defenderam o cessar-fogo e que o presidente líbio, Muammar Khadafi, entregue o poder como forma de acabar com o impasse e os confrontos na região. Há mais de um mês, a Líbia vive em clima de guerra com forças leais a Khadafi enfrentando oposicionistas.
A crise agravou-se na semana passada,  com a decisão do Conselho de Segurança das Nações Unidas de autorizar a imposição de uma zona de exclusão aérea na Líbia e outras “ações”, em caso de necessidade. Na prática, o conselho autorizou a comunidade internacional a determinar intervenção no país.
A decisão do Conselho de Segurança das Nações Unidas foi aprovada por dez países. Não houve rejeições, mas o Brasil, a China, a Índia, a Rússia e a Alemanha abstiveram-se. Para o governo brasileiro, o uso da força na Líbia pode agravar ainda mais a violência na região. O ideal, de acordo com o governo, é buscar o diálogo e a negociação.
O assunto é tema de uma reunião extraordinária hoje (21), em Nova York, do Conselho de Segurança. A pedido do Líbano, os 15 representantes dos países no órgão – dez rotativos, inclusive o Brasil, e cinco permanentes – devem discutir a crise na região e a manifestação de Khadafi anunciando o cessar-fogo.

quarta-feira, 16 de março de 2011

NEM TUDO ESTÁ PERDIDO

A Câmara de vereadores de Fundão - ES aprovou,e por unanimidade,em sessão realizada em 15 de março de 2011,ontem,o fim das diárias concedidas aos servidores e vereadores do município para viagens dentro e fora do estado.Viagens estas que ao que consta em denuncias feitas por vários meios de comunicação,só foram objetivando capacitação dos servidores na teoria.Sim,porque na prática o que ocorria era turismo,muitas vezes sexual e envolvendo menores de idade.
O projeto é de autoria do presidente da Casa,Anderson Pedroni Gorza(PCdo B).
Segundo Anderson,a aprovação do projeto põe fim ao desperdício de algo em torno de cem mil reais dos cofres do município.
O valor para viagens dentro do Estado  era de duzentos reais,já para as viagens feitas para fora do Estado,quatrocentos reais.
Agora o projeto deve ser enviado para sanção do prefeito Marco Fernando Moraes (PDT).
Outra coisas bacana foi a aprovação,também por unanimidade,do perojeto que prevê a redução do recesso legislativo de noventa para trinta dias.
A proposta foi do vice-presidente,vereador Claydson Pimentel Rodrigues(PSB).
Assim os parlamentares terão férias de trinta e um de dezembro a trinta e um de janeiro.
Bom,agora é esperar que tudo continue caminhando como caminhou até agora,principalmente no segundo turno de votação,que será em primeiro de abril.
Não vamos parabenizar os vereadores de Fundão por cumprir um pouco do dever,mas que é sempre bom saber de algo assim,com certeza é.



Afonso Hipólito

DESASTRE NO JAPÃO E OPORTUNISMO ANTINUCLEAR

Postado por Carlos Orsi aqui


Sobre a energia nuclear, nossa amiga incompreendida

A maior parte da humanidade tem uma visão estereotipada do uso da energia atômica. Vários filmes de qualidade duvidosa durante a Guerra Fria, quando o temor de uma guerra nuclear era evidente, praticamente colocaram no senso comum que usina nuclear e bomba atômica "é tudo a mesma coisa e deve ser banida a todo custo". Talvez comece por aí a motivação do verdadeiro circo de informações errôneas sobre o que está acontecendo atualmente em Fukushima, no Japão. No final de semana, no auge da crise, a radiação em torno do prédio do reator (o lugar em que a radiação estaria mais forte) era de 1,5 milisievert por hora. Ou seja, sentado no topo do prédio do reator um camarada demoraria uma hora para absorver 1,5 milisievert. Isso, por si, não diz muita coisa, certo? Seria o suficiente para provocar mutações horríveis e fazer surgir o Godzilla no fundo do oceano? Nem tanto. Só para efeito de comparação, quando um paciente faz uma tomografia computadorizada de crânio, absorve, em menos de um minuto, 2 milisievert. De tórax? Até 5 milisievert. Abdome e pelve juntos? Até 8 milisievert. No caso dos militares americanos expostos, a dose máxima de radiação a bordo do porta-aviões foi "menor do que a recebida em um mês de exposição à radiação de fontes naturais como as rochas, a terra e o sol". A mesma notícia informa que "a radiação pode ser eliminada com água e sabão". 

http://4.bp.blogspot.com/_B2PBQFsQI8I/SdlbXxKBdCI/AAAAAAAAANc/wRlETubkhXw/s320/sub-square-barney.gif
Godzilla após receber muita radiação. 

