Blog I'unitá Brasil

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sábado, 28 de fevereiro de 2015

Todos às ruas!

Escrito por: CUT, com informações da FEM e da CUT-SP 



A Central Única dos Trabalhadores conclama as trabalhadoras e os trabalhadores, militantes e dirigentes de todo o País para realizar um ato nacional contra a retirada de direitos, em defesa dos direitos da classe trabalhadora, da Petrobras e da Reforma Política. O ato será no dia 13 de março, em todo o Brasil. Em São Paulo, o ato será em frente ao prédio da Petrobras, às 15h, na Avenida Paulista.
“A CUT não deixará que os trabalhadores sofram o ônus de medidas fiscais pensadas para a economia. Também não permitirá que a Petrobrás, patrimônio do povo brasileiro, seja desconstruída por vontade de especuladores internacionais. Para defender os direitos de todos os brasileiros vamos às ruas!”, afirma Vagner Freitas, presidente nacional da CUT.


Pautas

O fim das Medidas Provisórias (MP´s) 664 e 665, que alteram direitos da classe trabalhadora, é uma das questões centrais. Os movimentos do Brasil estão em alerta desde que foram editadas pelo governo federal, em 30 de dezembro de 2014.

Outra das bandeiras é a defesa da Petrobrás, empresa que corresponde a 13% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. O coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Maria Rangel, afirma que a defesa da soberania nacional e do emprego dos petroleiros é urgente. Da mesma forma, o controle das reservas.

Segundo ele, a empresa reúne mais de 86 mil trabalhadores diretos e milhares de indiretos que fazem a estatal ser reconhecida mundialmente por sua excelência. “A Petrobrás investe, por dia, R$300 milhões na economia brasileira e sabemos que o Petróleo por muitos anos ainda será a matriz energética do mundo. Nesse contexto, quem tem petróleo tem poder”.

A terceira bandeira é pelo Plebiscito sobre a Constituinte Exclusiva e Soberana para reforma do sistema político. A representante da Secretaria Operativa Nacional do Plebiscito Popular, Paola Estrada, explica que existe uma manobra no Congresso para que se aprove a reforma política pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 352/2013, considerada pelos movimentos como a “PEC da Corrupção” porque defende temas polêmicos, como o financiamento privado de campanha eleitoral.

“Setores conservadores e parlamentares, como Eduardo Cunha, querem constitucionalizar a corrupção, com a lógica de que pessoas jurídicas [empresas] votam neste país e tomam decisões acima de nós eleitores. Ou seja, querem constitucionalizar o poder econômico nas eleições brasileiras”, orienta.

A proposta que dialoga com a classe trabalhadora é a da Constituinte pela Reforma do Sistema Político. A consulta popular está prevista no Projeto de Decreto Legislativo (PDC) 1508/14, da deputada Luiza Erundina (PSB-SP).
Atividades da CUT previstas para março:

02/3 – Dia de Mobilização Nacional das Centrais Sindicais nas Superintendências Regionais do Trabalho (“DRTs”) – atos conjuntos em todas as capitais
03/3 – Lançamento pela CUT do Dossiê sobre Terceirização – Congresso Nacional – Brasília/DF
04/3 – Abertura Política do 12º CONCUT – 19h -Auditório Petrônio Portela – Brasília
das 9h às 17h: Seminário sobre Economia e Política; às 19h: Solenidade de Abertura Política do 12º
08/3 – Dia Internacional da Mulher – atos em todo o país
09 a 11/3 – Jornada de Lutas da Agricultura Familiar e Camponesa
13/3 – Ato Nacional em defesa da Petrobrás, dos Direitos e da Reforma Política – atos da CUT, com a FUP e Movimentos Sociais em todo o país (em especial nas capitais)

18/3 – Mobilização no Congresso Nacional
Foto: Paula Brandão






Dilma, o único antídoto contra o fundamentalismo é o confronto

por Cynara Menezes



Entendo que Lula deseje pacificar Dilma com o PMDB para que, afinal, eles não acabem participando da trama do impeachment. Entendo que a própria presidenta queira isso. Mas há PMDBs e PMDBs. Não existe mais a possibilidade de Dilma dialogar com o PMDB que Eduardo Cunha, o presidente da Câmara, representa. O PMDB dos fundamentalistas religiosos, dos que querem transformar o País numa teocracia. Esta gente odeia Dilma, odeia tudo que ela representa. E quer tomar o seu lugar.

A história do PT o empurra para a obrigação de deter a escalada dos fundamentalistas, cujo alvo principal é a presidência da República. Ou Dilma e Lula têm a ilusão de que em 2018 terá este PMDB a seu lado novamente? Em nome da tal governabilidade, o PT dilapidou seu patrimônio ético e político ao longo dos anos que está no poder. Para agradar setores à direita, eliminou os “radicais” do partido, quando em muitos aspectos eles eram o que de melhor o PT tinha. Que falta eles fazem hoje!

Será que o PT acalenta o sonho de permanecer no poder em 2018? Ou melhor: será que o PT será reeleito em 2018? Tenho minhas dúvidas. Mas tanto para permanecer no poder quanto para se preparar para deixá-lo, o partido deveria começar a fazer o que tem de ser feito. Dar ao Brasil de presente a entrada no primeiro mundo de fato, onde a civilidade supera a barbárie. Neste quarto mandato à frente do País, o PT precisa garantir seu lugar na história, como fez Pepe Mujica no Uruguai e mesmo Barack Obama nos Estados Unidos. E acredito que Dilma sairá fortalecida se o fizer. O PT cresce quando confronta.

O contra-ataque no Congresso deveria se basear em quatro projetos basicamente:

1. Imposto sobre grandes fortunas: é um assunto que conta com o apoio de grande parcela da população. Só é polêmico, na verdade, para quem possui grandes fortunas.

2. Legalização da maconha para uso medicinal: segundo pesquisa Datafolha de novembro do ano passado, 56% dos brasileiros se manifestaram contrários à venda da maconha para uso medicinal. Mas e os outros 44%? Uma boa campanha não seria capaz de modificar o pensamento de quem se opõe? Se o próprio ex-presidente FHC, que é da oposição, participa de campanhas a favor… Este é um tema caro à esquerda brasileira, tão menosprezada pelo PT nos últimos anos. E o ideal é que fosse um projeto que abarcasse também o uso e o plantio para consumo próprio, o que elimina o narcotráfico.

