Blog I'unitá Brasil

Blog I'unitá Brasil
Blog I'unitá Brasil

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Da Crítica Infundada


Por Marcelo de Sant'Anna



Remonta à França nos idos da revolução que convulsionou a história o aparecimento dos termos esquerda e direita; à primeira correspondiam os que ficavam posicionados àquela margem do Parlamento Francês e propugnavam por mudanças, denominados de jacobinos ao passo que os demais localizavam-se ao centro, cuja oscilação de posicionamento se consubstanciava ora à esquerda ora à direita, e por último os que se opunham aos jacobinos, denominados girondinos e cujas ações se implementavam no sentido da manutenção do status quo

Tal luta - encarniçada, num delineamento da tão propalada luta de classes - formava/forma o motor da história numa representação límpida das classes dominada e dominante. Destas erigiam os indivíduos que a elas se ligavam  intrinsecamente, cumprindo-se-lhe mais um dos preceitos marxistas, que só existem duas ideologias: as das classes dominante e dominada. No decurso da história - verdadeira, edificada na visão sem tendências manipuladoras - observam-se aqui e alhures manifestações fincadas na aludida luta política. 
No Brasil especificamente, não se observa uma formação organizada e planejada da esquerda, dando-se esta a partir de lutas históricas pontuais, numa tentativa de insurreição contras as forças conservadoras ligadas à classe dirigente. Fica muito bem delineado o contingente de esquerda brasileiro no transcurso da mais recente ditadura, quando se observa uma confluência para o enfrentamento de todo o tipo de desordem que se instalara, com o píncaro da crise albergado na revogação do estado democrático de direito - com ressonância esmagadora com o AI-5 -, a partir da ascensão ao poder dos militares.

Com a restituição da democracia - capitalista - assenta-se num dos princípios basilares - a temporariedade - a fase histórica brasileira registrada como Nova República, com a eleição via colégio eleitoral - indiretamente - do primeiro presidente civil, após os cinco generais.  

A partir dos anos 1980, na esteira do já combalido e lânguido regime ditatorial nasce do/no seio do movimento sindical e trabalhista um partido cuja intransigência e o postulado ético o destacam dos demais: o Partido dos Trabalhadores. Com este, outras agremiações de mesma matiz político-ideológica granjeiam vez e voz, antes sufocadas pelas duas recentes ditaduras - varguista e militar. 

Guindado ao poder desde desde os anos 2000, a retroreferida representação política subverteu a ordem dominante e avultou o país como um dos mais destacados no combate à pobreza, malgrado alguns percalços e campanhas odiosas de uma direita neofascista, travestida de ideais democráticos e populares, num engodo histórico sem precedentes, após quase vinte anos alijado do poder decisório e desentronizada de um dos últimos de seus bastiões, o estado de Minas Gerais.

Fenômeno paradoxal e exterior à ascensão da esquerda, eclipsada nos trabalhadores, é a autocrítica mordaz, deslegitimada à medida que se perde em si mesma e infla o ódio descabido da oposição, cujo leitmotiv se esquadrinha na individualização da história abortando-a das classes, num claro ocultamento do motor da história - a luta de classes -, hipertrofiando o ideário de Erick Fukuyama, decretando o fim da história. A crítica é necessária e indispensável à consolidação do poder popular, isto é, exercido pelo e para o povo, mas concomitantemente é imperioso que se localize na ambiência interna, sem reverberações para o conservadorismo pululante, fundada na ação-reflexão-ação.
 Fonte da imagem AQUI

Nenhum comentário:

Postar um comentário