Não obstante, até mesmo quando aparece um ou outro artigo defendendo a energia nuclear e criticando a histeria, alguns pontos precisam ser esclarecidos. Vejam este exemplo:


Há várias razões para questionar a opção pelo uso de energia nuclear -- para citar as duas que considero mais importantes, há o problema da destinação do lixo atômico e o do uso bélico da tecnologia -- mas o estado da instalação nuclear japonesa de Fukushima após o terremoto-com-tsunami que atingiu o país não é uma delas, ao contrário do que algumas pessoas (incluindo gente que, por dever profissional, deveria saber melhor) andam dizendo. Digo, se um meteorito gigante atingir a barragem de Itaipu e a inundação subsequente devastar Buenos Aires, isso será motivo para questionar a opção pela energia hidrelétrica? Quando um motorista sofre um ataque cardíaco ao volante, sobe na calçada e mata uma criança, isso nos leva a questionar a tecnologia do motor a explosão interna?

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLA3kDRmlIl6oVVjROmGJ2EgXDEy8qxqY1R6YRLrnGdxpuzqEwsnijM1Kwp5fnOs4L_RhLYfyCEQRfLqDFLxukvlZTZ8a2ujnPgsGrzcTiyEnfOu2OpODSXP2nE89eqOQqu_on2qwpisc0/s200/Nuclear_WArning_Sign_by_Bekey_by_Bekey.jpg

Quem aponta para Fukushima (que, tendo em vista a magnitude do tremor e do tsunami, está se aguentando muito bem, ao menos por enquanto) como sinal dos riscos da energia nuclear se esquece de que toda decisão humana implica riscos. É perfeitamente concebível que uma decisão diferente da adoção da fissão nuclear como fonte de energia tivesse riscos menores, ou mais aceitáveis, mas esse é o tipo de análise que tem de ser feita numa base caso-a-caso. Usar Fukushima como um argumento genérico contra a opção nuclear me parece tão desonesto quanto culpar a gasolina pelas mortes por atropelamento. Para quem quiser saber mais sobre reatores de fissão, há uma boa postagem neste blog; e o físico Michio Kaku está acompanhando a situação de Fukushima, aqui. A imagem que ilustra a postagem veio daqui

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O que faltou dizer:

Na verdade, "o problema da destinação do lixo atômico" é superestimado e trata-se de factóide. Vale ilustrar com um exemplo vindo da boca do próprio James Lovelock, que é o criador da Hipótese Gaia, mas que hoje em dia é 100% a favor da energia nuclear. Cem gramas de urânio - um pedacinho talvez do tamanho de um chicletes grande, considerando o quão absurda é a densidade do urânio - gera tanta energia quanto 600 toneladas de carvão. Agora, o que será que causa mais impacto ambiental: queimar uns cinco, seis vagões de trem cheios de carvão até a borda, lançando toda a porcariada resultante - cinzas, CO2, enxofre - na atmosfera; ou fazer o "chiclete" gerar a mesma quantidade de calor sem exalar nada, e depois guardar o "chiclete" gasto em uma caixa de concreto?

Saindo do exemplo do Lovelock, alguns exemplos práticos de como o "problema" do lixo nuclear é tratado sem stress pelo mundo afora:

- Na França, a maioria da energia é de origem nuclear, e isso há mais de 30 anos. No entanto, o país inteiro tem *um* depósito de lixo nuclear, com dezenas de milhares de metros cúbicos de lixo atômico. "Dezenas de milhares de metros cúbicos" pode parecer muita coisa (e inclusive o número solto é usado em relatórios alarmistas do Greenpeace porque soa grande), mas um galpão grande, de 100x100x10 metros, já tem cem mil metros cúbicos de capacidade. Francamente, um caixotão de concreto a cada 30 anos para um país inteiro não é exatamente uma demanda monstruosa de infra-estrutura. E não estamos falando de um país qualquer, a França é um país que utiliza muita energia.

- Aqui no Brasil, o lixo nuclear das Angras 1 e 2 - que funcionam há mais de 20 anos - é todo guardado em um único caixotão de concreto por lá mesmo. Recentemente uma reportagem da Globo News apresentou o local quase todo vazio, só com umas pilhas de material jogadas em um canto.

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E por que não energia eólica ou solar ao invés de nuclear?

A energia solar e a eólica são enganosamente baratas. Na verdade, elas exigem mais despesas para a sua produção do que o retorno em termos de geração de energia; são formas primitivas de geração energética, utilizáveis apenas em locais muito remotos onde outras opções não estão disponíveis. Um país que dependesse em grande escala destas categorias levaria inevitavelmente a sua economia ao colapso. Na Alemanha, já há movimentos contrários à proliferação de usinas eólicas. Já se disse que elas causaram uma devastação na paisagem maior do que a Guerra dos Trinta Anos. Tanto a produção eólica como a fotovoltaica padecem duma desvantagem atroz: demandam enormes extensões de território para a sua operação. O maior sítio solar do mundo, na Califórnia, que alimenta apenas 50 mil residências, se espalha por uma superfície de 1 milhão de metros quadrados!