3. Reforma política: um projeto próprio e avançado, com tudo que o PT sempre quis colocar em pauta. Voto em lista, financiamento público de campanha e aumento da participação da mulher. Nada mais perfeito para mostrar quem está mesmo preocupado com a ética na política.

4. Criminalização da homofobia: pesquisa do Ibope de setembro do ano passado mostrou que 53% dos brasileiros são contra o casamento gay, mas 40% são a favor. Trata-se de uma parcela muito significativa da população que se mostra partidária da tolerância com o semelhante e que precisa ser atendida em seu desejo de que o País avance no combate ao preconceito. Sem contar que os cidadãos LGBTs votaram em Dilma, ela lhes deve isso.

Ao apresentar estes projetos no Congresso, Dilma iria recuperar imediatamente a simpatia da parcela mais progressista do eleitorado, que é formadora de opinião e foi importantíssima para sua reeleição. E, assim como Obama fez, dará um xeque-mate no conservadorismo religioso, porque é uma dessas ocasiões em que, mesmo se for derrotada, Dilma ganha. Se perder, o Congresso sairá com uma imagem extremamente retrógrada não só diante do Brasil como do mundo. A presidenta, ao contrário, sairá como a mulher que tentou colocar o País no rumo das nações mais civilizadas do planeta e foi derrotada por políticos atrasados, dignos de república de bananas.

Aposto que seria uma boa briga e que só faria bem à popularidade da presidenta. Um antídoto contra o golpismo dos fundamentalistas, que dificilmente conseguiriam levantar a cabeça de novo. Se, em vez disso, o PT e Dilma resolverem baixar a cabeça, cedendo cargos e espaço no governo para o conservadorismo, nada mais farão que dar um tiro no próprio pé e enterrar o partido de vez. Além de colocar o Brasil no rumo das trevas.

Ninguém aguenta mais a covardia que o PT está demonstrando no governo. Afinal, a presidenta tem coração valente ou era só truque de marketing? Vai para cima deles, Dilma!
(Mais para o final do mandato, a presidenta Dilma deveria apresentar ao País um bom projeto para a legalização do aborto. Está mais do que na hora e ela é a pessoa certa para fazê-lo e passar à história. Tenho certeza disso.)


(Foto: José Cruz/Agência Brasil)

PSOL quer substituir deputados financiados pela corrupção na CPI da Petrobras

De 15 deputados, pelo menos dez receberam recursos das acusadas. 'A sociedade não pode aceitar que os investigadores tenham recebido dinheiro da corrupção' 

 

por Najla Passos

 

 

Nesta quinta (25), durante a primeira reunião da nova CPI da Petrobras, o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) apresentará um requerimento preliminar para impedir que os deputados que receberam doações de campanha das empresas investigadas pela Operação Lava Jato possam integrar o grupo.

De acordo com Valente, um levantamento preliminar aponta que, dos 15 membros já indicados para integrar à comissão, pelo menos dez receberam doações das empresas que, agora, devem investigar. A lista inclui o presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), e o relator, Luiz Sérgio (PT/RJ).

Dados disponíveis no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam que, do total dos R$ 742 mil arrecadados para a campanha de Motta, R$ 451 mil foram doados pelas empreiteiras Andrade Gutierrez e Odebrecht, ambas investigadas por participação no esquema de propinas alvo da Lava Jato.

Já Luiz Sérgio recebeu R$ 962,5 mil em doações das empresas Queiroz Galvão, OAS, Toyo Setal e UTC, o que representa 39,6% da receita da sua campanha. Pelo requerimento do PSOL, também ficam excluídos da CPI os deputados que receberam doações indiretas dessas empresas, ou seja, por meio de repasses aos comitês partidários.

“A sociedade não pode aceitar que os investigadores tenham recebido, ou sejam suspeitos de terem recebido, dinheiro da corrupção”, afirma Valente. Segundo ele, esta CPI precisa ‘investigar de verdade, sem interferências externas”. E, para isso, é preciso ser isenta e imparcial em relação aos envolvidos. “A CPI não pode ficar sob pressão do poder econômico”, reforça.

O deputado acrescenta que, sem uma investigação rigorosa, é impossível saber se o dinheiro usado para as doações de campanha é limpo ou se é produto das propinas distribuídas pelo esquema. “A CPI precisa investigar, inclusive, a relação do financiamento de campanha com a corrupção envolvendo a Petrobras”, defende.

O requerimento tem como base o artigo 180 do Regimento da Casa, que prevê que os parlamentares não podem votar em causa própria, nem em assuntos de seu interesse. A decisão é exclusiva do presidente da CPI, que pode ouvir o plenário só se julgar recomendável.


Créditos da foto: Marcos Oliveira/Agência Senado  

Parlamentares e Executiva Nacional do PSOL apresentam propostas para o Brasil sair da crise




Em coletiva de imprensa, realizada em Brasília, PSOL defende um conjunto de medidas para enfrentar a grave crise em curso no país. Na oportunidade, foi apresentado aos jornalistas um documento com a análise do partido sobre a conjuntura do país e suas propostas




“Diante da grave crise, a saída é pela esquerda”. Esse foi o recado que a Executiva Nacional do PSOL e a bancada do partido no Congresso Nacional deram, na tarde desta terça-feira (10), em entrevista coletiva, na Câmara dos Deputados, em Brasília. Na ocasião, o presidente nacional do PSOL, Luiz Araújo, e a candidata à Presidência da República nas eleições de 2014 e presidenta da Fundação Lauro Campos, Luciana Genro, apresentaram a Carta de Brasília, aprovada na manhã de hoje em reunião da Executiva Nacional do PSOL. Pela bancada do partido no Congresso, reforçaram as propostas do PSOL o líder na Câmara, deputado Chico Alencar (RJ), e o senador Randolfe Rodrigues (AP). Também estiveram na coletiva os deputados Ivan Valente (SP), Jean Wyllys (RJ), Edmilson Rodrigues (PA) e Cabo Daciolo (RJ).
 
