PSOL quer substituir deputados financiados pela corrupção na CPI da Petrobras
De 15
deputados, pelo menos dez receberam recursos das acusadas. 'A sociedade
não pode aceitar que os investigadores tenham recebido dinheiro da
corrupção'
por Najla Passos
Nesta quinta (25), durante a primeira reunião da nova CPI da Petrobras, o
deputado Ivan Valente (PSOL-SP) apresentará um requerimento preliminar
para impedir que os deputados que receberam doações de campanha das
empresas investigadas pela Operação Lava Jato possam integrar o grupo.
De
acordo com Valente, um levantamento preliminar aponta que, dos 15
membros já indicados para integrar à comissão, pelo menos dez receberam
doações das empresas que, agora, devem investigar. A lista inclui o
presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), e o relator, Luiz
Sérgio (PT/RJ).
Dados disponíveis no Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) apontam que, do total dos R$ 742 mil arrecadados para a campanha
de Motta, R$ 451 mil foram doados pelas empreiteiras Andrade Gutierrez e
Odebrecht, ambas investigadas por participação no esquema de propinas
alvo da Lava Jato.
Já Luiz Sérgio recebeu R$ 962,5 mil em
doações das empresas Queiroz Galvão, OAS, Toyo Setal e UTC, o que
representa 39,6% da receita da sua campanha. Pelo requerimento do PSOL,
também ficam excluídos da CPI os deputados que receberam doações
indiretas dessas empresas, ou seja, por meio de repasses aos comitês
partidários.
“A sociedade não pode aceitar que os investigadores
tenham recebido, ou sejam suspeitos de terem recebido, dinheiro da
corrupção”, afirma Valente. Segundo ele, esta CPI precisa ‘investigar de
verdade, sem interferências externas”. E, para isso, é preciso ser
isenta e imparcial em relação aos envolvidos. “A CPI não pode ficar sob
pressão do poder econômico”, reforça.
O deputado
acrescenta que, sem uma investigação rigorosa, é impossível saber se o
dinheiro usado para as doações de campanha é limpo ou se é produto das
propinas distribuídas pelo esquema. “A CPI precisa investigar,
inclusive, a relação do financiamento de campanha com a corrupção
envolvendo a Petrobras”, defende.
O requerimento tem como
base o artigo 180 do Regimento da Casa, que prevê que os parlamentares
não podem votar em causa própria, nem em assuntos de seu interesse. A
decisão é exclusiva do presidente da CPI, que pode ouvir o plenário só
se julgar recomendável.
Créditos da foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
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