Em relação aos custos de energia, as diferenças são ainda mais brutais. Enquanto as células solares exigem um custo de US$680,00/MWh, um reator de fissão nuclear (água leve) demanda um custo de meros US$28,50/MWh! É necessário um investimento de capital de US$28,90 bilhões para se obter 1 gigawatt solar, contra apenas US$1,16 para o gigawatt nuclear. Com a fusão termonuclear controlada, escaparíamos das limitações dos combustíveis não renováveis. O hidrogênio é abundante no universo e a obtenção do isótopo de deutério de misturas de hidrogênio-isótopos, disponíveis na Terra e em outros lugares, está bem estabelecida. O combustível para a fusão é quase ilimitado em relação a outras fontes de energia na Terra, e, conforme a tecnologia avança, o fornecimento de combustível se tornará totalmente ilimitado para todos os propósitos práticos previsíveis, por milênios afora.

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(escrito com a ajuda do ilustre Dr. Omni, meu especialista preferido neste tipo de assunto, do Dr. Marco Lazzeri, além da paciência do não menos ilustre girino vey). 

sexta-feira, 11 de março de 2011

FAQ SOBRE O CASO CESARE BATTISTI


por Valerio Evangelisti




Talvez alguém tenha pensado que o nosso longo silêncio sobre o "caso Battisti" – o escritor obrigado a fugir da França há um ano, para evitar a extradição para a Itália – significasse distração ou resignação. De jeito nenhum. Esperávamos apenas que a poeira levantada de cá e de lá dos Alpes pela mídia à beira de um ataque de nervos baixasse. E então, aconteceu. O tempo chegou, inclusive para a declaração da Corte dos Direitos Humanos de Estrasburgo (única estância que restou a Cesare Battisti, depois de uma série de sentenças ditadas por uma justiça vergonhosamente dirigida pelo poder político) no sentido de rediscutir a questão – estreitamente ligada à regularidade dos grandes processos que foram abertos nos anos 70 e 80 contra os militantes, verdadeiros ou supostos, e contra os grupos armados de extrema esquerda (caso Fioroni, caso 7 aprile, caso Tobagi, caso Torregiani).
Republicaremos, portanto, em versão atualizada de acordo com os eventos, os FAQ sobre Cesare Battisti, os quais já foram publicados há um ano. Acreditamos que não haja nem apenas uma linha aqui escrita incontestável e que a leitura faça entender àqueles com honestidade intelectual suficiente como a culpa de Battisti ainda esteja por provar. Na ocasião, agradecemos pela primeira vez publicamente, os tantos jornalistas que mesmo contribuindo para linchar Battisti com suas matérias, nos ajudaram na busca pela verdade.

Por que Cesare Battisti foi preso em 1979?

Ele foi preso no âmbito das prisões que abateram o Coletivo Autônomo da Barona (um bairro de Milão) depois do assassinato, em 16 de fevereiro de 1979, do joalheiro Luigi Pietro Torregiani.

Por que o joalheiro Torregiani foi assassinado?

Porque em 22 de janeiro de 1979, com um conhecido também armado, ele matou Orazio Daidone: um dos assaltantes do restaurante Il Transatlantico aonde Torregiani jantava com outras pessoas. Um cliente, Vincenzo Consoli, morreu no tiroteio e um outro foi ferido. Quem matou Torregiani pretendia acertar aqueles que, na época, “faziam justiça com as próprias mãos”.

Cesare Battisti participou do assalto ao Il Transatlantico?

Não. Ninguém nunca afirmou isso. Foi um caso de delinqüência comum.

Cesare Battisti participou do assassinato de Torregiani?

Não. Isso também – apesar de ter sido afirmado primeiramente – foi totalmente excluído. Além disso, também foi impossível envolvê-lo na morte do açougueiro Lino Sabbadin, que aconteceu na província de Udine no mesmo dia 16 de fevereiro de 1979, quase na mesma hora.

Se deixou entender que Cesare Battisti feriu um dos filhos adotivos de Torregiani, Alberto, que ficou paraplégico.

Alberto Torregiani foi ferido por uma bala disparada pelo seu próprio pai durante o tiroteio.

Por que então Cesare Battisti foi relacionado com o homicídio de Torregiani?

Porque, como ele mesmo reconheceu, ele fez parte do grupo que reinvidicou o atentado, os Proletários Armados pelo Comunismo. O mesmo grupo que reinvidicou o atentado contra Sabbadin.

O que eram os Proletários Armados pelo Comunismo (PAC)?