O documento, que apresenta a análise do PSOL sobre a crise econômica, política, social e ambiental que o país vive, frente às medidas que vêm sendo adotadas pelo governo de Dilma Rousseff, que já iniciou o seu segundo mandato promovendo cortes nos direitos trabalhistas e previdenciários. “O governo Dilma e o PT se renderam totalmente aos interesses do mercado e suas imposições de ‘austeridade’, atacaram direitos sociais e previdenciários ainda no final do ano passado, cortaram bilhões de reais no orçamento dos ministérios e aumentaram tarifas de energia e combustíveis, além da elevação dos preços dos alimentos, que a população mais pobre sente diariamente em seu bolso. Tudo isso para garantir a política de superávit primário e manter o pagamento dos juros da dívida pública, ao invés de investimentos em áreas sociais”, afirma trecho da Carta de Brasília.
 
Na avaliação do PSOL, a resposta do governo e da oposição de direita em relação às diversas crises é sempre a mesma: “omissão diante dos escândalos de corrupção, arrocho fiscal contra os trabalhadores e retirada de direitos”.
 
O PSOL propõe, entre as várias alternativas sugeridas para sair da crise, a revogação das MPs 664/2014 e 665/2014 que retiram direitos dos trabalhadores; redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, sem redução de salário; luta para barrar o aumento das tarifas de transporte público e implementação do passe-livre nacional; aprovação de uma reforma política que amplie radicalmente a participação e o controle social e popular sobre as instituições públicas; punição de todos os envolvidos no esquema investigado pela Operação Lava Jato e revogação da reforma da Presidência, aprovada no primeiro ano do governo Lula.
 
Confira abaixo a íntegra da “Carta de Brasília: Diante da grave crise, a saída é pela esquerda!”.

CARTA DE BRASÍLIA
Diante da grave crise, a saída é pela esquerda!
 
O ano de 2015 teve início no Brasil marcado por medidas de ajuste fiscal e retirada de direitos. Ao contrário do que pregou no segundo turno das eleições, Dilma assumiu o programa econômico dos tucanos, mentindo para a população. Já na campanha eleitoral o PSOL deixou claro que a relação entre tucanos e petistas é a do “sujo falando do mal lavado”.
 
O governo Dilma e o PT se renderam totalmente aos interesses do mercado e suas imposições de “austeridade”, atacaram direitos sociais e previdenciários ainda no final do ano passado, cortaram bilhões de reais no orçamento dos ministérios e aumentaram tarifas de energia e combustíveis, além da elevação dos preços dos alimentos, que a população mais pobre sente diariamente em seu bolso. Tudo isso para garantir a política de superávit primário e manter o pagamento dos juros da dívida pública, ao invés de investimentos em áreas sociais.
 
Além disso, o governo já anunciou a intenção de promover outras medidas de arrocho contra os trabalhadores, como demonstra a proposta de mudança na concessão de abono salarial. Para Dilma, o aprofundamento da crise econômica deve ser pago pelos trabalhadores.
 
A luta contra o ajuste de Dilma e Levy tem levado às ruas setores organizados da classe trabalhadora e da juventude. Janeiro foi marcado por importantes respostas. A juventude mobilizou dezenas de milhares nas capitais contra o aumento das tarifas de ônibus; os operários do ABC, na Volks, derrotaram a proposta de demissões com uma greve de 11 dias e uma passeata de vinte mil metalúrgicos. O MTST segue ocupando áreas para a luta por moradia, como recentemente visto no Distrito Federal. Várias categorias deflagram greves: a mais importante a dos professores do Paraná, que em conjunto com setores do funcionalismo, apontam uma greve geral contra a retirada de direitos e do plano de carreira. Também há a greve dos rodoviários no Espírito Santo.
 
Enquanto isso se aprofunda a crise política em torno da Petrobrás. A Empresa segue batendo recordes de produtividade e suas ações caem no mercado como todas as outras empresas do setor em todo o mundo em tempos de queda dos preços do petróleo. No entanto, a crise da Petrobrás é de outra natureza. Denúncias dão conta de que os partidos da base aliada ao governo e partidos da oposição de direita promoveram um verdadeiro saque na mais importante empresa brasileira. A recente opção de Dilma de entregar o comando da empresa a um tecnocrata do capital financeiro coloca em risco um patrimônio de mais de seis décadas do povo brasileiro. Tudo isso, porém, é apenas a ponta do iceberg da corrupção existente no país, que tem nas empreiteiras um dos seus mais poderosos braços e cujos tentáculos chegam aos governos dos principais partidos do país, especialmente do PMDB, PSDB e PT.
 
A crise política e econômica produzida pelas opções do governo Dilma toma dimensões dramáticas com a crise de abastecimento de água que afeta a região sudeste – algo que ocorre há anos em outras regiões do país com o descaso das autoridades públicas – e que afeta principalmente os trabalhadores e trabalhadoras mais pobres. O caos promovido na gestão dos recursos hídricos, especialmente pelos governos do PSDB em São Paulo, atesta o desastre provocado pelo privatismo tucano, que tratou a água como simples mercadoria nos últimos vinte anos. O mesmo ocorre no caso da energia elétrica, onde o modelo de produção e abastecimento imposto pelo governo federal beneficia os grandes grupos econômicos em detrimento da população em geral.
 
Crise econômica, crise política e crise no abastecimento de água e energia. A resposta do governo Dilma e da oposição de direita é a mesma: omissão diante dos escândalos de corrupção, arrocho fiscal contra os trabalhadores e retirada de direitos. Uma fórmula crescentemente rechaçada em vários países, como demonstra recentemente a vitória da Coalizão da Esquerda Radical (Syriza) na Grécia.
 
Ao contrário dessas saídas privatistas e antipopulares, o PSOL defende que é possível enfrentar a crise ampliando direitos – especialmente das minorias oprimidas – aumentando investimentos, enfrentando e rompendo com os interesses dos mercados e realizando profundas reformas populares.
 
Nos movimentos sociais, no parlamento e na sociedade civil em geral, o PSOL defenderá uma plataforma de propostas emergenciais para enfrentar pela esquerda a profunda crise que o país atravessa. Na campanha eleitoral, Luciana Genro vocalizou as demandas populares, que ecoaram nas ruas em junho de 2013 e seguem latentes na sociedade. Nossa bancada federal tem dado esse combate cotidiano.
 
