Após 25 anos, os acusados do assassinato do prefeito
Anastácio Cassaro serão julgados por júri popular.
Foram 25 anos de impunidade. No próximo dia 29,
terça-feira, às 8h30, o Tribunal do Júri de Vitória começa a
definir o futuro dos acusados de matar o então prefeito de
São Gabriel da Palha, Anastácio Cassaro, na época com 59
anos de idade.
Para a família, termina a angústia
da expectativa de que a Justiça
será aplicada aos envolvidos
no crime, que chocou a sociedade
capixaba.
O prefeito foi morto na noite de
3 de abril de 86 com dois tiros de
revólver disparados pelas costas.
Estava dentro de um carro, ia sair
em companhia do filho, o ex-deputado
estadual Arildo Cassaro, e
seu sobrinho, Evaldo de Castro,
quando foi emboscado em Goiabeiras,
Vitória. O pistoleiro fugiu
num Chevette branco sem placa,
acompanhado de um comparsa.
Em abril de 86,
mês da execução,
Cassaro estava na
capital para finalizar
detalhes da organização
da Festa
do Café, preparando
a visita do então
presidente da República
e atual senador
José Sarney.
Naquela noite
passara na casa do
filho, como era seu
costume, para seguir
viagem. Como
consequência da visita,
foi executado.
Seu sobrinho foi baleado
com dois tiros,
um em cada perna.
Durante as investigações,
revelou-se
que o crime foi encomendado
por interesses
políticos.
Os réus apontados
como mandantes
permanecem em liberdade:
Fernando
Lourenço de Martins
(filho do viceprefeito),
o médico Edvaldo Lopes
de Vargas, Jorge Antônio
Costa, Carlos Smith Frota e Luís
Carlos Darós, o Rosquete. Já os
executores, José Sasso e Jorge
Bilce, foram eliminados. Sasso foi
envenenado no presídio de Linhares
e Bilce, morto numa emboscada
em Rondônia.
No processo, figurava como
mandante o então vice-prefeito
Firmino de Martins. que teve decretada
a extinção da punibilidade.
A decisão do juiz Marcelo
Soares Cunha levou em conta a
prescrição do delito, em função
de Firmino ter completado 70
anos.
A denúncia foi apresentada pela
então representante do Ministério
Público Estadual, promotoraMagda
Regina Lugon, à 3ª Vara
Criminal de Vitória. Todos os
c i t a d o s n o p r o c e s s o n º
024.890.235.393 foram indiciados.
O juiz criminal da época, Paulo
Nicola Copolillo, recebeu a denúncia
e determinou a prisão dos
acusados no dia 15 de abril de 86,
12 dias após o homicídio. O crime
contra Anastácio Cassaro foi
qualificado pela
Promotoria Pública
como vingança por
motivo torpe.
O então prefeito
de São Gabriel da
Palha era conhecido
pela rigidez na administração,
não
permitia negociatas
e malversação com
dinheiro público,
portanto, contrariava
grupos com interesses
em auferir
vantagens na prefeitura.
O grupo Consórcio
de Crime tramava
a execução de
Cassaro para possibilitar
a ascensão ao
cargo do vice-prefeito
Firmino de
Martins, pai de Fernando
Martins, de
acordo com o inquérito.
O prefeito
havia sido avisado
de que estava marcado
para morrer.
A mesma denúncia
foi encaminhada ao secretário
da Segurança da época, Dirceu
Cardoso. Um vereador denunciou
o envolvimento de Jorge
da Costa, subdelegado de São
Gabriel da Palha. Costa tinha sido
exonerado e foi instaurado inquérito
administrativo contra ele
por Cassaro.
Então, por vingança, associouse
aos outros interessados no crime.
O policial foi responsável por
intermediar a contratação dos
pistoleiros.
Vamos aguardar o final dessa
novela infeliz.
Pedro Maia
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