Um dos vários grupos armados que surgiram no fim dos anos 1970 do movimento dito da Autonomia Operária e dedicados ao que eles chamavam de “ilegalidade difusa”: as “expropriações” (bancos, supermercados) as represálias contra as empresas que organizavam o “trabalho negro”, até, mais raramente, ferimentos e homicídios.

Os PAC se assemelhavam as Brigadas Vermelhas?

Não. Como todos os grupos autônomos eles não visavam nem a construção de um novo partido comunista nem a tomada do poder. Eles tentavam conseguir o controle do território mudando o balanço de poder em favor das classes subalternas e em particular de seus componentes jovens. Este projeto, não importa como ele seja julgado (ele não deu certo), não tem nenhuma semelhança com o das BV.

O senhor Armando Spataro, um dos membros do Ministério Público do caso Torregiani, disse recentemente que o número de membros dos PAC não passou de trinta.

Ele tem uma memória ruim. As pessoas indagadas por pertencer aos PAC foram ao menos 60. A maior parte era de jovens operários. Depois vinham os desempregados e professores. Os estudantes eram três.

Trinta ou sessenta: isso não faz muita diferença.

Faz sim, ao contrário. Mudam as probabilidades de participação nas escolhas gerais da organização, assim como mudam as ações projetadas para ela. Não esqueçamos que dezenas de roubos foram atribuídos aos PAC, porém os homicídios foram quatro. A participação direta em um destes se torna menos provável se se dobra o número de efetivos.

Cesare Battisti era o chefe dos PAC ou um de seus chefes?

Não. Essa é uma invenção jornalística criada recentemente. Nem os autos do processo, nem os outros indivíduos o consideravam como um dos líderes. Ademais, ele não tinha um passado que o permitisse ter um papel deste tipo. Ele era um militante entre outros tantos.

Durante o processo, Battisti foi julgado como sendo um dos “organizadores” do homicídio de Torregiani.

Por dedução. Ele teria participado das reuniões nas quais se discutiu um possível atentado, sem exprimir opinião contrária. Somente com a entrada em cena do arrependido Mutti – após Battisti, condenado a doze anos e meio ter escapado da prisão e fugido para o México – que a acusação foi feita, mas novamente pela via dedutiva. Porque Battisti foi acusado por Mutti de ter tido um papel de cobertura no homicídio de Sabbadin e porque os atentados a Torregiani e a Sabbadin foram claramente inspirados na mesma estratégia (atacar comerciantes que assassinaram assaltantes), logo Battisti deveria necessariamente estar entre os “organizadores” da emboscada a Torregiani, mesmo que ele não tenha participado pessoalmente.

Entretanto, de todos os crimes atribuídos a Battisti, o que mais recebeu destaque foi precisamente o caso Torregiani.

Pode ser que este caso, mais do que os outros, se prestasse a uma utilização “espetacular” (veja o emprego recorrente de Alberto Torregiano, para dizer quem o feriu). Ou talvez – dadas algumas propostas recentes do ministro Castelli, sobre o tema da auto defesa dos comerciantes – este episódio fosse capaz de melhor fazer certas cordas vibrarem no eleitorado de referência.

De qualquer maneira, quem defende Battisti, freqüentemente usou a estratégia da “simultaneidade” entre os crimes Torregiani e Sabbadin, enquanto Battisti foi acusado de ter organizado o primeiro e executado o segundo.

Isso se deve à ambigüidade própria da primeira investigação de extradição de Battisti (1991), às informações contraditórias fornecidas pelos jornais (o número e as especificidades dos delitos variava de artigo a artigo), do silêncio de quem sabia. Não nos esqueçamos que Armando Spataro começou a fornecer detalhes, ou melhor, um certo número de detalhes, somente quando viu que a campanha a favor de Cesare Battisti estava por reavivar a discussão sobre o modo com o qual ele e outros magistrados envolvidos (Corrado Carnevali, Pietro Forno, etc.) haviam conduzido as investigações. Não nos esqueçamos também que o governo italiano desistiu de submeter aos magistrados franceses, na véspera da sessão que deveria decidir sobre a nova questão de extradição de Cesare Battisti, 800 páginas de documentos. É fácil argumentar que a documentação produzida até aquele momento se julgava lacunosa. Esta apresentava lacunas para quem pretendia que Battisti fosse extraditado.

De todo modo, o caso de Cesare Battisti e dos outros acusados do delito Torregiani foi um processo regular.

Não, não foi. E demonstrá-lo é simples.

Por que o processo Torregiani, depois estendido a todos os casos dos PAC, não foi regular?

Façamo-nos claros: não foi regular senão no quadro das distorções da legalidade introduzidas da assim considerada “emergência”. No âmbito do direito geral, o processo estava viciado de pelo menos três elementos: o recurso à tortura para estorcer confissão na fase de investigação, o uso de testemunhas menores de idade ou com distúrbios mentais, a multiplicação das imputações com base nas declarações de um arrependido de confiabilidade incerta, além de outros elementos menores.