Para tanto, apresentamos as seguintes propostas para enfrentar a as dimensões política, econômica, social e ambiental da crise que o país enfrenta:
 
1.    Revogação de todas as medidas que retiram direitos dos trabalhadores, como aquelas previstas pelas Medidas Provisórias 664/2014 e 665/2014. Quaisquer abusos ou ilegalidades no usufruto desses direitos devem ser tratados como exceção e não como regra;
 
2.    Revogação da Lei Geral de Desestatização, herança dos governos Collor e FHC;
 
3.  Contra o aumento das tarifas do transporte! Apoio à juventude em luta. Revogação dos aumentos, rumo ao passe-livre nacional;
 
4. Redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, sem redução salarial, de forma a manter a renda dos trabalhadores e combater o avanço do desemprego; fim das terceirizações e derrubada do PL 4330;
 
5.   Aprovação de uma reforma política que amplie radicalmente a participação e o controle social e popular sobre as instituições públicas e que busque eliminar ao máximo a interferência do poder econômico sobre as eleições e sobre as gestões públicas; fim do financiamento empresarial de eleições;
 
6.  Punição de todos os envolvidos na operação Lava-Jato, com proibição das empresas investigadas por denúncias de corrupção de participarem em quaisquer certames públicos; por uma Petrobras 100% pública, com controle social e rechaço a qualquer tentativa de influência estrangeira na estatal;
 
7.   Estatização completa do sistema de abastecimento de água e energia elétrica, priorizando o abastecimento para consumo humano, com revogação do aumento dos preços da água e construção emergencial de caixas d’água e cisternas subsidiadas; investimentos imediatos para evitar o desperdício estrutural dos sistemas;
 
8.    Aprovação imediata do imposto sobre grandes fortunas previsto na Constituição Federal que tramita na Câmara dos Deputados. Por uma revolução na estrutura tributária, começando pela revogação dos privilégios tributários aos bancos, especuladores e grandes empresas e pela atualização da tabela do Imposto de renda para desonerar os trabalhadores e a classe média;
 
9.    Combate ao rentismo e incentivo às iniciativas produtivas, fortalecendo as pequenas iniciativas e microempreendedores, a reforma agrária, a agricultura familiar, alocando recursos advindos da imediata redução da taxa básica de juros;realização de uma profunda reforma urbana que priorize o direito à cidade, à mobilidade e à moradia;
 
10. Fim da política de superávit primário e convocação de auditoria da dívida pública;
 
11.    Revogação da reforma da previdência, conquistada por meio da compra de votos dos parlamentares pelos esquemas de corrupção;
 
12.  Operação desmonte da estrutura de corrupção existente no país, iniciando por investigação exaustiva dos vínculos das empreiteiras com outras obras públicas, nas mais diferentes esferas, com quebra do sigilo fiscal, bancário e telefônico e dos principais envolvidos;
 
13.  Anulação do Leilão de Libra e retomada do controle totalmente estatal da Petrobrás;
 
14.  Ampliação radical do investimento estatal em áreas estratégicas, como infraestrutura, e aumento dos recursos para as áreas sociais.
 



Executiva Nacional do PSOL
Bancada do PSOL no Congresso Nacional

Brasília, 10 de fevereiro de 2015.


O centenário de Francisco Julião marca a vida de um eterno lutador da Reforma Agrária

O advogado, político e escritor Francisco Julião foi uma das lideranças das Ligas Camponesas. Se estivesse vivo completaria 100 anos.


Fonte: MST


Na última segunda-feira (16), o advogado e militante Francisco Julião Arruda completaria 100 anos se estivesse vivo.

Julião nasceu no Engenho Boa Esperança, no agreste pernambucano. Formou-se em 1939, em Recife, e foi um dos grandes responsáveis, junto às Ligas Camponesas, pela desapropriação das terras no Engenho Galiléia, a primeira desapropriação de terra no Brasil após a 2ª Guerra Mundial.

Cento e quarenta famílias de trabalhadores rurais viviam da agricultura de subsistência nas terras do Engenho Galiléia, arrendadas pelo proprietário Oscar Arruda Beltrão. Diante do aumento do valor cobrado pelo proprietário, os trabalhadores já não conseguiam pagá-lo.

Diante da situação de penúria geral, os trabalhadores decidiram, em 1955, fundar a Sociedade Agrícola e Pecuária de Plantadores de Pernambuco (SAPPP), primeira associação camponesa de Recife. Nos anos seguintes o tipo de associação adotada no engenho da Galileia se multiplicou no estado de Pernambuco. Estas associações camponesas, então, se tornaram as Ligas Camponesas.

Julião assumiu a defesa jurídica da SAPPP, e, sendo eleito deputado em 1954 pelo PSB (o primeiro parlamentar eleito pelo partido no estado), apresentou, na Assembléia Legislativa, o primeiro projeto de lei para desapropriação do Engenho Galiléia, argumentando que "a Constituição do Estado declara, no seu artigo 155, que 'o uso da propriedade será condicionado ao bem-estar social’”.

Em Agosto de 1955, representantes das Ligas participaram do Congresso pela Salvação do Nordeste, organizado pela Prefeitura de Recife, que teve Julião como presidente de honra, num contexto em que já defendia a necessidade de uma mudança radical no sistema de propriedade da terra e de produção agrícola no Nordeste.

“Quando ele chegava aqui, era uma festa. O povo ia buscar ele com as enxadas nas mãos, levava nos braços. Minha finada mãe jogava pétalas de rosas”, conta Zé Biu, agricultor de 80 anos que vive no Engenho Galileia.

Em 1958 foi reeleito com expressiva votação para mais um mandato na Assembleia Legislativa de Pernambuco, na legenda do Partido Socialista Brasileiro (PSB). E em 1959, venceu o processo judicial que garantiu a posse das terras do engenho da Galileia para seus moradores, baseando-se em uma lei recém-promulgada que determinava a desapropriação da propriedade com pagamento de indenização ao antigo dono.

As Ligas Camponesas começaram a obter repercussão nacional e a despertar o interesse da imprensa. O movimento ultrapassou efetivamente as fronteiras de Pernambuco a partir de 1959 com a fundação da primeira Liga Camponesa paraibana. Em 1960, o jornal The New York Times publicou uma série de artigos sobre as Ligas, apresentando Julião como líder do campesinato brasileiro e apontando a gravidade da situação econômica e social do nordeste brasileiro.

