Por Marcelo Carvalho
Chafurdada num grande lodaçal de dívidas, desemprego e recessão, a Grécia curvou-se nesse último domingo ao canto da esquerda europeia, que renasce no país berço da filosofia ocidental, que engendrou nomes do quilate de Platão, Sócrates, Aristóteles, Heráclito etc.
Temia a troika – Comissão Europeia, Banco Central Europeu e FMI – pelo pior: a escalada do movimento de esquerda nesse país, cujas implementações entrechocam-se com a ânsia de soerguer um sistema bancário instado à bancarrota, corolário de equívocos fiscal, econômico, geográfico e planejamento, redundando num arremedo de Confederação.
Erige-se concomitantemente um sucedâneo de dama de ferro, a alemã Ângela Merkel como arauto de um pacote de austeridade cujas consequências nefastas amarga o povo europeu, com grandes abalos aqui e ali.
Experiencia o Velho Mundo situações as quais não se imaginara como altos índices de desemprego, perda de autonomia governamental, dada a condição de subserviência a entidades econômicas externas, e o mais grave, que eleva a dor ao seu paroxismo: a recessão em níveis belicosos, como se estivesse a Europa imiscuída numa guerra sem fim.
Com tais acontecimentos, a direita girondina hipertrofia suas forças e reserva aos cidadãos daquele continente uma ideologia calcada no chauvinismo, na xenofobia – observemos os recorrentes casos de intolerância de todas as matizes na França -, nos pacotes de austeridade desconexos do concreto e uma crise cujo fim se distancia à medida que se implementam ações obnubiladas pelo erro de metodologia.
Com a vitória do Syriza, arregimentando 149 das 300 cadeiras do Parlamento grego é muito provável que o jovem político Alexis Tsipras negocie um governo de coalizão com as demais siglas, de modo que a sua principal promessa de campanha, o pacote antiausteridade, amenize a crise grega e jogue luzes numa esquerda europeia que se observa num contexto bastante favorável de atuação política.
Na esteira desses acontecimentos – o movimento Podemos ousa lograr êxito na Espanha - é impossível não se nos remetermos à exortação marxista posta em O Manifesto do Partido Comunista: “um espectro ronda a Europa, o espectro do Comunismo”. Malgrado alguns analistas da inteligenttsia direitista neguem, há um soerguimento da esquerda jacobina europeia que tende a grassar por outras plagas, até mesmo no paraíso da contra-revolução, a América Latina.
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