Os magistrados torturaram os presos?

Não. Foi a polícia que os torturou. Foram ao todo treze denúncias: oito provenientes de acusados e cinco de seus parentes. Não que seja um fato inédito, mas é, até certo ponto, insólito, em se tratando de uma investigação daquele tipo. Os magistrados se limitaram a receber as denúncias, para depois arquivá-las.

Talvez as tenham arquivado porque não se tratava de torturas verdadeiras mas simplesmente de forte pressão sobre os acusados.

Um dos casos denunciados com maior freqüência foi o de obrigar a engolir água jogada na garganta do interrogado, a toda pressão, por um tubo, enquanto um agente o agredia com joelhadas no estômago. Todos denunciaram que tiveram que despir-se, enrolar-se em cobertas – para que não ficassem sinais e depois agredidos com socos e pauladas. Às vezes presos a uma mesa ou a um banco.

Se os magistrados não deram seguimento às denúncias, talvez tenha sido porque não havia provas que tudo realmente aconteceu.

De fato o procurador substituto Alfonso Marra, encarregado de referir-se ao juiz da investigação Maurizio Grigo, depois de reeditar as infrações cometidas pelos agentes da Digos de “lesões” a “golpes” por ausência de sinais permanentes no corpo (na Itália não existia o crime de tortura e nem mesmo existe, graças ao ministro Castelli e ao seu partido), concluiu que mesmo a imputação de golpes não podia seguir, visto que os agentes, únicas testemunhas, não confirmaram. O PM Corrado Carnevali, titular do processo Toregiani, insinuou que as denúncias de tortura fossem um sistema adotado pelos acusados para deslegitimar a investigação como um todo.

Nada do que diz o PM Carnevali é verdadeiro?

Nem apenas um fato coincide com a sua tese. Em 25 de fevereiro de 1979, o acusado Sisinio Bitti denunciou ao procurador substituto Armando Spataro as torturas sofridas e desmentiu as confissões feitas durante o interrogatório. Além do mais, contou que um policial, aogolpeá-lo com um cassetete, o incitou a denunciar um certo Angelo; e ele denunciou o único Angelo que conhecia, Angelo Franco. Ele, um operário, negou o fato, mas não foi acreditado, e foi preso como participante do atentado Torregiani. Só que poucos dias depois tiveram que soltá-lo: não poderia, de jeito nenhum, ter feito parte do ato. Portanto o desmentir de Bitti era verdadeiro e, portanto, com toda probabilidade, também a violência que o extorquiu a falsa confissão.

Mesmo que admitido o recurso na fase da investigação, isso não absolve Cesare Battisti.

Não, mas dá a idéia do tipo de processo no qual está implicado. Definir-lo como “regular” é um pouco discutível. Dentre os interrogatórios de acusação, figuraram uma menina de quinze anos, Rita Vitrani, chamada a depor contra seu tio e também Walter Andreatta, que logo caiu em estado de confusão e foi declarado “desequilibrado” e vitima de crises depressivas graves pelos peritos do tribunal.

Mesmo admitindo o quadro precário da investigação, há que considerar que Cesare Battisti renunciou ao seu direito defender-se. Quase uma admissão de culpa, mesmo se, antes de calar-se, se proclamou inocente.

Pode parecer assim hoje, mas não à época. Naquele tempo, os militantes dos grupos armados capturados se proclamavam prisioneiros políticos, e renunciavam a defesa porque não reconheciam a “justiça burguesa”. Battisti renunciou porque disse que duvidava do equilíbrio do processo.

Apesar da violência e das testemunhas pouco confiáveis do processo de investigação, o processo foi conduzido às conclusões com equidade?

Não exatamente. Os acusados secundários foram condenados a penas desproporcionadas. O já citado Bitti, declarado inocente de todos os delitos, foi igualmente condenado a três anos e meio de prisão por o terem escutado aprovar o atentado a Terregiani em local público. Foi dada a largada ao assim chamado “concurso moral” em homicídio, inspirado diretamente nos procedimentos da Santa Inquisição. O já mencionado Angelo Franco, poucos dias depois de libertado, foi preso novamente, desta vez por associação subversiva e condenado a cinco anos, somente porque era um freqüentador do coletivo autônomo.

Segundo Luciano Violante, uma certa dureza era indispensável para apagar o terrorismo. E Armando Spataro argumenta que, para este fim, o agravante da ”finalidade terrorista”, que dobrava as penas, se revelou uma arma decisiva.

Apagou também as vidas de muitos jovens, presos com imputações destinadas a agravar-se de maneira exponencial no curso da detenção, mesmo que na ausência de fatos de sangue.