No entanto, Julião desmente ter fundado as Ligas Camponesas. "Não fundei a Liga - ela foi fundada por um grupo de camponeses que a levou a mim para que desse ajuda. A primeira Liga foi a da Galiléia, fundada em 1° de janeiro de 1955, e que se chamava Sociedade Agrícola e Pecuária dos Plantadores de Pernambuco. Foi um grupo de camponeses com uma certa experiência política, que já tinha militado em partidos, de uma certa cabeça, que fundou o negócio, mas faltava um advogado e eu era conhecido na região. Foi uma comissão à minha casa, me apresentou os estatutos e disse: 'existe uma associação e queríamos que você aceitasse ser o nosso advogado'. Aceitei imediatamente. Por isso o negócio veio bater na minha mão. Coincidiu que eu acabara de ser eleito deputado estadual pelo Partido Socialista e na tribuna política me tornei importante como defensor dos camponeses."

A força das ligas começou a decrescer a no final de 1962, ao mesmo tempo em que se acelerava o processo de enquadramento institucional do movimento camponês. Com o aumento da repressão no campo e o início da ditadura militar, Julião foi perseguido e preso. Exilado, deixou o país em 28 de dezembro de 1965 com destino ao México. Com a anistia política de 1979, retornou ao Brasil.

Logo depois, em 1986 concorreu a uma vaga de deputado constituinte por Pernambuco, na legenda do Partido Democrático Trabalhista (PDT), não tendo sido eleito. Em dezembro do mesmo ano, viajou de volta para o México, onde faleceu em julho de 1999 de infarto, na cidade Guernavaca, estado de Morelos.

Comissão Nacional da Verdade apura apoio de empresas ao golpe e a repressão


Trabalhadores homenageados no ato sindical em virtude de sua luta contra a ditadura exibem seus diplomas. Foto: Paula Macedo / ASCOM - CNV


A Comissão Nacional da Verdade investiga a participação civil no golpe militar de 1964 e na ditadura que se impôs após a quebra da ordem constitucional. Uma das formas de investigar isso é saber quais empresas apoiaram financeiramente o golpe e, posteriormente, apoiaram a repressão, divulgando informações sobre seus funcionários para os agentes da ditadura.
"Sabemos que os trabalhadores como um todo sofreram com a ação da ditadura que redobrou a exploração de classe, visando acelerar a acumulação capitalista. Neste sentido os empresários solicitaram o uso da violência pelos agentes públicos contra a classe trabalhadora. A CNV tem um trabalho importante, que é apurar a participação civil no golpe, a participação das empresas no financiamento da ditadura e na repressão dos trabalhadores. Precisa construir a questão de como deve ser cobrada a reparação das empresas aos trabalhadores. Estamos lutando por tudo isto e vamos lutar mais", afirmou a advogada Rosa Cardoso, que coordena as pesquisas da CNV sobre o Golpe de 64 e o grupo de trabalho Ditadura e Repressão aos Trabalhadores e ao Movimento Sindical.
A declaração de Rosa ocorreu neste sábado (01/02), no ato sindical organizado por representantes das dez centrais sindicais que integram o Coletivo Sindical de Apoio ao Grupo de Trabalho Ditadura e Repressão aos Trabalhadores e ao Movimento Sindical da Comissão Nacional da Verdade, em São Bernardo do Campo, no Grande ABC.
O ato sindical "Unidos, Jamais Vencidos" foi uma homenagem das centrais sindicais aos mais de 400 trabalhadores e sindicalistas da Grande SP vítimas do regime militar e das empresas colaboradoras do regime durante a ditadura, que receberam diplomas lembrando sua luta contra a repressão. Também foi homenageado o ex-presidente João Goulart pela luta em prol dos trabalhadores. A homenagem foi recebida por João Vicente Goulart, filho de Jango.
Durante o evento, os representantes das centrais pediram punição aos agentes da repressão responsáveis pelas graves violações de direitos humanos ocorridas na ditadura, a desmilitarização da Polícia Militar, o fim da criminalização dos movimentos sociais e a responsabilização de empresas que colaboraram com o regime e denunciaram trabalhadores militantes e financiaram o golpe e ações repressivas.
A fala de Luiz Carlos Prates, o Mancha, representante da CSP-Conlutas, ex-funcionário da Monark, que possui documentos que indicam que ele foi delatado para a repressão pela empresa em que trabalhava, foi uma das que explicitou a reivindicação dos trabalhadores vítimas da ditadura.
"Essas empresas tem que ir para os bancos dos réus e também indenizar os trabalhadores. As sequelas que a ditadura deixou não são apenas na nossa memória. A estrutura que eles montaram, com apoio das empresas, em parte está intacta e faz parte do trabalho da Comissão Nacional da Verdade, em suas recomendações, acabar com essa estrutura que permite que a Lei de Segurança Nacional ainda seja usada pelo Estado contra os manifestantes que exigem as mudanças nas ruas", disse.
GREVES E INFILTRAÇÃO - O papel das greves de trabalhadores organizadas a partir do ABC desde os anos 70 esteve presente na fala de quase todos os porta-vozes. O ex-líder metalúrgico e ex-deputado federal Djalma Bom, que, junto com o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, liderou as greves realizadas a partir do final dos anos 70 no ABC, que contribuíram para a abertura política e o processo de redemocratização do país, lembrou com detalhes da repressão e dos agentes infiltrados na empresa em que trabalhava, a Mercedes.
"Com helicópteros e brucutus eles tentaram impedir o 1º de maio na praça da Matriz, em São Bernardo. Nesse momento, nós estávamos presos, enquadrados na Lei de Segurança Nacional, ouvindo o noticiário sobre os trabalhadores de São Bernardo e diadema e a PF e o Dops tentando cercear o direito à livre manifestação, mas os trabalhadores não se intimidaram e saíram em passeata da praça até o estádio da Vila Euclides", contou.
Quando preso, Bom notou que alguns de seus colegas nos piquetes eram agentes da Polícia Federal infiltrados na empresa em que trabalhava, com carteiras de trabalho "esquentadas" com ajuda das empresas. "Quando os vimos, os reconhecemos e eles disseram: 'aqui é outro caso, aqui vocês são os nossos presos'", contou.
O coletivo de apoio ao GT Trabalhadores é formado por representantes de dez centrais sindicais: CUT, Força Sindical, CGTB, CSB, CSP-Conlutas, CTB, Intersindical Central, Intersindical, Nova Central e UGT.
O ato sindical lotou completamente o Teatro Cacilda Becker e foi transmitido ao vivo pela TVT e contou com a presença de autoridades, como o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, os deputados federais Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, ex-presidente da CUT, e Devanir Ribeiro, e o presidente da Comissão Estadual da Verdade do Estado de São Paulo "Rubens Paiva", deputado estadual Adriano Diogo, além de vereadores de vários municípios do ABC.


