por Tatiana Merlino
Hoje é um dia triste. Morreu, aos 83 anos, Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-comandante do DOI-CODI, um dos maiores centros de tortura da ditadura civil-militar. Viveu 60 anos a mais do que meu tio, Luiz Eduardo da Rocha Merlino (foto), a quem ele impediu de seguir sua vida ao comandar as intermináveis sessões de tortura que o levaram à morte, em 19 de julho de 1971. Ustra morreu de “morte morrida” e não de “morte matada”, como suas vítimas.
Dia triste para todos familiares de mortos e desaparecidos sob suas ordens. E para os que sobreviveram às torturas. Porque Ustra morreu num hospital. Deveria ter morrido na prisão. Dia triste porque morreu sem ser julgado e preso.
Durante décadas, familiares de mortos e desaparecidos lutaram por justiça. Apenas em 2008 foi declarado torturador pela justiça paulista em ação movida pela família Teles. Em 2012, foi condenado, em primeira instância, a pagar uma indenização à minha família, em ação por danos morais. No país em que torturador da ditadura não é punido, foi o pouco que se conseguiu.
Hoje, a impunidade venceu a justiça.
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