Isso não vale para Cesare Battisti, condenado a prisão perpétua, por ter participado de dois homicídios e executado outros dois.

Ao fim do processo de primeiro grau Battisti, preso originalmente por imputações secundárias, se viu condenado a doze anos e meio de prisão. A sentença de prisão perpétua veio cinco anos depois da sua fuga da prisão. Mas agora é hora de falar dos “arrependidos” e, sobretudo, do único arrependido que o acusou, para depois entrar no mérito dos outros três delitos.

Tentemos entender o que é um “arrependido”.

Se nos referirmos aos grupos de extrema esquerda, são assim chamados os que foram detidos por crimes conectados a associações armadas e que, em troca de descontos consideráveis na pena, renegam as suas experiências e aceitam denunciar os companheiros, contribuindo para que sejam presos e para o desmantelamento da organização. De fato, figuras do gênero existiam já no fim dos anos 70, mas entrou com estabilidade na ordenação jurídica primeiro com a “lei Cossiga” 6.2.1980n.15 e depois com a “lei sobre os arrependidos” 29.5.1982n.304. Os perigos desse mecanismo se manifestaram tanto antes quanto depois dessa data.


Quais seriam os “perigos”?

A lógica da lei fazia com que o “arrependido” pudesse contar com a redução da pena, que variava de acordo com o número de denúncias feitas. Assim sendo, exaurindo-se o reservatório de informações no seu processo, era levado a atingir as presunções e as vozes recolhidas aqui e acolá. Além do mais, a retroatividade das leis possibilitava a delação indiscriminada depois de muitos anos dos fatos, quando já era impossível encontrar resquícios materiais.

Existem exemplos desses efeitos perversos?

O caso mais famoso foi o de Carlo Fioroni que, ameaçado de prisão perpétua por um seqüestro que tinha por finalidade resgatar um amigo detido no curso de um rapto, acusou de cumplicidade Toni Negri, Oreste Scalzone e outras personalidades da organização Potere Operaio, escapando assim da condenação. Mas há outros arrependidos também, como Marco Barbone (hoje colaborador de jornais de direita), Antonio Savasta, Pietro Mutti, etc. que seguiram anos a fio a espremer a memória e a destilar nomes. Cada denúncia era seguida de prisões. Tanto que a detenção virou arma de pressão para obter arrependimentos consecutivos. Porém, isso só se revelou como um escândalo num segundo momento, quando a lógica do arrependimento aplicada no campo da criminalidade comum provocou o caso Tortora e outros menos famosos.

Pietro Mutti foi o acusador principal de Cesare Battisti. Quem era?

Figurou entre os acusados do processo Torregiani, mesmo foragido, e a acusação pediu para ele oito anos de prisão. Foi capturado em 1982 (depois que Battisti já tinha fugido), após a fuga de alguns militantes da Prima Linea da prisão Rovigo, em 4 de janeiro daquele ano. Mutti foi acusado de ser um dos organizadores da fuga.

De quais delitos Mutti, uma vez arrependido, acusou Battisti?

Deixando de lado os delitos menores, por três homicídios. Battisti (com uma cúmplice) haveria diretamente assassinado, no dia 6 de junho de 1978, o marechal dos agentes de custodia do cárcere de Udine Antonio Santoro, que os Pacs haviam acusado de maus tratos para com os detentos. Haveria diretamente assassinado em Milão, no dia 19 de abril de 1979 o agente da Digos Andréa Campagna, que participou das primeiras detenções ligadas ao caso Torregiani. Entre os dois delitos, sem disparar diretamente, mas ainda assim com papel de cobertura, ao já citado homicídio do açougueiro Lino Sabbadin de Santa Maria di Sala.

O homicídio de Sabbadin é o mais falado de todos. Em uma entrevista ao grupo de extrema direita francês Bloc Identitaire, o filho de Lino Sabbadin, Adriano, declarou que os assassinos de seu pai seriam cúmplices dos seqüestradores que o mataram.

Ou a resposta foi mal interpretada, ou declarou algo que não partiu da realidade. Melhor é deixar de lado as declarações dos parentes das vítimas, cuja função, no curso do processo contra Battisti, tem sido essencialmente espetacular.

Cesare Battisti é culpado ou inocente dos três homicídios que foi acusado por Mutti?

Ele se diz inocente, mesmo que se faça responsável pela escolha equivocada na direção da violência que, naqueles anos, envolveu ele e tantos outros jovens. Porém não é uma questão de estabelecer se Battisti é inocente. É, ao invés, uma questão de ver se a sua culpa foi até agora verdadeiramente provada, bem como de verificar, para tal fim, se o processo que conduziu a sua sentença pode ser considerado correto. Caso contrário, não se explicaria a ferocidade com a qual o governo italiano, com o apoio inclusive de nomes ilustres da oposição, tenta extraditar Battisti da França.