Comissão Nacional da Verdade
Assessoria de Comunicação

A direita está certa: temos que legalizar maconha, casamento gay e aborto.

por  Cynara Menezes

(Marcha pró-aborto nos EUA. O aborto é legalizado no país desde 1973. Foto: Peter Keegan)

Os reacionários brasileiros adoram os Estados Unidos. Costumam passar, inclusive, as férias em Miami o que corrobora seu profundo mau gosto, já que o país é imenso e tem dezenas de outras cidades mais interessantes. Para a direita tupiniquim, os EUA são a Terra Prometida, onde jorra leite e mel. A economia deles é fantástica, a educação, a saúde, o cinema… Eles admiram até a junk food, aquela comida péssima que fez os índices de obesidade irem à estratosfera por lá. Enfim, se dependesse dos reaças, o Brasil imitaria o Tio Sam em tudo. Tudo mesmo? Será?
Claro que não! Existem conquistas dos norte-americanos que a direita brasileira faz tudo para esconder de você. Quando se trata destes assuntos, eles preferem mirar o Irã, o Afeganistão ou qualquer nação islâmica radical onde as mulheres andam de burca e onde tudo é proibido em nome de Deus. A Terra Prometida dos reaças, na verdade, é um mix de Estados Unidos por fora e país fundamentalista por dentro. Uma miragem para enganar trouxa.
Imagine se a reaçada brasileira, que adora macaquear os EUA, iria querer que nós imitássemos, por exemplo, a lei de aborto norte-americana. A obscura direita nativa, que em toda eleição tenta criar celeuma em torno do aborto, prefere ocultar do povo que, na terra de George Bush e Barack Obama, pode-se interromper a gravidez legalmente em absolutamente TODOS os 50 Estados desde 1973. A interrupção pode ser feita até a 22ª semana de gestação e, em 17 Estados, o atendimento ao aborto é realizado pelo serviço público de saúde. Nos demais, em clínicas particulares.
O aborto, além de ser um direito e uma escolha da mulher, é uma questão de saúde pública. Centenas de mulheres morrem anualmente por causa de abortos mal-sucedidos no Brasil, porque, é claro, eles continuam a ocorrer mesmo proibidos por lei. E o número de abortos com a legalização, ao contrário do que a direita costuma dizer, vem caindo a cada ano nos EUA. Segundo um estudo divulgado em março deste ano, o total de abortos praticados nos EUA caiu para o mesmo patamar de antes da decisão da Suprema Corte, em 1973 (leia aqui)
Outra coisa que nós poderíamos imitar dos gringos: 23 Estados e o Distrito de Colúmbia, onde está situada a capital, Washington, já aprovaram leis descriminalizando o porte de pequenas quantidades de maconha; 22 Estados permitem o seu uso medicinal; e dois deles, Colorado e Washington, legalizaram a maconha inclusive para o uso recreativo.
Um dos argumentos patéticos da direita burra (ups, pleonasmo) contra a legalização da maconha e contra até se discutir abertamente este tema é que existem “assuntos mais importantes” para se tratar. Nada mais falso. A proibição da maconha sustenta o tráfico de drogas e aumenta a criminalidade. Quer assunto mais urgente do que reduzir a violência? Só para se ter uma ideia, em Denver, no Colorado, os crimes caíram em 10,6% apenas cinco meses após a legalização da maconha no Estado.

A legalização da maconha nos EUA também está quebrando o narcotráfico no país vizinho, o México. Outro aspecto importantíssimo: com a legalização, as cadeias dos EUA, as mais populosas do mundo, não vão lotar de meninos negros levados em cana apenas porque fumavam um baseado, como ocorre hoje. O próprio presidente Barack Obama denunciou: “Garotos de classe média não são presos por fumar maconha. Garotos pobres são. E há mais garotos afro-americanos e latinos entre os pobres e com menos condições de se defender para evitar penas duras”. A criminalização da juventude pobre e negra por causa da maconha também ocorre no Brasil. Mas a direita não está nem aí.
Um terceiro item para imitarmos dos norte-americanos: o casamento gay. O governo federal, 21 Estados e o Distrito de Colúmbia reconheceram legalmente a validade dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Em junho deste ano, o presidente Barack Obama estendeu todos os benefícios federais do matrimônio tradicional aos casais gays. Isso inclui as leis de imigração: estrangeiros casados com gays norte-americanos passaram a ter o direito de permanecer no país, como acontece com os heterossexuais.

O mais interessante é que Obama nem sempre pensou assim. Seu pensamento sobre o casamento gay evoluiu a partir de 2012, quando declarou publicamente: “Em certo momento eu concluí que para mim é importante ir em frente e afirmar que casais do mesmo sexo devem ter o direito de se casar legalmente”. Em junho, durante uma recepção para gays e lésbicas na Casa Branca, Obama disse: “Se nós somos de fato criados iguais, então a maneira que amamos outra pessoa também deve ser igual”.
Portanto, faço aqui um reconhecimento: a direita está certa! Vamos copiar os Estados Unidos já. Eles são realmente um modelo para nós.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Mujica outorga à Bolívia saída para o Oceano Atlântico

Pepe Mujica e Evo Morales assinaram hoje um acordo em que o governo uruguaio concede facilidades para a Bolívia usar o terminal de cargas do porto que será construído em Rocha.