Além das denúncias de Mutti, surgiram outras provas contra Battisti, pelos crimes Santoro, Sabbadin (mesmo que no papel de cobertura) e Campagna?

Não. Quando hoje os magistrados falam em provas, se referem ao cruzamento de informações feito por eles, entre as declarações de um arrependido (no nosso caso Mutti) e os indícios indiretamente fornecidos por desassociados.

O que seria um "desassociado"?

Quem se afasta da organização armada da qual participava e confessa delitos e circunstâncias que o incluem sem, porém, acusar os outros. Isso infere uma redução na pena, mesmo que obviamente inferior àquela de um arrependido.

De que maneira um desassociado pode fornecer indiretamente indícios?

Por exemplo, se afirma de não ter participado de uma reunião porque discordava de certa ação que planejavam, mesmo sem dizer quem estava presente. Se, no meio tempo, um arrependido, disser que X participou daquela reunião, então X figura automaticamente entre os organizadores.

O que tem nessa lógica que não funciona?

O problema é que a denúncia feita diretamente por um arrependido bem como o indício fornecido pelo desassociado, provêm de sujeitos seduzidos pela promessa de diminuição da própria pena. A opinião deles, se faltam averiguações, são efetuadas pelo magistrado que a escolhe entre várias possíveis. Além do mais, é o arrependido que tem incentivos maiores para serem determinantes. Tudo que em outros países (não totalitários) seria admitido na fase da investigação e na fase da argüição para o confronto com o acusado, não seria jamais aceito como valor probatório na fase do julgamento. Na Itália sim.

No caso de Battisti faltam outras averiguações?

Há somente reconhecimentos de interrogatórios que o mesmo magistrado Armando Spataro definiu como pouco significativos. No caso do agente Campagna, os interrogatórios indicaram dois autores do atentado: uma mulher e um homem barbudo de 1,90m. O arrependido Mutti forneceu os nomes para identificá-los. Mesmo assim, Battisti é baixo (e na época não usava barba, mesmo que naturalmente pudesse ter uma falsa). A cúmplice acusada por Mutti foi completamente libertada em 1994, por não ter cometido o ato.

Mas o arrependido Pietro Mutti não pode ser considerado confiável? Haveria motivos para inferir que ele caiu no mecanismo “quanto mais confessar, menos tempo fico na prisão”?

Sim. As denúncias de Pietro Mutti não tem a ver somente com Battisti e os PAC, mas apontaram nas direções mais variadas. A mais famosa se referia a OLP de Yasser Arafat, que teria fornecido armas para as Brigadas Vermelhas (Brigade Rosse). Especificamente, listou Mutti, “três fuzis AK47, 20 granadas de mão, duas metralhadoras FAL, três revólveres, uma carabina, 30 quilos de explosivo e 10 000 detonadores” (não é muito, exceto o número destoante de detonadores; faltava apenas que Arafat entregasse uma pistola de ar comprimido). O procurador Carlo Mastelloni pode, na base desta revelação preciosa, adicionar um capítulo a sua “investigação veneta” sobre relações entre terroristas italianos e palestinos e chamou Yasser Arafat para depor. Depois tiveram que arquivar tudo, porque Arafat não foi e o resto esmoreceu.

O que tem a ver com as armas, provenientes da Fronte Popular para a Libertação da Palestina, vendidas em 1979 por um tal Maurizio Follini, o que Amarndo Spataro disse de ser militante dos PAC?

Follini era um mercador de armas e, segundo alguns, espião soviético. Foi colocado no jogo por Mutti, mas em relação a outros grupos convém estender um véu piedoso depois de notar que as denúncias de Mutti, tendiam ao delírio.

Mutti não será chamado para outras investigações, mas nada nos garante que, pelo menos sobre os PAC, não estivesse dizendo a verdade.

Já disse que em 1994 a Cassação absolveu uma co-acusada de Battisti, também ela denunciada por Mutti pelo crime Campagna. Falo de 1994. Por dez anos a magistratura acreditou, por sua própria conta, nas acusações do arrependido. Isso deveria ser comentado por si só. Mas deve-se acrescentar que muitas vezes, no curso dos processos, Mutti endossou a Battisti culpas próprias ou de seus próprios amigos, salvo quando deveria se reportar às evidências dos fatos.

Um exemplo?

O crime Santoro, materialmente executado do mesmo Mutti e de seu cúmplice chamado Giacomin (que confessou). Num primeiro momento, o arrependido endossou a Battisti a responsabilidade de ter disparado. Depois, declarou que a função de Battisti era a de motorista.

Armando Spataro fala de testemunhas válidas acusando Battisti.

É verdade. Uma pena que fique vago e não saibam indicar nem ao menos uma.

Mesmo admitindo que o processo que levou à condenação de Cesare Battisti tenha sido viciado por irregularidades e que tenha se baseado em deposições de um arrependido pouco confiável, com certeza Battisti pode defender-se nos graus sucessivos do julgamento.

Não é assim, pelo menos por quanto se refere ao processo de apelo de 1986 que modificou a sentença de primeiro grau e o condenou a prisão perpétua. Battisti estava, na época, no México e ignorava o que acontecia contra ele na Itália.

O magistrado Armando Spataro disse que, mesmo fora da alçada de sua iniciativa na justiça italiana, Battisti poderia defender-se em todos os graus do processo por meio do advogado por ele indicado.

Isso é verdade somente para o período no qual Battisti se encontrava já na França e portanto vale essencialmente para o processo Cassazione que teve lugar em 1991. Não vale para o processo de 1986, que desencadeou na sentença da Corte de Apelo de Milão de 24 de junho daquele ano. Naquele tempo Battisti não tinha contatos nem com os advogados, pagados pelas famílias, nem com os próprios familiares. Foi provado que perto da nominação do defensor, deixou o mandato que foi depois ocupado por outros.

Isso ele próprio disse.

Disse também o advogado Giuseppe Pelazza de Milão, que assumiu a defesa e disseram também os familiares. Mas certamente se trata de testemunhas parciais. Resta o fato que Battisti não teve nenhum confronto com o arrependido Mutti que o acusou. Foi sottratto ao cárcere, concordo; mas o dado objetivo é que não puderam intervir em um procedimento que comutava sua condenação de doze anos de prisão em dois ergastoli e lhe atribuía a execução de dois homicídios, a participação variou títulos a outros dois, alguns ferimentos e mais ou menos sessenta de rapinas (ou seja, toda a atividade dos PAC). Isso era e é admissível para a lei italiana, mas não para a legislação de outros países que, mesmo prevendo a condenação em contumacia, impõe a repetição do processo a qualquer momento que o acusado seja capturado.

Armando Spataro diz que a Corte dos Direitos Humanos de Estrasburgo julgou o acusado de acordo com a práxis italiana do processo de contumácia.

Verdade. Mas o magistrado Spataro se referia a apenas uma sentença e se esqueceu de todas aquelas nas quais a mesma Corte recomendou à Itália que se adequasse às normas vigentes no resto da Europa no tema da contumácia. Por outro lado, é jurisprudência constante da Corte dos Direitos Humanos manter legítimo o processo em contumácia somente se o acusado foi apresentado aos procedimentos contra ele. Isso no caso de Battisti não é demonstrável. E não basta nem mesmo que o seu advogado tenha sido avisado. Segundo o artigo 42 do código de deontologia da corte de Estrasburgo, o advogado representa efetivamente o cliente somente se 1) o primeiro se conforma às decisões a cerca das finalidades do mandato de representá-lo; 2) o advogado consulta com o cliente sobre os modos para perseguir tais finalidades. O ponto 2, porquanto se refira ao processo de apelo de 1986, com certeza não foi aplicado. Da mesma forma, o ponto 1) é duvidoso. Nada demonstra que Battisti tenha tido noticias do processo que se referia a ele, e os elementos tendem a provar o contrário.

São sofismas que não demonstram nada e que se esquecem a essência da questão escondendo-a nas formas jurídicas.

Mas Battisti não foi chamado a provar nada! O ônus da prova recai sobre quem o acusa. Quanto à essência da questão, tentemos recapitular: 1) uma investigação que nasce da confissão extorquida com métodos violentos; 2) uma série de testemunhos de elementos incapazes por idade ou faculdade mental; 3) uma sentença exageradamente severa; 4) um agravamento da mesma sentença devido à aparição tardia de um “arrependido” que dispara acusações sempre mais graves e generalizadas, caindo em infinitas contradições. O quadro geral é de uma norma exasperada e que contribui para finalizar com um rápido sufocamento de um movimento social de grande importância, mais amplo que os fatos singulares.

É inútil trocar os braços pelas pernas. Cesare Battiste nunca manifestou arrependimento

O direito moderno, e isso já disse, reprime os comportamentos ilícitos e ignora as consciências individuais. Declarar um arrependimento qualquer era típico de Torquemada ou de Vishinskij.

Battisti comemorou quando foi libertado.

Não é um comportamento bizarro, ao se considerar como se está ao sair de uma prisão. Sabe de uma coisa, Paolo Persichetti, desde que foi exilado, passa de uma penitenciária a outra e inicialmente se viu proibido de ter instrumentos para escrever.

Não se pode liquidar assim, de uma vez só, um problema mais complexo.

Exatamente. Não se pode liquidar assim um problema mais geral da saída, de uma vez por todas, do regime de emergência, com as aberrações jurídicas que foram introduzidas na lei italiana.



16 de setembro de 2005.