Por Redação RBA




O presidente do Uruguai, José Pepe Mujica, e o presidente da Bolívia, Evo Morales, assinaram hoje (26) um memorando em que o Uruguai outorga a Bolívia uma saída para o Oceano Atlântico no porto de águas profundas que será construído no departamento uruguaio de Rocha. As condições para utilização serão definidas nos próximos meses, com uma equipe de técnicos.
O documento expressa a disposição do governo uruguaio de conceder à Bolívia facilidades e concessões para utilização do espaço terrestre do porto e do terminal de águas profundas que será construído na costa atlântica do Uruguai. O projeto é avaliado em US$ 500 milhões e contará com recursos brasileiros, por meio do Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul.
Mujica, que concluirá seu mandato em dois dias, afirmou que é “inevitável” que o povo boliviano tenha uma saída para o mar e que o intercâmbio comercial marítimo é um “direito natural” para o desenvolvimento das nações. “Todos os países de América do Sul necessitam desta integração para o comércio de complementariedade para o bem do nosso povo”, disse. O presidente uruguaio agradeceu o trabalho de Morales em colaborar para a permanente integração da América Latina.
O acordo foi firmado em uma reunião na Casa de Governo do Uruguai, em Montevidéu, capital do país. Morales afirmou que o porto de Rocha se converterá no “primeiro ponto de saída” da Bolívia para o Oceano Atlântico e que as duas nações “trabalharão conjuntamente” na região. “Agradecemos em nome do povo boliviano a grande iniciativa de nosso presidente José Mujica, pelo convite para visitar o Uruguai e aprofundar nossos laços de solidariedade e complementariedade”, afirmou Morales, durante entrevista coletiva.
Os chanceleres uruguaios e bolivianos Víctor Oporto e David Choquehuanca também assinaram acordos complementares para garantir a instalação de unidades de tratamento de água na Bolívia e para implementar ações de combate à discriminação racial e de promoção de igualdade de oportunidades nos países.


Com informações do Ministério de Comunicação da Venezuela, Telesur e da Presidência do Uruguai


Foto de capa: Ministério de Comunicação da Bolívia

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Campanha da fraternidade

Por Marcelo Carvalho de Sant'Anna.

Inicia-se com a quarta-feira de cinzas o período conhecido como quaresma, no qual Jesus se despe de sua dimensão deísta para no âmago de sua faceta humana caminhar por quarenta dias e noites pelo deserto e nesse ambiente árido e escasso de tudo por-se a refletir bem como enfrentar além das adversidades o próprio inimigo maior, evidenciado pela sua tentativa de fazer com que Cristo caia literalmente por terra e com ele todo o projeto salvífico. 


A esse tempo a Igreja Católica Apostólica Romana do Brasil concomitantemente convida os seus fiéis e a toda a sociedade a uma reflexão a despeito de temáticas hodiernas; neste ano Fraternidade: Igreja e Sociedade com o lema "Eu vim para servir". De um excerto bíblico emerge o lema que, no ano em voga, remete ao Evangelho de Marcos, capítulo 10, versículo 45. Outrossim, há outro Evangelho cujo serviço atinge seu paroxismo ao revelar-se-nos o próprio Meste um servidor, a saber: Mt 20;28.


Servir nas Sagradas Escrituras é dispor-se ao outro para a qualquer momento em coletividade com o próximo e arrimado em Cristo emancipá-lo (a) do mal que o (a) aflige. Na sociedade que formamos enquanto seres eminentemente sociais e políticos - como desmitificara Aristóteles - importa sair do comodismo e insurgir-se contra todo o sistema que locupleta a uma parcela mínima - ínfima - ao passo que um grande contingente animaliza-se, submetido a condições degradantes.


Há ademais um problema cultural que obnubila o serviço enquanto mister - com grande relevância no interior dos poderes constituídos - à medida que se distancia de um preparo adequado para ouvir as demandas, colocar-se no lugar do outro - a que Daniel Gollemam denominou empatia - e alcançar um nível de resolubilidade satisfatório. Provavelmente somos uma das nações do mundo com o pior serviço público.

Urge portanto ações cuja concretude nos aproxime do Salvador, no sentido de contrariar e subverter a ordem dominante vigente, assaz reacionária e fundada em princípios e ideologia retrógrados. Dar-se-nos a oportunidade do conúbio com o Altíssimo é antes e ao mesmo tempo assumir uma posição  a contrario sensu de todo o status quo e contemplar a premissa que há uma nova sociedade grávida cujo fóceps indubitavelmente é a revolução proletária, com o expurgo da classe dominante.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Não há elementos jurídicos para impeachment de Dilma, rebatem juristas


O parecer do jurista Ives Gandra que aponta a possibilidade jurídica de impeachment da presidente Dilma Rousseff foi rebatido por Lenio Streck, ex-procurador de Justiça, professor e advogado; Marcelo Cattoni, doutor em Direito e professor da UFMG; e Martonio Mont’Alverne Barreto Lima, doutor em Direito e professor da Unifor-CE.
Em artigo enviado à revista eletrônica Consultor Jurídico, eles apontam que a tese defendida por Gandra usa elementos jurídicos para justificar uma decisão política, o que criaria um "curto-circuito entre Direito e política no plano constitucional". O artigo cita ainda o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal Moreira Alves, segundo quem "um processo deimpeachment não é o espaço onde tudo é possível".
Leia o artigo:
O jurista Ives Gandra elaborou parecer, dado a público, sustentando existirem elementos jurídicos para o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Diz o professor que “apesar dos aspectos jurídicos, a decisão doimpeachment é sempre política, pois cabe somente aos parlamentares analisar a admissão e o mérito”. Diz, em síntese, que é possível oimpeachment porque haveria improbidade administrativa prevista no inciso V, do artigo 85, da Constituição Federal: “o dolo nesse caso não é necessário”. Mais: “Quando, na administração pública, o agente público permite que toda a espécie de falcatruas sejam realizadas sob sua supervisão ou falta de supervisão, caracteriza-se a atuação negligente e a improbidade administrativa por culpa. Quem é pago pelo cidadão para bem gerir a coisa pública e permite seja dilapidada por atos criminosos, é claramente negligente e deve responder por esses atos”. 
Para resumir ainda mais, Ives Gandra quis dizer que comete o crime de improbidade por omissão quem se omite em conhecer o que está ocorrendo com seus subordinados, permitindo que haja desvios de recursos da sociedade para fins ilícitos. Simples assim.
É o relatório, poderíamos assim dizer, fosse uma sentença.
Preliminarmente, é necessário deixar claro que falar sobre impeachment de um(a) presidente da República de um país de 200 milhões de habitantes não é um ato de torcida. Ou se faz um parecer técnico, suspendendo os seus pré-juízos (Vor-urteil) ou se elabora uma opinião comprometida ideologicamente. Mas daí tem de assumir que não é técnico. O que não dá para fazer é misturar as duas coisas: sob a aparência da tecnicidade, um parecer comprometido. Vários leitores da ConJur detectaram bem esse problema no parecer do ilustre professor paulista.
De todo modo, vamos falar um pouco sobre isso. Afinal, existe literatura jurídica (doutrina e jurisprudência) que confortam facilmente uma tese contrária à do parecerista.
Já de saída, ao dizer que há argumentos jurídicos para sustentar uma tese política, Gandra mistura alhos com bugalhos. No caso, Gandra usa a política como elemento predador do direito. Aliás, o Direito tem de se cuidar dos inúmeros predadores exógenos e endógenos. Os principais predadores exógenos são: a política, a moral e a economia. O direito não pode ser reduzido, sem as devidas mediações institucionais a um mero instrumento à disposição da política. Além disso, há um sério problema de teoria da constituição no argumento do parecerista. Ele talvez compreenda mal o papel da Constituição democrática.   Pois se de um ponto de vista sistêmico a Constituição é um acoplamento estrutural entre direito e política, isso pressupõe, por um lado, uma diferenciação funcional entre direito e política e, por outro, prestações entre ambos os sistemas, de tal forma que o direito legitime a política e esta garanta efetividade ao direito. Assim, a Constituição é parâmetro de validade para o direito e de legitimidade para a política.
Para além de um ponto de vista sistêmico ou funcionalista, do ponto de vista da teoria da ação a Constituição é a expressão, no tempo, de um compromisso entre as forças políticos sociais, não resta dúvida. Mas todo compromisso, enquanto promessa mútua, possui um sentido performativo de caráter ilocucionario ou normativo: a Constituição constitui; ou seja, é a expressão da auto constituição democrática de um povo de cidadãos que se reconhecem como livres e iguais.
O que, em outras palavras, significa que a Constituição é uma mediação, no tempo, entre Direito e política.  Falar em elementos jurídicos que justificam uma decisão política, nos termos do argumento de Gandra, pressupõe o argumento autoritário de um direito como instrumento da política. Esse é o busílis do equívoco do professor. Assim, ao invés de mediação, o que ocorre é um curto-circuito entre Direito e política no plano constitucional, chame-se isso de colonização do Direito pela política, corrupção do código do Direito pela política, ação predatória da política no Direito, ilegitimidade política ou, simplesmente, defesa de uma tese inconstitucional!!
O curto-circuito detectado pelos leitores da ConJur
Onde está o curto-circuito no argumento do professor Gandra? Observemos como nem é necessário lançar mão de grandes compêndios sobre a matéria. Vários leitores da ConJur mataram a charada. O comentarista G. Santos (serventuário) escreveu: “O Professor mistura lei de improbidade com lei de crimes de responsabilidade. Lança mão do vago art. 9º, 3, da Lei 1079/50 para justificar seu parecer de que se admite crime de responsabilidade culposo, e, pior, chega a afirmar que o art. 85, V da CF seria auto-aplicável! Só que o parágrafo único do mesmo artigo é expresso ao prescrever que "Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento".
E complementa o nosso leitor conjurista: “A parte final do parecer é assustadora. Quando o Professor vai ‘aos fatos’, não consegue disfarçar sua parcialidade, concluindo que está caracterizado crime de responsabilidade culposo, e fundamenta no art. 11 da Lei de Improbidade!
Cria um tertium genus com o uso indiscriminado da Lei 1.079 com a lei 8429, sem sequer mencionar os entendimentos do STF e do STJ sobre o tema”. Bingo, G.Santos.
Já o comentarista Jjsilva4 (Outros), diz: “Com a devida vênia, os crimes de responsabilidade, de nítida natureza penal, não se presumem culposos, como qualquer outro (art. 18, parágrafo único do CP), não se podendo inferir negligência imprudência ou imperícia como pressupostos da improbidade prevista no art. 4, V da Lei 1.079/50, sob pena de grave afronta a toda teoria geral de direito penal elementar, que se aprende no segundo ano da faculdade.
Da mesma forma, não dá para querer interpretar o art. 85 da CF a partir da Lei 8.429/92, que é lei derivada da Constituição, mas apenas o contrário, o que não leva a conclusão alguma a respeito do cometimento de crime. Concluo que há no douto parecer forte carga ideológica que acaba por sacrificar a técnica jurídica. Não sei se prevalecerá, se persuadirá os políticos e a comunidade jurídica em geral. A conferir.”  Bingo, JSilva.
Finalmente, o comentarista Hélder Braulino, com jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça,  mostra que  somente os tipos do artigo 10 admitem civilmente a forma culposa. O crime culposo exige previsão na lei e não pode ser implícito. A omissão da Lei 1.079/50 vem seguida do advérbio "dolosamente" e a não responsabilização dos subordinados se dá "de forma manifesta (artigo 9º, incisos 1 e 3). O que se diz por "manifesto" é incompatível com qualquer das modalidades da culpa (imperícia, negligência ou imprudência). A governanta não os pune mesmo quando atuam de forma "manifesta". O que vem a significar "forma manifesta" afasta a figura culposa. O leitor Hélder encerra mostrando que a omissão mencionada na Lei de Improbidade é, mesmo, dolosa.
Portanto, só com os argumentos dos leitores da ConJur já é suficiente contestar o parecer do ilustre professor. Por isso, este artigo é uma pequena homenagem aos leitores, para mostrar como uma tese desse jaez “bate” na comunidade jurídica. Bate e rebate. Os leitores já bem demonstraram isso. Parabéns aos comentaristas da ConJur, que dia a dia se aprimoram.
De todo modo, numa palavra final, gostaríamos de trazer a lume o que disse o ministro José Carlos Moreira Alves, quando do julgamento do MS 21.689-DF: um processo de impeachment não é o espaço onde tudo é possível. Bingo, ministro Moreira Alves!
Podemos ser contra ou a favor da presidente. Podemos dela gostar ou desgostar. Mas, na hora de discutirmos uma coisa importante como é o impeachment, temos de colocar de lado os nossos pré-juízos, fazendo umaepoché. Afinal, somos juristas para quê?
CONJUR